Luanda - No seminário sobre ocupação ilegal de terrenos, realizada há dias pela Casa Civil da Presidência da República trouxe lições para a “democracia governativa e participativa”, mormente com a intervenção “infeliz” do camarada Isaac dos Anjos, que na ocasião questionara aos arquitectos do evento a metodologia usada para selecção dos convidados. E, fala-se que abandonara o local antes do seu término “furioso.”

Fonte: Club-k.net

Estas situações desembocaram num alarido com ralhetes públicos, tendo o “agressor” vindo posteriormente fazer um “pedido de desculpas sincero” aos lesados.
É ética e moralmente correcto o pedido veloz de desculpas do camarada Isaac dos Anjos, é sinónimo que também falha. Politicamente, pode ser muito questionável e com interpretações comprometedoras.

Os seminários e não só são locais e momentos próprios para qualquer questionamento, desde que haja respeito, camaradagem, linguagem coerente e educativa. Expor opiniões no cumprimento dos limites da liberdade de expressão, é tão natural para o fortalecimento da democracia que ainda não entendemos bem o ruido surgido.

Se a moda de não indagar metodologias se enraizar pode ser perigo para o futuro, pois, que, muitos morrerão de medo para falar. E, pode significar que nos encontros do poder político há duas armas salvadoras: o silêncio e bajulação.

Perguntar simplesmente é problema? Não nos parecer ser.

É possível que houvesse uma pré-forma da actividade e o normal é que as peças deveriam encaixar o formato original e não ao contrário. E mais, para o regime é muito importante combater peças que se opõem para que os outros não sigam o “mau exemplo do interrogatório”. E perturbem futuros encontros sob orientação superior.

Pois, começam a surgir correntes insatisfeitas na governação e no partido. Porquanto, é urgente banir esses focos. Por outro lado, esses encontros por ordem superior podem dar entender que os participantes vão às escuras, ou são apanhados distraídos ou então a regra geral é nada de criticar para dentro. Por isso, é muito fácil entender o pedido de desculpas do camarada Isaac dos Anjos.

Foi obrigado ou não a pedir desculpas públicas? A história se encarregará de nos dizer um dia.

O camarada Isaac tem disparado em todas as direcções e a imprensa é a testemunha-chave. Os seus discursos locais não obstante serem manuais de governação participativa, às vezes os seus excessos “irritam “alguns. Então, se a lógica fosse de “pedidos de desculpas”, teríamos aos milhares! Ou o homem só é falível quando fala contra Luanda? Será que por cá nunca excedeu?

Se o camarada Isaac não pedisse desculpas? E justificasse que exerceu o seu direito?

O grande problema da governação é ter-se laços frágeis que com rupturas bruscas significam isolamentos, pobreza, bloqueio e ninguém está disponível para sofrer assim.
Outra situação triste é o seu suposto “abandono de lugar no seminário”, o que a ser verdade não deve ser imitado, sobretudo para quem conhece bem os meandros da política doméstica.
Domingos Chipilica Eduardo