Luanda - O MPLA, partido no poder, reagiu às declarações do líder parlamentar da UNITA, Raul Danda, que afirmou que os confrontos no Huambo, entre a seita religiosa e a polícia terão provocado a morte a mais de mil pessoas. O vice-presidente da bancada parlamentar do MPLA, João Pinto, desmente os números e acusa o partido de propaganda política.-

 

Fonte: RFI

O caso remonta a 16 de Abril durante os confrontos entre a polícia e a seita religiosa " A luz do mundo" quando tentavam capturar o líder José Kalupeteca, actualmente detido, e que terminou com a morte de nove elementos da polícia e treze civis, segundo as autoridades, na serra de Sumí, município da Caála, província do Huambo.

 

Versão diferente tem a UNITA que fala em massacre, mais de mil mortos, baseando-se nos relatos que conseguiu obter de pessoas que estavam no local " confirmaram-nos que de facto houve uma carnificina". As declarações foram feitas no sábado pelo líder parlamentar da Unita que disse ainda que se as autoridades não tivessem nada a esconder não teriam impedido a delegação parlamentar de visitar o local. " Nós recebemos garantias do senhor governador provincial, na quinta-feira, de que na sexta-feira poderíamos ir para lá ver o local e de repente não nos deixam ir, e evocam ordens superiores... quem não deve não teme".

 

A UNITA diz que vai levar este relatório ao parlamento com vista à realização de um inquérito parlamentar, embora o Raul Danda não esteja muito convicto de que tal venha a acontecer. "Pessoalmente eu não acredito muito que eles façam esse inquérito parlamentar, pois eles andam numa azáfama terrível para poder limpar a área e fazer com que não haja vestígios da carnificina que houve lá".

 

O principal partido na oposição vai ainda mais longe e refere que há pessoas que continuam a ser mortas em outras localidades. Por essa razão o partido vai apelar à comunidade internacional " Só aqui nos arredores do monte do Sumí e outras aldeias circunvizinhas já estamos acima dos mil mortos... Nós recebemos informação de que estariam a transladar corpos das valas comuns que fizeram lá para outras vala comuns que fizeram no município do Nagonjo ... e que queriam transformar o monte Sumí numa área militar".


Acusações que não passam de mera propaganda política na opinião do vice-presidente da bancada parlamentar do MPLA, João Pinto " Isto é tudo especulação da UNITA....segundo a informação que temos de órgãos independentes nenhum dele confirma o número, e já ouvi um deputado da UNITA falar em apenas 13 mortos".

 

Questionado sobre o facto da delegação da UNITA não ter tido acesso à zona de confrontos, o vice-presidente do MPLA diz que sendo uma zona de delito o procedimento é normal. " Onde se pratica um crime é uma zona que precisa de protecção, em qualquer democracia é assim. A UNITA violou o próprio regimento da Assembleia Nacional ... não pode um grupo parlamentar deslocar-se para uma localidade controlada por órgãos infra estaduais, sem a autorização da Assembleia Nacional".

 

O responsável do MPLA não confirma os vinte e dois mortos alegando que "é preciso que as pessoas saibam guardar a calma", no entanto tece duras críticas aos seguidores da seita de José Kalupeteca "são bandidos que tentaram por em causa a ordem pública, mataram o comandante da polícia municipal, disso não falamos, e estamos preocupados com delinquentes".

 

João Pinto diz que não percebe quais as razões da UNITA querer visitar o local dos confrontos, a não ser que seja para esconder provas " teme se calhar que surjam dados, ou documentos que a comprometam, porque eu não consigo perceber qual é que é a lógica de um partido político em querem aceder a uma zona, onde houve actos criminosos, raptos de pessoas... e numa zona onde a UNITA tinha bases militares".