Luanda - O Padre da Igreja Católica,  Jacinto Wacussanga “Pio” revela-se horrorizado com a onda de violência policial estatal contra pessoas indefesas, parra além das questões de abuso do poder. O Sacerdote angolano que reagiu esta semana,  se refere concretamente o acto de tortura com que a jovem Laurinda Gouveia desencadeado por oficiais da corporação onde se destaca o comandante da Maianga Francisco Noticias, notabilizado por protagonizar actos de agressão contra a população.

 Fonte: Club-k.net

De acordo com o Jacinto Wacussanga “Pio”  “Na qualidade de membro do Grupo de Trabalho de Monitoria dos Direitos Humanos em Angola, juntei-me, em Luanda, aos colegas e parceiros para uma Mesa Redonda que visasse comemorar os 66 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.”

“Em primeiro lugar, saí ainda mais apreensivo do encontro, pois na realidade, a situação dos direitos humanos, se melhorou, os indicadores são de dimensão quase microscópica; Em segundo, fiquei horrorizado com o nível da chamada violência estatal contra pessoas indefesas, parra além das questões de abuso do poder”, disse.

“Quando a Laurinda Gouveia descreveu, na sua voz calma e cheia de candura o que aconteceu com ela, é simplesmente inacreditável. Pensei que houvesse mais humanidade no seio da polícia, dado que a maior parte da geração que por lá está, é jovem e acreditava eu, informada.”

“Mas muitos, cumprindo com esse impulso de se imporem pela violência. Também, o modo desumano como ela foi espancada e achincalhada, é pelo facto de ela ser mulher.”


“Muitos homens, quando desejam vazar sua raiva contra as mulheres, recorrem aos mesmos métodos: bater nas nádegas até deixar nódoas, pois só assim, acreditam eles, a mulher aprende a lição. Segundo, as marcas são o indicador da violência "patriarcal", onde a mulher parece ser mero objecto de um homem extremamente cioso e ciumento, intemperado e destemperado, que coisifica a relação com ela como de submissão.”

“Um dos factos que eu levantei com veemência é o de ser urgente encararmos a violência como perigo para a nossa própria paz, estabilidade e futuro, termos programas e abordagens dessa violência.”

“Mas ao contrário de alguns analistas incautos que tentam desresponsabilizar ou diminuir o papel do Estado nessa violência, ela é mesmo usada, manipulada e bem gerida pelos agentes do próprio Estado. Não vale a pena abordar o assunto a partir da sociedade, ou seja, olhando para os efeitos. Impoe-se tratar da saúde do Estado, pois o mesmo está gravemente enfermo quanto a este aspecto!”, concluiu.