Paris - Começa ser recorrente a questão do porquê que morrendo 10 brancos o mundo todo se movimenta. Quando morrem 100 ou 1000 pretos, etc, ninguém move uma palha!? Isto em relação à Gigantesca Marcha de Paris “Je Suis Charlie” do dia 11 de Janeiro 2015.

Fonte: Club-k.net

Para além de outros argumentos também válidos, esta atitude dos brancos justifica-se pelo facto destes países se terem transformado mesmo em verdadeiras pátrias compostas por pequenas nações que conjugam os mesmos verbos pátrios inclusos nas suas divisas e partilham diferenças, não divergências antagónicas, o que faz de cada cidadão um átomo da mesma matéria. Por exemplo, neste caso, a reacção não saiu do exterior, foi expontânea dos próprios franceses que conseguiram contagiar o mundo e atrair para a mesma causa contra os males focados, ou de modo invertido, a favor da liberdade e dos Direitos Humanos e do Cidadão. Tudo porque a França não pertence ao Partido PS ou ao Presidente Holande que governa agora. A França é uma verdadeira República em que todos são tratados da mesma maneira na proporcionalidade claro, mas tratamento segundo as leis e Ponto Final. Por exemplo, não é o caso em África, em particular Angola que parece ter dono e só os que têm emblema são considerados cidadãos/ pessoas.

Os brancos (ocidentais) valorizam cada um como cidadão independentemente do seu credo partidário, sua confissão, sua cor; toleram até mesmo preconceitos, tanto de nacionais como de estrangeiros, tudo em função da REPÚBLICA. Contrariamente, os pretos (sobretudo em países ditatotiais onde reina a intolerância) não se valorizam, ou seja, pautamos ainda pela discriminação. Quando se cometem excessos, quando se espancam pessoas, matam, roubam os dinheiros dos cofres do Estado, tudo é julgado em função a cor partidária, não em função a REPÚBLICA. Por exemplo, em Angola, o “Estatuto de Cidadão de Pleno Direito” ainda está para ver a Luz do Dia. É evidente que o individuo do MPLA é considerado e tratado pelas autoridades de maneira especial; é verdade que as mensagens sobre as brutalidades, as mortes, desaparecimentos de cidadãos pelas Forças da Lei e Ordem que deveriam ser verdadeiramente Republicanas, são recebidas de diferentes maneiras no Norte, no Sul, em Luanda ou Bié, por um militante do MPLA, do PRS, da UNITA, CASA, FNLA. Em vez dos cidadãos julgarem a violência em si como sendo criminosa e contrária aos princípios de convivência paífica e harmoniosa, questionam primeiro de quem se trata e batem palmas se não for da sua tribo partidária ou gueto.

Não é o caso nos países ocidentais. Existe realmente uma Pátria composta por pequenas nações de individuos com estatutos de cidadãos que respeitam os mesmos simbolos, unidos pela mesma cultura hoje elevada à civilização que constitui o elo que transformou a corrente em nacionalismo francês, quiça europeu e em abrangência Ocidental, num pacote enciclopédico que se Resume em DEMOCRACIA, cujos apêndices são os valores universais saídos da Carta dos Direitos Humanos e dos Direitos inalienáveis dos Cidadãos, iguais em todo o mundo.

O Jornal e os jornalistas visados: CHARLIE HEBDO, satírico, muito crítico, autenticamente republicano, não era amado por uns e outros pela sua retidão crítica contra, tanto os presidentes, como os plebeus; tanto cristãos a começar pelo Papa, como outras religiões, etc. Todos eram ou são tratados com base a crítica e autocrítica, como cidadãos merecedores de Direitos e Deveres Iguais perante a Lei Magna. O que fez levantar a Pátria Francesa foi a violência aplicada e o medo do assalto aos valores morais e republicanos, comungados na sociedade francesa que foram visados.

As cerca de um milhão de pessoas que se mobilizaram desde o dia 8, portanto logo a seguir aos atentados, e antes da Grande Marcha do dia 11 quecongregou os cerca de 3 a 4 milhões em França e outros melhões pelo mundo dito civilizado e que respeita a vida humana, não são estrangeiras, são francesas a partir da França e de cada localidade e nem sequer 1/3 conhecia os jornalistase polícias assassinados. Uniram-se contra, sem se questionar quem eram e o porquê que teriam os mortos e feridos de merecer tal tratamento...

Foi a apartir desta reacção em uníssono dos franceses no interior das próprias fronteiras, sem o apelo do governo central, que o mundo se mobilizou também contra aquilo que convencionaram chamar “Barbárie”.

Esta Marcha só foi possível porque o país não está refém de ninguém. Os nossos países não só estão reféns de uma pessoa, de um grupo, como ainda não somos cidadãos como tal, estamos muito divididos e fanatizados. Para grande maioria dos africanos, quando é assasinado ou brutalizado alguém que se saiba extra comunidade, é um cão que morreu, ou um animal mal-tratado, não um concidadão.

Voltando para Angola, se quisermos seja igual aos outros, o País tem de se tornar REPÚBLICA, onde eu, você, nós, eles mereceremos tratamento igual e cada um entre nós nos considerarmos verdadeiros compatriotas/irmãos e não inimigos, como acontece agora.

Para esta Grande Marcha ‘Je Suis Charlie’, sentindo que estava em jogo a Pátria, o Presidente Holande a primeira coisa que fez foi se despir de preconceitos e vaidades, colocou de lado as pequenas questiunculas partidocratas e outras, e apesar de ser do PS, convidou imediatamente o Presidente Sarkozy do UMP e outros dirigentes para discutirem estratégias e métodos de acção, naquilo a que se chamou União Sagrada, até ao mínimo detalhe.

Nesta Marcha de Paris, os africanos se fizeram representar por uma ninharia, quando estão aqui aos montes. O governo nigeriano que sofre atentados indescritíveis do BOKO HARAM, não enviou, ao meu conhecimento, ninguém ao alto nível para fazer passar a mensagem ao mundo a partir desta tribuna. O mundo não pode ser o primeiro a se compadecer com as matanças e o sofrimento quasi perpétuo dos africanos. Quando dizem os africanos são muito comodistas e conformistas ao sofrimento e a repressão, parece-me não ser difamação atentatória. O que temos de fazer é primeiro nos valorizarmos nós mesmos, nos unirmos e contar com os esforços internos. “Ora, neste aspecto, em África e em occorrência Angola, estamos a Anos Luz de encontrar um consenso. Daí que, quando for assassinado, quem critica agora, poderá mesmo fazer a festa, porque somos africanos, e as nossas vidas, a partir de nós mesmos não tem o mesmo valor a dos outros”. Parecendo incrível, os brancos ficam mais tocados pelas mortes de africanos do que os próprios africanos! Mentira?