Luanda - KPMG detectou ‘buraco’ de 2,3 mil milhões Kz (187,6 milhões de euros) nas contas do BCI em Angola.

Fonte: Economico

A auditora diz não haver "suporte documental" nas demonstrações financeiras de 2013 e 2014 para esta verba e alerta que continuidade da operação do BCI "depende do suporte financeiro dos accionistas e da capacidade de obtenção de recursos financeiros externos". Contas sem suporte documental, volume avultado de crédito de difícil cobrança, discrepâncias no inventário do património físico, montantes de pensões de reforma indeterminados. É esta a lista das constatações da auditoria da KPMG às contas do Banco de Comércio e Indústria (BCI).

A KPMG recomenda "a regularização contabilística de modo apropriado para que as contas do Activo reflictam a real situação do banco". O BCI apresenta activos no valor de 106,8 mil milhões Kz (871 milhões de euros), em 2014, contra 99 mil milhões Kz (800 milhões de euros), em 2013. "Do total de passivos (100 mil milhões Kz), 77 mil milhões Kz são depósitos verificados em 2014 e 67 mil milhões Kz no ano anterior (totalizando passivos de 99 mil milhões Kz para 2013), segundo o relatório", diz a notícia.

A auditora afirma ainda que o banco se encontra aquém de alcançar o nível mínimo de fundos próprios exigido pelo Banco Nacional de Angola (BNA) e que é de 10%, para cobertura de risco da actividade bancária. Esse nível não foi alcançado "devido ao facto de os accionistas não terem feito o aporte necessário, como previsto no ano transacto", diz a KPMG. Outro alerta vem do facto de haver "um elevado volume de Créditos de Cobranças Duvidosas, sendo alguns de difícil recuperação, uma vez que os seus beneficiários se encontram em parte incerta, a julgar pelas tentativas de contacto realizadas pela área responsável por referidos créditos"

Criado a 11 de Julho de 1991 por decreto do Conselho de Ministros, o BCI é detido pelo Estado em 91% enquanto a Sonangol, a Endiama, a ENSA, a TCUL e o Porto de Luanda detêm 1,1% cada.