Luanda - O jornal “Financial Times” tem grande prestígio entre os seguidores do neoliberalismo reinante e como acontece com todos os grandes Media mundiais, vive há custa das vendas de espaço.

Fonte: Jornal de Angola

O jornalismo está neste estado e compete aos jornalistas acabar com as agendas ocultas, os pagamentos por baixo da mesa e as redacções únicas.

Angola já foi mais vítima deste jornalismo de leprosos morais. Hoje, os titulares dos órgãos de soberania ainda sofrem alguns golpes baixos, mas nada do que acontecia quando a droga, o marfim e os diamantes roubados corriam da Jamba para os bolsos de jornalistas avençados, políticos venais e elites corruptas, com acampamento em Lisboa.

João Soares continua a gritar na SIC que o poder em Angola “é uma ladroagem” mas já ninguém o leva a sério. Rafael Marques também já não engana ninguém. Mas os que querem submeter Angola não desistem e agora lançam no palco novos artistas. O último chama-se Ricardo Soares de Oliveira, apresentado como um grande doutor em política africana, com tenda montada na Universidade de Oxford. A Europa está mesmo falida.

D. Francisco Manuel de Melo escreveu um guia para casados mas morreu solteiro e casto..Era um celibatário empedernido, que nenhuma dama conseguiu levar ao altar.

 Este doutor de Oxford escreveu um livro sobre Angola, mas tudo o que sabe do nosso país é de ouvido. Basta ler excertos citados no “Financial Times” para percebermos quem sopra as investigações ao especialista.

Escreve o “Financial Times”, citando o epígono de João Soares: “em Angola a clique dirigente consiste largamente numas, poucas, famílias de raça mista da capital, Luanda”. Lembram-se quando Savimbi falava dos “Crioulos”? Eis o gato escondido com rabo de fora.

O “Financial Times” fala em “magnatas angolanos” que nos restaurantes de Lisboa “dão gorjetas de 500 euros” ou de “oligarcas angolanos que habitam a economia do luxo global das escolas públicas britânicas”.

O doutor fez uma “investigação” sobre a acumulação de capital em Angola.

Tudo de ouvido. Como é professor em Oxford pode começar a investigar a acumulação de capital em Inglaterra. Vai chegar aos piratas das Caraíbas, que saquearam mil vezes as colónias espanholas e depois, atolados em dinheiro, compraram títulos ao rei de Inglaterra e assim entraram na nobreza. Também pode investigar como foi feita a acumulação de capital em Portugal. Sugiro-lhe três ricaços: Américo Amorim, Belmiro de Azevedo e Alexandre Soares dos Santos.

Sobre os ricos angolanos pode ter uma certeza: na origem, nunca foram piratas nem ladrões. Alguns passaram anos nos campos de concentração do regime do regime colonialista e nazi de Lisboa: Missombo, Tarrafal e Bentiaba (São Nicolau). Outros entraram na luta armada muito jovens, como revolucionários.

E de armas na mão conquistaram a Independência.  Enfrentaram um bloqueio não declarado, desde o dia 11 de Novembro de 1975. Os patrões do doutor, do Finantial Times e de outros vendedores de espaço mediático, um dia apontaram um canhão sem recuo à cabeça dos revolucionários angolanos e intimaram:

- Ou aderem ao capitalismo ou disparamos!

Aderiram. Alguns ficaram ricos, seguindo à risca os princípios e os ensinamentos do capitalismo. São poucos, mas bons. De resto esse é o problema do sistema: os ricos são umas dezenas e os pobres, milhares de milhões. Não há solução para o sistema, mas enquanto dura, vida doçura. O doutor que acaba de publicar o livro sobre Angola foi entrevistado em Portugal por um jornal “online” chamado “Observador”. Li a entrevista e fiquei desiludido. Diz uns lugares comuns, já reditos pela canalha savimbista até à náusea.

Aqui o importante é o jornal. Os investidores são cavaquistas. O mais sonante é Alexandre Relvas, grande figura do PSD, presidente do Instituto Sá Carneiro e director da campanha eleitoral de Cavaco Silva à Presidência, em 2006. Todos os outros investidores são próximos do Presidente Cavaco e apoiantes incondicionais das políticas de austeridade e da coligação PSD-CDS.

O director a fingir é David Dinis, que antes estava no “Sol”, o “jornal” dos angolanos. O verdadeiro é José Manuel Fernandes, antigo director do “Público” e savimbista confesso. Bate aos pontos João Soares. Mas Fernandes é também um factótum de Belém, proximidade e fidelidade que lhe custou a saída da direcção do jornal de Belmiro de Azevedo.

Isto afinal anda tudo ligado e os cleptocratas do Ocidente nunca mais se limitam a comer e calar. A droga, diamantes e marfim da Jamba ainda hoje fazem milagres!