Lisboa - Futebolista português do Real Madrid voltou a ser considerado o melhor do mundo e, com três triunfos, junta-se a um clube exclusivo, em que só cabem outros quatro nomes: Messi, Cruyff, Platini e Van Basten.

Fonte: Público
CR.jpg - 94.66 KBNão é fácil ganhar a Bola de Ouro FIFA, mas Cristiano Ronaldo está a fazê-lo de forma consistente. Pela terceira ocasião em sete anos, e segunda de forma consecutiva, o português foi considerado o melhor futebolista do mundo.

O terceiro triunfo, este relativo a 2014, junta-o aos quatro homens que antes dele foram capazes de receber o prémio mais do que duas vezes. O avançado do Real Madrid repetiu o feito do francês Michel Platini e dos holandeses Johan Cruyff e Marco van Basten. E igualar o recordista Lionel Messi é um objectivo declarado para 2015. “Nunca pensei ganhar três vezes esta ‘bolinha’, mas espero não parar por aqui, espero apanhar o Messi já para a próxima época”, disse no palco da cerimónia em Zurique, Suíça.

O Campeonato do Mundo acabou por não definir a eleição do melhor jogador do planeta. O capitão, tal como a selecção, passou sem influência pelo Brasil, mas não lhe faltaram pontos altos no resto do ano, o quarto consecutivo em que passou a fasquia dos 60 golos (concretamente, 61 em 60 jogos). Ao contrário do que aconteceu há um ano, não lhe faltam títulos para justificar o triunfo para o qual partiu como favorito. Ganhou a Liga dos Campeões, o Mundial de Clubes, a Supertaça Europeia e a Taça do Rei. Individualmente, foi eleito melhor jogador da UEFA e da Liga Espanhola, do qual se sagrou melhor marcador, e ainda conquistou a Bota de Ouro, a terceira da carreira.

O madeirense reuniu 37,66% de todos os votos numa eleição a cargo dos capitães e seleccionadores nacionais e de um grupo de jornalistas, ganhando por uma margem bem mais acentuada do que na edição anterior. Messi (15,76%), autor de 58 golos em 66 jogos e considerado o melhor jogador do Mundial, mas sem nenhum título por Barcelona ou Argentina, ficou em segundo, tal como em 2013. Desde 2008, apenas o português e o argentino, que foi o melhor quatro vezes seguidas, conseguiram arrecadar o prémio de melhor do mundo.

A dobradinha do Bayern Munique e, especialmente, o título mundial da Alemanha, fizeram entrar Manuel Neuer nos três finalistas, mas teve de se contentar com o 3.º lugar (15,72%), a melhor classificação de um guarda-redes desde que o italiano Gianluigi Buffon, também em ano de vitória no Mundial, terminou como “vice”.

Olhando para a lista de vencedores anteriores, marcadamente dominada por avançados ou médios-ofensivos, percebia-se que o alemão corria por fora, pois o soviético Lev Yashin, o lendário “Aranha Negra”, foi o único guarda-redes a ser votado o melhor do mundo, em 1963. Em 2014, Neuer sofreu 40 golos em 62 jogos, conseguindo manter a folha limpa em mais de metade deles (32). O titular do campeão mundial não foi o único jogador do Bayern num lugar de destaque. As três posições seguintes também foram ocupadas por elementos do clube, Arjen Robben (7,17%), Thomas Müller (5,42%) e Philipp Lahm (2,90%).

Mas o dia pertenceu a Cristiano Ronaldo, que a menos de um mês de completar 30 anos engrandeceu ainda mais a sua marca no futebol. Eusébio foi o primeiro português a ganhar a eleição, em 1965, Figo imitou-o em 2000, mas é difícil imaginar quando outro compatriota poderá igualar o madeirense, proprietário de três das cinco Bolas de Ouro arrebatadas por Portugal. “Na primeira vez que fui convidado para esta cerimónia, nunca pensei que isto se repetisse tantas vezes. Estava confiante por causa do ano que tive, mas Messi e Neuer também mereciam”, referiu. Tal como Eusébio, tem oito presenças nos dez melhores do ano. Além das vitórias em 2008, 2013 e 2014 no galardão criado pela revista France Football em 1956, foi segundo em 2007, atrás de Kaká, e em 2009, 2011 e 2012, superado por Messi. Nas últimas oito edições, só em 2010 deslizou para abaixo do “top-2”, acabando em 6.º.

“Foi um ano inesquecível para mim, a título colectivo e pessoal. Como devem calcular, ganhar um troféu desta dimensão é único. Estou muito feliz, isto vai-me dar motivação para continuar a trabalhar da mesma forma que tenho feito até agora e para tentar ganhar mais títulos colectivos e individuais. Como disse muitas vezes, quero entrar na história do futebol”, afirmou o jogador — que desta vez não chorou — num discurso, na língua materna, em que agradeceu à família, ao Real Madrid, à selecção nacional e aos portugueses. Para trás, ficaram Alfredo Di Stéfano, Franz Beckenbauer, Kevin Keegan, Karl-Heinz Rummenigge e o brasileiro Ronaldo, cada um com duas Bolas de Ouro no currículo.

No final da Gala da FIFA, Messi referiu que o prémio foi bem atribuído. “Cristiano mereceu o troféu. Teve um ano impressionante, com vários títulos”. Com as regras iniciais, o galardão estaria fora do alcance da estrela argentina. Desde a criação, a Bola de Ouro esteve destinada apenas a jogadores europeus. Depois, foi aberta a qualquer futebolista de clubes europeus e só em 2007 deixou de ter qualquer limitação.

Em 2010, o troféu fundiu-se com o de Jogador do Ano da FIFA, que existia desde 1991. Além de Eusébio, Figo e Ronaldo, outros dois portugueses conseguiram um lugar no pódio: Futre, em 1987, e Deco, em 2004, só foram superados por Ruud Gullit e Andriy Shevchenko, respectivamente.