Luanda - Segunda-feira, 31 de Março, ano 2015. Lá foi o Março Mulher! O ponteiro que nunca muda de rota, mesmo com movimentação incessante marca 00 Hora e com isto termina mais uma edição do chamativo “Cidade em Alerta” TVRecord. Separamo-nos do televisor, aconchegamos à mesa onde o branco domina e com ele relaxamos o espírito atormentado pelo trânsito habitualmente infernal, mas que neste dia piorou, seguramente, por causa da visita do Presidente do vizinho Congo e das chuvas que a antecederam.

Fonte: Club-k.net

Ainda assim, cubramo-nos de caneta em mãos, mente no passado recente, prontos para mais uma reflexão para gente boa e adulta.

A estampa surge na calada da noite quando nos lembramos, feliz ou infelizmente, que o grupo César e Filhos ou simplesmente MABOQUE atribuíra alguns KZS, não poucos, aos melhores Jornalistas de 2014. - Ainda bem que assim agiu, aliás, um passado recente revela isso mesmo. – Parabéns e felicidades aos contemplados.

No leque dos contemplados, soa um nome, uma voz e um profissional cujo tempo e experiencia reconhecemos, nós e vós, pois, Já vai com algum tempo e simultaneamente com registos dignes de realce. Talvez o suficiente para se fazer bom jornalismo. Estamos a falar do “Man Gomito” ou simplesmente Jorge Gomes que para muitos, entre técnicos e leigos, é um “dikota” bom. Muito bom mesmo!

Jorge Gomes levou assim para casa trinta milhões de kuanzas, fazendo fé ao que os meus atentos ouvidos captara, já que na data e hora da azáfama não nos encontrávamos nem junto às telas tão-pouco De alguma frequência modelada, daí salvar possíveis erros nos números. Mas que recebeu dinheiro como resultado da sua distinção na categoria de melhor locutor, disso temos certeza.

A análise que se pode fazer, latu sensu” é a seguinte: Na primeira deliberação referente a 2015 do caduco e ilegal Conselho Nacional de Comunicação Social foi tonificado o facto o qual o órgão em que Jorge Gomes labuta foi um dos que, grosso modo violou princípios basilares do jornalismo.

A de mais, para não beliscar a imagem do órgão todo, supomos, e evitar vincar a máxima a qual “uma batata podre contamina tantas outras constantes do mesmo saco” o velho Conselho Nacional de Comunicação Social fez questão de dizer que, começamos a citar, a Rádio (…) no seu programa da manhã utiliza linguagem muitas vezes banal o que viola o rigor informativo recomendável aos jornalistas”, fim de citação.

Tal frase, tal ponto do Conselho que pensamos impreciso desnecessariamente, refere-se a “Man Gomito” o realizador e apresentador do programa matinal do órgão a que o Conselho citara. Porém, é público que o CNCS é composto por Jornalistas, figuras da sociedade civil e Políticos, inclusive de formações políticas extintas e sem acção no mercado nacional, todos, supostamente, com idoneidade reconhecida cuja missão principal é fiscalizar in loco toda a actividade jornalística. O conhecido meta-jornalismo.

Olhando para o figurino, vemos que a composição do velho Conselho representa ângulos diferentes da nossa sociedade, inclusive dos dois principais Partidos Políticos – os lutadores natos! Logo, a sua observação vincula a percepção de todos, aliás, é por isso que recebem avultadas somas de dinheiro pagas pelo Estado para o efeito.

Contrariando ao que foi deliberado por este conselho, embora nos últimos tempos sem legitimidade para tal e um mês depois de tal deliberação, o “Man Gomito” como é chamado lá no bairro e por si próprio, alvo de duras críticas por parte do Conselho e de jornalistas, seus colegas de ofício, é exaltado, é tido como melhor e por via disso ganha alguns kuanzas, não sei se burros ou espertos, vindos da empresa MABOQUE.

Ganha-os porque o júri do premio daquela sociedade comercial, circulando em contra mão, segundo entendimentos manifestados no day after, entendeu e viu qualidades que superam as dos demais. Daí os vários quisitos, nomeadamente:

O quê ser melhor na óptica do referido júri? O quê falar banalidades como fez saber o Conselho? Quem, realmente, tem razão, o júri que ouviu o melhor locutor ou o Conselho que ouviu banalidades do mesmo locutor? Que rádios ouvem, estes dois grupos que agora entram em bifurcação? Que critérios são utilizados para se avaliar um determinado locutor ou determinados locutores? De que lado estarão um do outro? Do jornalismo responsável ou de banalidades e “merdas” fazendo uma interpretação elástica? Que princípios são esses que para o Conselho o Gomito viola e para o júri os respeita na amplitude? Serão os mesmos princípios universais ou haverá entre nós outros novos? Em fim, são várias questões colocadas e por colocar porque se sabe que quer no conselho como no júri estão jornalistas com alguma referência.

Mas, igualmente, não nos é estranho porque há muito percebemos que aqui na “banda” o público em geral e algumas instituições gostam de “merdas”. Não é à-toa que kuduristas merdas e que cantaram merdas bateram. Fizeram muito sucesso e suas músicas tocaram aqui e acolá. Até mesmo em templos de Cristo. Lembre-se daquela “que vai me matar é mulher”? Lembrem-se daquela “Ngaxi está a babar olho”? Lembre-se de outras tantas obscenas e que marcaram muito boa gente!

Bem, volto a espreitar o relógio e este marca uma hora e vinte e cinco minutos. Bairro às escuras, como é normal, silêncio incomum porque até os pássaros dormiram, vela ao fim, visão insuficiente, ideia amputada mas com tempo bastante para lembrar a frase de um “kamba tuga”: “Países da merda gratificam merdas”…