Luanda - O comissário da polícia Nacional Dias do Nascimento Fernando Costa refutou em tribunal, na passada quinta-feira (4) que tenha baixado ordens para a execução do activista Alvés Kamulingue, morto pelas forças de segurança (Polícia Nacional e SINSE), a 27 de Maio de 2012.
Fonte: Club-k.net
Dias do Nascimento que a data dos factos (das mortes de Alves Kamulingue e Isaías Kassule), estava como comandante em exercício da PN em Luanda, está arrolado no processo como declarante uma vez que foi ele a quem o SINSE recorreu para disponibilizar os agentes da polícia que assassinaram o malogrado activista.
Durante a audição que começou às 14 e terminou as 21 horas, o comissário Dias do Nascimento revelou que neste dia ordenou as forças policias caracterizadas (Polícias normais) e as descaracterizadas (oficiais da DPIC) a deslocarem-se ao “terreno”, em função de uma comunicação do então delegado do SINSE de Luanda, António Gamboa Vieira Lopes.
Disse ainda que após ter disponibilizados os oficiais recebeu retorno (relatórios dos resultados da operação) dos agentes da ordem pública mas não dos operativos da DPIC – Direção Provincial de Investigação Criminal de Luanda.
Porém, ao ser questionado em Tribunal se era normal o Serviço de Inteligência e Segurança de Estado (SINSE), mandar na Policia Nacional, o declarante Dias do Nascimento respondeu que não explicando que ambas as instituições têm comandos diferentes.
O agora nomeado comandante da PN na província do Moxico, esclareceu que mesmo sendo as supostas “ordens superiores” que muito se propala, o polícia tem por obrigação avaliar primeiro a ordem e cumpri-la de seguida. Segundo o mesmo, aquelas ordens que ferem ou que sejam susceptíveis de irregularidade devem ser rejeitadas, recorrendo em caso de insistência do “chefe”, aos regulamentos policias que assim estabelece.
De realçar que na véspera do anuncio da manifestação encabeçada por Alves Kamulingue e Isaías Cassule, o SINSE , o então delegado do SINSE, Vieira Lopes, ao corrente da informação, tratou de a repassar para o comandante provincial em exercício Dias do Nascimento, solicitando que o activistas Alvés Kamulingue em causa fosse capturado e entregue às autoridades competentes.
Kamulingue foi por sua vez levado por agentes da investigação criminal da Maianga para a zona do KM 23, onde seria executado por dois disparos efectuados pelo Francisco Pimentel “Kiko” ladeado por Manuel Miranda, o então Chefe de Departamento da Investigação na ingombota.