Luanda - Não precisamos de ser peritos em ciências de saúde para sabermos que um bom descanso de noite é crucial para um dia saudável e para uma boa disposição. Alguns especialistas recomendam que devemos dormir pelo menos sete horas por noite. Bem, deparei-me com um texto do Centers for Disease Control and Prevention do governo americano falando sobre “os Benefícios de uma boa noite de sono”. Achei as dicas interessantes e resolvi fazer uma tradução rápida para partilhá-la como amigos e através dele escrevi estas linhas de reflexão sobre a nossa realidade.

Fonte: Club-k.net

Segundo o estudo, quando não se descansa o suficiente durante a noite o tempo de reação e estimulo do corpo é muito lento e a resolução de problemas é deficitária. Isto fez-me compreender um dos factores que concorrem para a inificiência da prestação de serviços em Luanda, em particular. As pessoas vão muito tarde à cama e levantam-se de madrugada. O congestionamento de viaturas na cidade faz com que as pessoas tenham que madrugar-se sob pena de atrasarem-se para o serviço. Apesar de muitos chegarem cedo aos seus locais de trabalho, não são ineficientes porque passam o dia irritados e aborrecidos.   Não produzimos de forma eficiente e o processo de tomada de decisões é deficitário porque as mentes não têm tempo suficiente de regeneração. O problema mas grave, a longo prazo, está associado a problemas cardiácos e hipertensão. Não é de admirar que nos últimos tempos temos visto o aumento de problemas de acidentes vasculares celebrais (avc). O problema que devemos colocar é, qual tem sido a reacção do governo para aumentar a qualidade de vida dos angolanos?

 

Nos últimos 10 anos temos visto a construção ou reabilitação de muitos kilometros de estradas em Luanda com o objectivo de melhorar a mobilidade na cidade. Porém, a realidade é que muitas das estradas intervencionadas e onde se gastou muitos milhões de dólares não têm a qualidade que se poderia esperar. As estradas terciárias continuam por se mexer e os engarrafamentos continuam como nos velhos tempos.  Se não houver seriedade na fiscalização e responsabilização das pessoas e empresas sobre a qualidade das obras, iremos continuar a ver o declinio da qualidade de vida dos angolanos. Da forma como estão as coisas neste momento, vai ser muito dificil para Angola ser um país eficiente e com espirito desenvolvimentalista. Não é possível produzir-se conhecimentos e promover-se habilidades com uma força de trabalho cansada e com uma mente não sossegada.

 

Por isso, o governo não fará qualquer favor ao povo em reabilitar as estradas terciárias e garantir que as obras das estradas sejam de qualidade. Deve haver maior proactividade no processo de “tapa buracos”. Não se compreende como é possível, aqui onde funciona o governo central vermos estradas no centro da cidade e na periferia a estragarem-se de forma acentuada perante o olhar impávido dos responsáveis do poder executivo! Será que esses responsáveis usam aviões para andarem pela cidade que não se envergonham da ineficência dos serviços públicos? O país gasta balúrdios de dinheiro em estradas que não duram e como poderemos ter uma população saudável? Falei das estradas em Luanda, como poderia ter falado das estradas nacionais que também estão num estágio de degradação muito acentuado. É fácil culparem-se os motoristas pelos acidentes que vemos nas estradas nacionais e que muitas vidas têm ceifado, mas pouco se fala que uma das causas destes acidentes têm sido os buracos e lombas que nascem ao longo destas estradas que, muitas delas nem dois anos têm. A qualidade das obras deixam muito a desejar.

 

Se o governo não mudar a sua forma de fazer as coisas, corremos o risco de continuarmos a ser pobres e com uma saúde débil. Porque há uma relação de causa e efeito entre a pobreza e a saúde.