Luanda - “Devemos fazer da fortaleza do inimigo sua fraqueza…”- General Giap

Fonte: Club-k.net

AL-JAZEERA TV 13.Abril.2015

Uma descomunal tristeza me invadiu esta manhã, ao ouvir na emissão matutina da Al-Jazeera TV, a decisão do governo Queniano em desmantelar o campo de refugiados denominado de DADAAB, o governo ja notificou a representação local da ONU (embora Genebra, afirmar ainda não ter sido oficialmente notificado) e deu três meses de prazo para relocar o campo para outro local, como se de meros objectos se tratasse (alguns afirmam para outro pais vizinho, outros mencionam para outro local dentro das fronteiras do Quénia, mas, centenas de Kms mais distante da fronteira somali). A tradução típica do termo; “Fuga para a frente!”

DADAAB

O maior campo de refugiados do mundo, dista a cerca de 100kms da fronteira somali. Foi estabelecido em 1991, desde então tem recebido grandes vagas de refugiados desesperados, que fogem das atrocidades do impiedoso binómio guerra-fome, derivado da falta de autoridade governativa do território Somali.

Dadaab, alberga neste momento cerca de 500 mil almas. Como evacuar tamanha quantidade de pessoas em apenas três meses? O Governo do Quénia afirmou; se a ONU não o fizer, dentro do prazo referido, o governo o fará, utilizando os seus meios. Podemos visualizar o indescritível sofrimento humano que tal irracional decisão, trará as pessoas fundamentalmente as crianças (20% dos habitantes) e os da terceira idade…

O governo Queniano (aparentemente em forma de retaliação ao ataque a Garissa) afirma, que tem informações de que o campo alberga centenas de militantes/simpatizantes da causa Al-shabab, e algumas acções terroristas atribuída a este grupo, têm Dadaab como base.

XENOFÓBIA

O governo Queniano, lançou o mote, dentro de pouco tempo, vamos certamente ouvir de invasões ao campo e ondas de assassinato, perseguição aos Somalis a boa maneira africana, quer seja em Dadaab ou em outro local, “pretos a lincharem com refinada destreza demoníaca, outros pretos” assim como; vez, por outra, acontece na Africa do Sul.
O Africano ė mestre na arte de “botar as culpas” em outrem. Na Africa do Sul (exemplo), assumem os nativos de que os estrangeiros - e quando assim se referem, apontam exclusivamente, para os pretos expatriados - são os culpados da falta de emprego na RSA. No Quénia, pelos vistos o governo tomou a infeliz iniciativa de atirar a culpa da sua grassa incompetência, em promover segurança nacional, aos infelizes refugiados somalis.

SEGURANÇA DO ESTADO

O caso do Al-shabab, Boko Haram etc., ė da responsabilidade das agências de inteligência nacional, por outras palavras; Segurança do Estado.

Quando o Governo Queniano decidiu juntar esforços a comunidade internacional, sob a égide da ONU (UNISOM), para a pacificação da Somália, Al-Shabab jurou publicamente, retaliar, fazer chegar a guerra para o interior do Quénia… Que medidas, as agências de inteligência Queniana, tomaram?...

Em 2011 (se não me engano), Al-Shabab protagonizou uma notável proeza, atacou o “westgate mall” no centro de Nairobi, um centro comercial luxuoso, assassinando 67 pessoas… Após o sinistro, que medidas, as agências de inteligência/segurança do estado, tomaram?!...

Na pascoa passada, a universidade Garissa, foi atacado (por quatro indivíduos), assassinando 148 pessoas por não professarem o islamismo, ou não possuírem conhecimentos “vitais” do islão.

Garissa, dista a poucos quilómetros da fronteira somali, diz-se, de “boca cheia” que as forças de segurança quenianas, foram previamente alertadas da eventualidade de tal ataque…

Apos o ataque, as forças de segurança ‘levaram’ cerca de SETE HORAS a chegarem no local… Uma das vitimas sobrevivente, foi ‘alcançado’ – por mero acaso - escondida num móvel no interior da universidade 48 HORAS DEPOIS!!!... Evidenciando uma total falta de competência e profissionalismo das forças de segurança em “passar a pente fino” o local de sinistro, evidenciando por outro lado, que os atacantes se quisessem poderiam ter-se escapulido do local do crime, ou melhor quem garante que, alguém não o tenha feito? Quem garante que foram somente QUATRO atacantes?!... Infelizmente os que poderiam atestar tal garantia morreram, os sobreviventes, naturalmente não vão expor-se a uma acção de retaliação do grupo terrorista, já que estes provaram ser mais “competentes/eficientes” que as forças do Bem (?!).

Por outro lado, se Garissa dista a poucos quilómetros da fronteira, o massacre evidencia, que a fronteira estava completamente desguarnecida… A Licão do “Westgate Shopping center” caiu em saco roto…

Ora se as agências de inteligência do Quénia sabem que Dadaab alberga também militantes do Al-shabab (absolutamente lógico, Al-shabab seria “burro” se não “aproveitasse” tal facto), o campo deveria ser imediata/consequentemente “polvilhado” de espiões do governo Queniano, aliás todas as aldeias/localidades de Nairobi a fronteira Somali, receberiam o mesmo “tratamento” inclusive no outro lado da fronteira. A segurança do estado, Queniano poderia “aproveitar” dadaab para “penetrar” Al-Shabab, no território Somali, a tal ponto que este não faria nenhuma movimentação não tomaria nenhuma decisão, sem que o governo Queniano soubesse…

Foi assim que a Segurança Cubana de Fidel, retirou o tapete da intenção da CIA estabelecer guerrilha anti Fidel e fazer descarrilar o governo comunista, Os serviços de Inteligência e Contra-Inteligencia Cubano (num show de eficiente coordenação e sentido de oportunidade), fê-lo com tal competência, que penetrou também o centro da decisão da intervenção em Cuba; a CIA, o departamento américa-latina, estava substancialmente penetrada por espiões de Fidel.

