Luanda - A morte de um lojista da Guiné-Bissau, Mamadou Drama, na passada terça-feira, quando tentava fugir de dois polícias, revoltou a comunidade de imigrantes guineenses, que reclama de constantes abusos por parte dos agentes.

Fonte: RA
Segundo descreveu o site France 24, Mamadou Drama, 45 anos, caminhava até ao ponto de táxi no bairro da Cuca, após o trabalho, quando foi interpelado por dois polícias em motocicletas. Como o comerciante não tinha os documentos legalizados e por medo de ser deportado, Mamadou correu em direcção à estrada tendo sido atropelado por um táxi.

“Ele morreu na hora. Os policiais também tem costume de extorquir dinheiro de imigrantes guineenses ilegais”, disse uma fonte.

Segundo testemunhas, a polícia tentou isolar a área, mas a barreira foi rapidamente quebrada por uma multidão que conseguiu apreender o corpo de Mamadou e realizou um protesto espontâneo por cerca de dez minutos, “a fim de impedir que a polícia tomasse o corpo”.

A notícia chamou a atenção do embaixador daquele país, que tentou intervir, mas sem sucesso. A manifestação só cessou quando a polícia trouxe reforços, conseguindo finalmente dispersar a multidão e recuperar o corpo. “O meu amigo morreu porque ele estava tentando fugir da polícia”, disse outra testemunha que estava com Mamadou momentos antes de sua morte.

Em declarações ao France 24, outro imigrante da Guiné-Bissau, que não quis se identificar, narrou que os guineenses “estão sempre com medo porque existem controlos policiais frequentes e os estrangeiros são muitas vezes presos”. “O melhor que você pode esperar é que eles só vão pedir dinheiro, embora muitos polícias peçam centenas de dólares. O pior cenário, se você estiver em situação irregular, é que você vai ser preso e jogado em uma prisão, onde vai ser maltratado antes de ser deportado”.

A existência de controlos policiais frequentes destinados a encontrar imigrantes sem documentação é comum, especialmente em Luanda. Em Dezembro passado, as autoridades prenderam 2.161 pessoas. Entre os detidos, 884 – em sua maioria imigrantes de outros países africanos, mas também 300 chineses – foram deportados.