Luanda - Os trabalhadores acusam a responsável de, entre outras coisas, admitir novos trabalhadores e deixar sem trabalho mais de quarenta efectivos do ministério. Apesar das alterações terem sido introduzidas há algum tempo, o copo transbordou no passado dia 3 de Março quando técnicos da área de licenciamentos foram informados que iriam ser transferidos para outras áreas.

Fonte: NJ
"Tivemos uma reunião no dia 3 onde fomos informados que alguns funcionários foram transferidos para determinadas áreas no âmbito de uma movimentação interna dos quadros", disse a nossa fonte que até aí não vê qualquer problema.

O problema surge quando estes funcionários são informados que nas novas áreas não há lugares para eles, porque, segundo dizem, ainda não estão criadas condições para a sua integração. Como resultado, os trabalhadores estão em casa ou apenas vão para o ministério marcar presença e assinar o livro de ponto.

"Trabalhávamos na área dos licenciamentos e fomos para outras áreas que não têm lugar nem nada. A justificação é que ainda estão a criar condições para a nossa colocação. Somos mais de quarenta trabalhadores nesta situação e neste momento estamos em casa. Há outros que vão apenas assinar o ponto", disse o nosso interlocutor

É esta falta de trabalho que os funcionários não entendem porque, ao que dizem, não houve concurso público para a admissão de novos técnicos.

"Não temos conhecimento de nenhum concurso público para admissão de novos trabalhadores. O governo congelou a entrada de novos funcionários públicos devido à situação financeira do país. Então, como é que possível não haver trabalho para nós? Será que é normal mais de quarenta trabalhadores não fazerem nada e receberem os salários como está a acontecer?, questionam os trabalhadores.

Há mesmo quem vai mais longe e acuse a ministra do comércio de colocar funcionários de acordo com os seus interesses. "Na nossa área de importação e exportação as pessoas que entraram vieram de fora. Ninguém dos que lá estão agora são quadros da casa. Todos foram colocados pela ministra sem qualquer concurso público, disse um dos trabalhadores sem ocupação actual".

Segundo os trabalhadores, como consequência destas movimentações, o trabalho foi afectado e dão como exemplo a enchente verificada na zona dos licenciamentos de importação e exportação de mercadoria. "É só ver o número de pessoas que ficam à espera dos licenciamentos. Antes isto não era assim. As coisas eram feitas mais rapidamente", concluiu um dos nossos interlocutores. Ideia partilhada pelo despachante Miguel João que reconhece maior lentidão no processo de licenciamento das facturas. "Realmente as coisas estão mais demoradas. Mas não sei qual é o motivo", disse o despachante.

Apesar dos esforços, não nos foi possível ouvir a posição oficial do Ministério do Comércio. Das vezes que lá nos deslocámos, a justificação foi de que tínhamos de fazer uma solicitação por escrito. Noutras ocasiões, a justificação era que não havia ninguém disponível para nos atender.