Luanda – Numa conversa meia animada, o autor da música “Kima Kimose”, cantada em língua kikongo, Luís Chetekela, revelou ao Club K que já foi inúmeras vezes assediado por homossexuais. “Isso é tão engraçado até porque não sou a favor da homossexualidade”, desabafou sorridentemente.

*Prudência Félix
Fonte: Club-k.net
Luis Chet.jpg - 48.98 KBAlém dos assédios, o jovem cantor, de 30 anos de idade, está neste preciso momento a concluir o ensino médio (a cursar Ciências Jurídicas e Económicas numa instituição privada) e a terminar o seu próximo trabalho discográfico intitulado "Superação".

Mas antes que o caro leitor comece a desfrutar está interessantíssima entrevista, saiba que este “muana tchokwe”, depois de imigrar para a cidade capital, foi cobrador de táxi “azul e branco”; zungou gasosa à beira da estrada (desistiu depois de tantas corridas dos fiscais); e posteriormente meteu-se na pedreira, até vencer o concurso “Estrelas ao Palco”, em 2006.

Agora, pode sim, acompanhar a entrevista.

Quem é Luís Chetekela?
O meu nome de registo é Luís Cletekela. Nasci em Cafunfu, na província da Lunda Norte, aos 02 de Agosto de 1984. Cresci no Dundo vim em Luanda definitivamente em 1994, com objectivo de poder estudar e, posteriormente, viajar para a Itália. Infelizmente acabei por ficar em Luanda até o inicio da minha carreira. Sou filho de uma comerciante e de um pastor (da Igreja Bom Deus). Mas, hoje é praticamente soba Cambueti, em Cafunfu, propriamente na aldeia de Camaxinde.

Qual é o significado do seu nome?
Chetekela quer dizer “experiência” na língua Kwanhama. Herdei do meu pai adoptivo Sudy Chetekela, um comandante das Forças Armadas Angolanas, porque meu pai biológico não teve oportunidade de registar-me.

Faça um resumo da sua infância?
Meu ensino primário começou na emissora que actualmente é uma das universidades do Dundo. Lembro-me do meu professor Kitabala. Cá, em Luanda, lembro-me dos professores Paula, João Guedes, Lino, Cristo entre outros. São vários professores que me ajudaram a construir a personalidade da pessoa que sou hoje. A minha infância também foi espelhada na realidade que se vivia no nosso país. Eu era muito confucionista como filho cassule, na altura, me inspirava muito em guerra, mas felizmente a minha família teve a missão de lapidar-me e ser hoje o jovem que sou.

De onde provém a sua veia artística?
A minha veia artística vem praticamente da família. Porque a maior parte dos membros da minha família foram coristas da igreja do Bom Deus, então eu também não fugi a regra fiz parte do coro júnior, isso lá no Dundo, e quando vim cá, em Luanda, também fiz parte do coro júnior da igreja do Bom Deus da paróquia de São Paulo e, posteriormente, evolui-me como músico profissional nos dias de hoje.

Quando subiu pela primeira vez em palco?
Profissionalmente ascendi em palco, em 2006, no concurso de canto “Estrelas ao Palco”, promovido pela emissora Luanda Antena Comercial (LAC). Mas deste período, fiz por duas vezes o casting na LAC e não fui seleccionado. Finalmente em 2006, na terceira tentativa, consegui e venci o concurso “Estrelas ao Palco”. Digo sempre que o início da minha carreira começou logo ali.

Dos espectáculos que já fez, qual foi o que mais o marcou?
De todo espectáculo que já realizei desde o início da minha carreira, o que marcou-me foi ter, recentemente, partilhado o palco com um dos grandes ícones da música africana de referência, Koffi Olomide. Fui um dos músicos que actuou com a banda e consegui defender o nome do meu país e dignificar a oportunidade que me foi dada.

Conte-nos uma situação caricata com que se tenha deparado?
Uma das cenas que achei muita graça foi quando lancei a música “Kima Kimosi”, cantada na língua kikongo, fui cantar a um casamento na província do Uíge a convite do pai do noivo, e o pai da noiva pediu-me que fosse no meio do salão e fez-me muitas perguntas em kikongo e eu respondi “papá eu não falo kikongo apenas cantei”.
Infelizmente deixei o senhor triste porque ele achou que eu fosse do Uíge eu disse não se preocupe porque sou de Angola e ser de Angola é praticamente ser de todas as culturas.

Quais são as tuas metas?
Até que eu leve o nome de Angola a nível internacional, em particular elevar a minha cultura Lunda Tchokwe.

O que tem em carteira?
Depois do meu primeiro disco “Bit”, agora estou a trabalhar num novo projecto discográfico cujo título é “Superação” que já esta quase a caminho. Neste momento estou a finalizar tecnicamente as últimas músicas.

Como caracteriza a música em Angola?
Evolutiva e mais exigente porque agora consome-se música com muita qualidade. Evoluímos bastante e tenho a certeza que a música angolana poderá crescer mais ainda. Ao contrário dos anos anteriores, hoje consome-se muito a música angolana.

Que comparação faz de ti antes e actualmente. Houve evolução?
Houve uma grande evolução dentre as quais hoje sinto pena da minha privacidade que já se foi embora. Tenho mais cuidado com a minha imagem, procuro sempre caminhar pelo lado bom para que todos aqueles que me vejam possam se espelhar naquilo que eu faço.

Luis Chet 1.jpg - 51.72 KBSente-se um homem abençoado?
Sim. Sou abençoado e não me submeto a condições que muitos se submetem para alcançar o sucesso. Procuro conquistar meu espaço de forma humilde, responsável e com muito trabalho.

Deixe um conselho a quem quer singrar no mundo da música?
Que sejam talentosos que saibam coadunar o talento e o trabalho e que sejam humilde que não se cansem que vão sempre a luta para poder alcançar os seus objectivos e que tenham a crença em primeiro lugar em Deus que não se cansem e não parem de fazer o que gostam, no princípio é muito difícil mas depois de conquistar o respeito tudo vem ao nosso encontro.

Quem veste Chetekela?
(Risos). Não tenho um estilista indicado. Eu compro apenas o que me fica bem, não sou muito burocrático quanto a isso.  

Temos a informação que Chetekela namorou com um gay?
(Risos) Isso é tão engraçado. Não sou preconceituoso, mas também não sou a favor da homossexualidade, mas apenas respeito os homossexuais acho que cada um quando toma uma decisão tem consciência do que faz, até porque são pessoas adultas. Sou muito assediado por homossexuais nunca namorei com nenhum deles porque tenho um relacionamento saudável. Amo a minha mulher e não a trocaria por alguém do mesmo sexo.

Alguma vez viveu uma experiencia de assédio?
Sim. Várias vezes. Uma vez estava eu no quarto de hotel e entrou repentinamente uma jovem completamente nua. Foi uma tentação que não pude corresponder porque sou fiel a minha mulher.

Visto que estamos no mês da mulher. Que mensagem deixa as mulheres angolanas, em particular, que tem vindo a contribuir para o desenvolvimento do país?
Que continuem a lutar para o crescimento de Angola. Vocês são o ventre abençoado que gerou a humanidade. Todo dia é o vosso dia. E espero que os homens saibam dialogar em situações de discórdia e que saibam oferecer amor e carinho.

O que faz actualmente?
Cuido a família quando estou em Luanda porque minha vida artística e muito apertada. Faço viagens de trabalho. Sou estudante de ensino médio (a cursar Ciências Jurídicas e Económicas) e tenho fé que vou conseguir concluir e entrar para a faculdade para estudar Relações Internacionais.