O Governo Queniano, decidiu “partir” para o boçalismo, desmembrar o campo de refugiados (mais uma inevitável vitória de Al-Shabab), e decidir construir um MURO (700Kms) ao longo da fronteira Somali.
Quénia vai imitar os soviéticos e o muro de Berlim, não retirou nenhuma Licão deste tristėrrimo “episódio”…

O Governo Queniano, deveria demitir a chefia do topo, de todo o contingente de segurança, promover o profissionalismo e destacar acções pertinentes para prevenir a repetição de Garissa.

A decisão de bombardear (via aérea) algumas localidades suspeitas no interior da Somália, não “resolve a questão”, estamos a ver o exemplo do ISIL e recentemente dos Houthis (Iémen), a solução esta, em decapitar, esmagar a cabeça da Cobra/Cascavel e tal só ė possível, com o exercício de um gigantesco, paciente e profissional trabalho de inteligência.

Porem ė por demais sabido, que um dos atacantes de Garissa, ė filho de um notável membro do governo Queniano, o mesmo (o terrorista) era funcionário de um banco comercial em Nairobi, então porque lançar as culpas para os “pobres-coitados” refugiados já a braços com indizível sofrimento?

AFRICA Vs SEGURANÇA DO ESTADO

O despotismo africano ė por demais crónico, corrosivo e completamente desfavorável aos adjudicados a tais governos.

As agências de segurança africana, raramente são PATRIOTAS, profissionais e raramente têm a segurança do estado como principal ALVO. Normalmente na chefia das referidas agências, são indicados os amigalhaços/compadres/parentes dos chefes de estado/governo, em completo detrimento aos interesses nacionais. E estes são implacável e imediatamente substituídos quando o partido no poder perde as eleições, lançados impiedosamente no desemprego, por isso estes, quando no activo são/estão mais propensos a ‘parirem’ complexas intrigas, luta pelo poder, o bem-estar individual, refinando e disseminando/encabeçando impudicamente a BAJULAÇĀO canina e irracional.


Mais; tais agências, recebem orientação exclusiva de procederem unicamente a protecção dos “cabeças” do partido-estado/governo… aliás, os membros das referidas agências, são na sua maioria membros do partido dirigente (partidarizam excessivamente as mesmas) e orientados a “trabalharem” 98% contra os partidos da oposição, desperdiçando avultados meios humanos, técnicos e financeiros em tamanha vulgaridade, em detrimento gritante (criminoso) da segurança nacional, violando impia e pifiamente os princípios da democracia e da consolidação da formação da Nação…

Em Africa, regra geral a Segurança (serviços de Segurança) ė segurança do partido, raramente do Estado, para beneficio das populações.

Só assim se compreende o que se passa no Quénia e o que se esta a passar na Nigéria do “Boko Haram” estes passeiam pelo Pais à-vontade, perante a incapacidade dos governantes… será por isso que os nigerianos, votaram a favor de um General para presidir o Estado? Um homem que num passado recente, já ocupou a referida pasta através de um golpe de estado, durante o qual dirigiu o Pais com pulso de ferro?...

Será que, não vai cair no vício já neste mencionado? A ver vamos!

Al-jazeera, a semana passada entrevistou um ex-soldado nigeriano, que afirmou perentoriamente, que, a maior parte do efectivo do exército nigeriano, têm relutância em combater os terroristas do Boko Haram, afirmam que, não se sentem impelidos a sacrificar as suas vidas, sob o pretexto de que, os que estão na posição ou postos governamentais, deliciam-se na corrupção (não ‘passam’ a correcta mensagem-exemplo de patriotismo). Quarteis com deficiente infraestrutura, soldados mal equipados, alimentação deficiente e salário baixo. O jovem ex-soldado acima, mencionou que a sua unidade, ficou certa vez, uma semana imobilizada, porque os meios-rolantes, não tinham combustível (imagine no País, maior produtor do Petróleo do continente), provavelmente os comandantes desviam o combustível para o mercado negro. Porem o caricato ė, notar que os terroristas movimentam os seus veículos à-vontade.

Eis outro obstáculo; CORRUPÇĀO, corrói e degenera a capacidade combativa dos efectivos militares minimizando/minando por completo o sentido patriótico e o auto-sacrificio.

GENERAL GIAP

Um dos meus favoritos estrategas de guerrilha, Giap foi o comandante das forças Vietnamitas que derrotou o poderoso exército norte-americano, com todo o seu espantoso poderio bélico… o General, instruiu com muito engenho e argucia os seus efectivos, como praticar, a frase mencionada no genesis desta, com que resultado? - “A fortaleza norte-americana enfraqueceu-os (norte-americanos) ”…

Quénia (as agências de inteligência), deveriam fazer de ADAAB o ponto de fraqueza da Al-Shabab e implodir definitivamente a organização terrorista, para o benéfico da Somália, Quénia e de toda a região...Porque tem capacidade humana, técnica e financeira, para faze-lo… Porem, pateticamente os governantes Quenianos, imploram ajuda as agências de inteligência do ocidente, para que o seu próprio efectivo tenham ‘tempo’ para a missão boçal de espionar os opositores políticos, manterem a população docilmente favoráveis as diatribes do partido dirigente.

CONCLUSÁO

“Devemos fazer da nossa fraqueza nossa FORTALEZA”. – Concluiu o General Giap

A pergunta de um milhão de USD: África tem inteligência para praticar o acima mencionado?