Lisboa –  A retirada do Ministério da Hotelaria e Turismo do  edifício (Palácio de Vidro) onde também acolhe os Ministérios do Comércio (MINCO) e da Família e Promoção da Mulher, em Novembro de 2014, foi acelerada por conta de episódios de crispação entre o ministro Pedro Mutindi e a sua homologa Rosa Pacavira, titular da pasta do Comércio.

 Fonte: Club-k.net

Mutindi deixou edifício onde ambos trabalhavam  

Pedro Mutindi que por razões culturais (etnia   Kwanhama) – não pode subordinar-se a uma mulher – saturou-se com a sua colega Rosa Pacavira, mudando a sede do seu ministério para um outro edifício, construído de raiz,  localizado no bairro Maculusso. Tudo por causa do uso de um elevador exclusivo para os ministros, e suas visitas, do edifício onde ambos trabalhavam.

Segundo explicações, o ministro da Hotelaria e Turismo terá sentido que a ministra do Comércio monopolizava as chaves do referido elevador deixando-o, as vezes, numa posição de submissão.

O edifício do Palácio de Vidro tem quatro elevadores na entrada principal (dois a esquerda e dois a direita). Anteriormente, o primeiro da esquerda era exclusivo para o Ministério do Comércio e o  segundo a direita para os Ministérios da Hotelaria e Turismo, e da Família e Promoção da Mulher. Os restantes eram para os funcionários e visitantes.

Logo após a nomeação de Rosa Pacavira, como ministra do Comércio, está terá, na interpretação de “insiders”, privatizado a área. Ou seja, quando a governante chega ao trabalho dirige-se directamente para uma espécie de corredor improvisado que a leva directamente a àquele elevador privado. Aliás, está escrito em letras garrafais “Reservado” . As chaves do mesmo ficam sob a responsabilidade dos seguranças.

Na área que era reservada ao ministro Pedro Mutindi, que é a da direita, quem entrava pela entrada principal tinha dois  elevadores, mas nenhum deles estava reservado. Segundo leituras pertinentes, o ministro terá se fartado de usar o elevador da ala de entrada da ministra do Comércio, por ele ser “macho” e não querer humilhar-se perante uma mulher, conforme os mandamentos culturais da sua etnia.

Divergências na restauração do edifício

Outra crispação que opunha os dois dirigentes tem haver com a discussão em torno de obras de restauração daquele edifício. De acordo com entendimentos, já desde o tempo de outros ministros como Joaquim Muafumba, do GURN, pela UNITA, defendia-se que os três ministérios que ali estavam instalados deveriam partilhar os custos das obras de restauros, mas nunca houve consenso entres os três ministérios. 

Porém, quando a ministra Rosa Pacavira é nomeada para a pasta do comércio, mandou restaurar a parte do edifício reservada ao seu ministério, neste caso, o sexto piso (onde esta o seu gabinete) e os dois andares debaixo, onde funcionam os seus Secretários de Estado.

Antecedentes

Em  Fevereiro de 2010,  a presidência angolana anunciou a nomeação de Maria Idalina de Oliveira Valente  para ministra do Comércio e do Turismo e de Pedro Mutindi como seu  Secretário de Estado para a Hotelaria e Turismo.

Mutindi rejeitou a nomeação sob alegação de que por razões culturais não aceitava ter como superior hierárquico alguém do sexo oposto. 43 dias depois, a Presidência angolana  voltou a tornar publico um outro  comunicado separando os dois ministérios para o figurino anterior e por outro lado devolveu a Mutindi a categoria de “Ministro”.

Pedro Mutindi, de 60 anos de idade, nasceu na povoação de Montero na comuna do Umbe, na província do Cunene. Aderiu ao MPLA em 1974 através do programa Angola combatente. Já foi professor do ensino de base, tendo igualmente exercido vários cargos partidários, governamentais e como deputado à Assembleia do Povo. Até a data da sua ida ao executivo exercia as funções de governador provincial do Cunene e primeiro secretário do MPLA nesta região onde é considerado um soba com muita popularidade.