Luanda - Nos últimos dias, face à crise da quebra do preço do petróleo a nível internacional, muito se tem falado sobre a necessidade premente da diversificação da economia nacional. O sermão nos espaços públicos e nos Órgãos de comunicação social quer públicos como privados, não tem sido senão o da abordagem da temática da diversificação.

Fonte: Club-k.net

Anote-se que as referidas abordagens focam-se mais em métodos de como diversificar a economia, ou seja, de como tecnicamente se pode diversificar a economia ou invés de procurar explicar os factores que impedem a materialização da diversificação econômica em Angola. Equações, leis, teoremas são empregues  no sentido de encontrar uma base explicativa do fenômeno em questão. É para nós um exercício autêntico de" ensinar o pai nosso ao vigário," ou como diriam os Portugueses, "tenhamos a pata, então falaremos da salsa," pois, qualquer pessoa formada em economia ou áreas afins com maior ou menor dificuldade consegue diagnosticar as soluções da diversificação econômica. Aliás como já dissemos, este assunto veio na berra com a crise do petróleo, vistas as coisas, numa perspectiva de maximizar as receitas públicas fazendo  face às despesas supérfluas do estado e não como mecanismo de aumento da riqueza, repartição dos rendimentos necessários ao desenvolvimento econômico. Dito de outro modo, a diversificação econômica não é encarada na perspectiva de um instrumento necessário para o desenvolvimento econômico, mas sim como instrumento de incremento das receitas públicas. De longe pretendemos negar aqui a importância de tais técnicas, na medida em que ajudam ampliar o mercado através da maior oferta dos produtos e aumentam a competitividade entre empresas, munindo-as de conhecimentos científicos necessários à sua sobrevivência. Haja em vista recordar que dados do Governo em 2013 apontavam que apenas três em cada cem empresas criadas em Angola está a funcionar um ano depois da sua criação.

 Por isso, se quisermos encarar a diversificação econômica como instrumento necessário para o desenvolvimento econômico, a nossa análise devera centrar-se em detectar os factores que impedem materializar tal projecto de diversificação.

Assim, a corrupção, seguida  pelos factores de âmbito ideológicos, são para nós dois factores essenciais que impedem a materialização da diversificação da economia Angolana.

              É do conhecimento de todos que Angola tem sido cotado como um dos Países mais corruptos do mundo por várias instituições que se dedicam ao estudo desse fenômeno, causando a drenagem de verbas destinadas à saúde, à educação e aos serviços públicos para esfera privada o que acarreta custos econômicos e sociais incalculáveis sobre o País. A institucionalização da corrupção faz com que todas as iniciativas que têm surgido nomeadamente de incentivos fiscais, financeiros e até burocráticos para as micro, pequenas e médias empresas se tornem num verdadeiro fiasco. Aliás com os níveis actuais da corrupção e da impunidade generalizada, torna-se difícil encontrar na nossa sociedade uma instituição e uma personalidade pública com credibilidade e autonomia para levar acabo a concretização de políticas que tenham impacto directo sobre as pessoas e empresas. Sou de alvitre  de que enquanto não se assumir publicamente e de forma séria o combate o corrupção, enquanto não se gizar um Plano Nacional de Combate à Corrupção, todas iniciativas serão quase inúteis e improdutivas. Quase todos projectos em Angola, incluindo aqueles que aparentam ser  benéficos à população têm tempero á corrupção.

            Um outro estorvo da diversificação da economia é sem sombra de dúvidas de âmbito ideológico, ligado ao reconhecimento e valorização do princípio da livre iniciativa privada. Ainda continuamos a ter uma economia organizada tendencialmente na base do dirigismo, de ser o estado o único agente econômico capaz de fazer crescer a riqueza, ou seja, estamos a ser governados por pessoas com mentalidade do período do mercantilismo, em que não se reconhecia a iniciativa privada como sendo uma das formas mais eficazes  de assegurar o acréscimo da riqueza e sua distribuição. Falta o reconhecimento da liberdade econômica como a condição essencial da prosperidade dos povos. Quando tal não sucede, ficamos com micros, pequenas e médias empresas fragilizadas e por consequência uma economia débil, que cai aos pequenos vendavais, pois, é dessas que assentam as grandes economias.

           Em suma é sobre esses empecilhos que precisamos trabalhar se quisermos uma diversificação econômica que vise prosperar a economia.