Luanda - Neste domingo, como no funje de Domingo resolvi escrever esta carta. É falando que nos entendemos.O meu amigo João Pinto Manuel Francisco o cidadão João Pinto, também deputado, faz a gentileza de uma vez mais dar a sua opinião num post que fiz sobre a Namíbia. E felicito-o pela sua acutilância nas redes sociais e por não se coibir de dar a sua opinião. É bom. Assim podemos estabelecer pontes e pelo menos a nosso nível, realizar os debates de que tanto a nação precisa.

Fonte: Facebook

"Olhemos para a realidade e quando falamos não estamos a descaminhar a juventude"

A questão é que o cidadão João Pinto tem uma visao da nossa vida excessivamente partidarizada e passa quase sempre a ideia de que tudo está bem e quando não está é uma consequência da guerra. Temos de evoluir no discurso e na acçao e é exactamente aqui que reside a nossa grande discordância.

Ou seja não discutimos nem os feitos históricos, nem as consequências da guerra. Queremos olhar para o presente e melhorar a imagem da nossa propria capacidade de gestao dos problemas nacionais. Queremos olhar para o futuro e dizer que é preciso dar oportunidade ao saber fazer. 

Não há angolanos que sabem fazer? Não podemos é andar sempre a experimentar, a ensaiar e a fazer estudos em cima dos joelho. É preciso valorizar o merito. Estamos todos a dar em loucos com esses problemas que nunca têm soluçao. Cito alguns exemplos de circunstancia: como é possível não termos uma solução para as mortes nas estradas? como é possível não termos uma solução para o transito?

Como é possível não termos capacidade para desenvolver estradas secundarias para aliviar as principais rotas? Como é possível não termos uma solução para a cronica falta de pontualidade das autoridades administrativas? Como é possível nao termos até agora soluções definitivas ou alternativas para a agua, luz e transportes públicos?

E para com tantos outros pequenos problemas que se arrastam e arrastam sem soluçao? Somos assim tão incapazes? Na verdade todos nós angolanos, independentemente da cor politica, da maior ou menor responsabilidade, estamos a ficar rotulados com esse nível de incapacidade de resolver problemas básicos. São os angolanos e não o Ismael ou João Pinto.

Amigo Joao Pinto, as pessoas riem-se de nós quando sabem que existem angolanos que têm de sair de casa às 4, 5 da manha (3h se tiver chovido da noite anterior) para ir trabalhar ou que ficamos dias sem agua ou sem luz, ou a carne é vendida num praça de rua com lixo e moscas à volta. Não pode ser normal.

Os angolanos conseguiram fazer Luanda Sul mas depois ficam presos na ponte molhada. Isso é normal? O Estado fez o Kilamba mas só tem duas entradas e às 5h da manha já engarrafamento para saída do Kilamba. É normal? Fez os zangos mas estão a tornar-se os novos musseques. É normal?

Entao meu amigo despolitize. Não me venha com o discurso politico. Falemos com realismo, como angolanos que querem bem o seu país. Pessoalmente acho que muita coisa está realmente a ser feita mas também acho que mais ainda poderia ser feita e porventura com menos custos e com menos gente a enriquecer sem qualquer mérito.

Olhemos para o futuro. Olhemos para a realidade e quando falamos aqui não estamos a descaminhar a juventude como me acusas. Queremos, isso sim que se faça uma reflexão sobre nós, angolanos, sem camisolas, olhando para o presente e para o futuro. Sinceramente, não podemos fazer melhor? diga lá meu irmão, não podemos fazer melhor?

Ps: quem quiser participar desta discussão por favor deixe as politiquices de fora. "Se o desonesto soubesse a vantagem de ser honesto, ele seria honesto ao menos por desonestidade" (Socrates - Filósofo Grego da antiguidade)

 

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