Luanda - Quinze anos depois da assinatura do projecto “Educação para todos”, compromisso para educar todas as crianças do mundo até 2015, a UNESCO veio hoje revelar que apenas um terço dos 164 países cumpriu com os objectivos estabelecidos.

Fonte: RA

Se em termos globais os progressos foram poucos, na África subsariana o balanço é ainda mais decepcionante. Nenhum dos países cumpriu com as seis metas do programa, assinado em 2000, na cidade de Dakar, sendo que apenas sete cumpriram com o objectivo mais importante: instruir todas as crianças do ensino básico.

Angola não figura na lista. O país cumpriu apenas um dos objectivos da UNESCO, o do aumento do ensino pré-primário – Angola está entre os sete países onde 80 por cento ou mais das crianças tem acesso a educação pré-primária.

Os restantes quatro objectivos passavam por garantir a igualdade de acesso à educação e habilitação a jovens e adultos, assegurar uma redução de 50 por cento no nível de iliteracia adulta, e atingir a igualdade de género e paridade no acesso à educação.

O relatório ressalva ainda outro dado preocupante: a iliteracia na África Subsariana atinge sobretudo o sexo feminino, o que é especialmente visível em países como o Níger ou a Guiné-Conacri, onde cerca de 70 pro cento das mulheres nunca frequentaram a escola.   Mais crianças nas escolas

Em termos globais há algumas tendências positivas a assinalar. O número de crianças e adolescentes fora da escola diminuiu quase para metade desde 2000 – no total, 34 milhões foram incluídos nos sistemas de ensino. A estimativa agora é que, entre as crianças nascidas em 2005, 20 milhões a mais tenham completado a educação primária em comparação com a projecção baseada nas tendências pré-Dakar.

O relatório mostra que existem, ainda, 58 milhões de crianças fora da escola. Cerca de 100 milhões, que têm acesso, deixarão os estudos sem completar a educação primária. A taxa de permanência das crianças na escola aumentou em 23 países, mas diminuiu em 37. Globalmente, a projecção é que a taxa de permanência na educação primária não seja maior que 76 por cento em 2015.

Por outro lado, a UNESCO fala num aumento da desigualdade na educação. Uma criança pobre tem quatro vezes menos hipóteses de frequentar a escola do que uma rica, e cinco vezes menos hipóteses de completar a educação primária. Os conflitos também são uma barreira no acesso à educação, entre a população que vive nessas regiões, a proporção de crianças fora da escola é “alta e está aumentando”.   É preciso investir na educação

O mundo precisa de aumentar o investimento em educação. Esta é uma das conclusões do relatório final de monitorização da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) sobre as metas estabelecidas em 2000 no projecto “Educação para todos”.

O documento foi assinado por 164 países de renda baixa e média baixa. De acordo com o relatório, estes precisarão de gastar 5,4 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) para garantir um ensino de qualidade, e as nações ricas precisarão aumentar as transferências para os países mais pobres em USD 22 mil milhões por ano.

A Unesco destaca que a educação não é a prioridade em muitos orçamentos e mudou pouco desde 1999. Em 2012, representava 13,7 por cento dos gastos dos países, o que é menos do que o recomendado pela organização, que aponta para 15 a 20 por cento do Orçamento.

Globalmente, em 2012, dos 142 países com dados disponíveis, 39 gastaram 6 por cento ou mais do PIB em educação. O número aumentou em relação a 1999, quando dos 116 países com dados disponíveis, 18 gastaram 6 por cento ou mais do PIB.