Lisboa - Realidades há que ao olhar do comum dos mortais exprimem uma lógica desfasada de si próprias. Ou seja, o que se vê e o que se afirma por entre tais realidades põe-nas em contradição com o seu próprio substrato –historicamente falando – de modo que acabam por resvalar em autênticas aberrações. Com razão nunca esperei olhar para mim e para o meu povo apreendendo nos sentidos como que um povo encerrado no cárcere do Diabo sem direito a um advogado - se bem que aquele merece muito mais do que isso, mas os angolanos e mais nenhum povo do mundo merece tal suplício. Os ventos assopram contra nós mesmo quando as tempestades percorrem o hemisfério onde nascem e mostram a sua força.

Fonte: Club-k.net

Que humilhação é esta, de sermos sempre nós a oferecer abraços e os nossos protocolos para os que da outra margem partem para vir reclamar os fluxos do dólar que garante solvabilidade, competitividade e sustentabilidade. Ah, que bom que o velho Kiambote já não está cá para ver o resultado da esperança que o obrigava e escravizava cada vez que lhe diziam que tinham que partir os que não eram nossos.

 

Me disseram que as ideias do velho Kiambote eram para honrar, mas agora já não é assim porque nós lá na terra deles, no putu, também podemos viver bem e confortavelmente como eles vivem aqui.

 

Meus caros se isto é assim, então porque é que me despediram ilicitamente da empresa de teleféricos da zona da Expo em Lisboa. Quem me ajuda a compreender porque a advogada que a ordem (dos advogados portugueses) nomeou para defender-me, no julgamento ocultou provas contundentes contra a outra parte.

 

A mesma advogada esperou que eu lhe comunicasse a sentença e quando perguntei se recorreríamos para o tribunal da relação, entregou-me o CD do julgamento para que fosse eu a preparar a matéria do recurso. Quando resolvi ouvir o dito CD quase nada constava dos depoimentos das minhas testemunhas mas, apenas e só, estão gravados os depoimentos das testemunhas da contra-parte. Participei isto à ordem dos advogados e pedi a substituição de advogado mas nada fizeram disciplinarmente contra uma advogada que revelou tamanha má-fé. O advogado nomeado para o recurso para a relação veio aprofundar a sepultura cavada pela sua antecessora. Sabendo que deveria requerer a anulação do julgamento por vícios insanáveis, resolveu apresentar uma impugnação de facto sem apresentar conclusões e formular os pedidos, coisa que nem um jurista inimputável faria. Aquele ilustre malfeitor nem a convite do juiz acedeu a melhorar o articulado, coisa que participei à ordem dos advogados e por conseguinte requeri a sua substituição para o recurso para o supremo tribunal de justiça.

 

A ordem dos advogados (portugueses) trata esses indivíduos como autênticos anjinhos; é claro que o tratamento não podia ser outro quando do outro lado está apenas um preto. Dai que nessa odisseia de malfeitores a própria ordem dos advogados veio pôr a cereja no topo do bolo quando nomeou a advogada para recurso junto do supremo tribunal de justiça depois de caducar o prazo para apresentação do recurso. Mas antes desta cereja, uma outra foi posta pela própria juíza do processo que - à par de não ter juntado num só processo o processo do meu colega como a lei determina para tramitação de processos fundados nos mesmos factos e contra o mesmo réu -, conseguiu proferir sentença sobre matéria cuja gravação contém apenas registos dos depoimentos de uma das partes. Como é óbvio, a juíza não dispunha de matéria probatória para formar convicção, por isso teve de ser bastante criativa ao fundamentar a sua decisão (sentença) recorrendo a um copy paste das ficções da contra-parte – a empresa. Mais, como diziam os antigos “se comeres a jinguba no fundo do rio a casca sempre sobe à superfície”.

 

Esses ilustres malfeitores até agora travam luta para que a casca não venha à superfície de modo que a sentença do meu colega – há muito fora dos prazos processuais – até agora não saiu. Agora que recorri ao Provedor de Justiça, depois de ver às redações dos média – de uma ponta à outra, quase sem exceção - todas sob vigia por efeito da aplicação da maloterapia dos três B’s: bloqueio, barreira e blindagem de modo que o preto já sepultado, não suspire ruidosamente, a notícia que dali veio confirma isso mesmo, o desejo de asfixiar sem pena nem dó.

 

Portanto, meus caros irmãos e correligionários não restam dúvidas de que o velho Kiambote nunca sossegou na sepultura; Depois de eles partirem, voltaram e são donos de tudo porque tomam contam de tudo que é nosso cá e lá no putu. Tudo isso tenho sofrido em Portugal, por isso, lembro-me frequentemente de um mordomo que se gabava que os bens do patrão na realidade eram dele, porque era ele quem mandava e determinava o que fazer e o que não fazer com a riqueza do seu benevolente patrão.

Meus caros; quem é rico não importa de onde lhe veio a riqueza, cuide-se e sê sábio!

Ndolo Ku Muxima,

Tomé Miguel