Beijing - O Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, pediu nesta quarta-feira, 10, em Beijing, uma moratória de pelo menos dois anos no pagamento da dívida à China e a concessão de novas linhas de crédito ou a ampliação das já existentes.

Fonte: Angop
José Eduardo dos Santos fez esta solicitação quando discursava na abertura das conversações oficiais com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, no âmbito da visita oficial que efectua a China desde segunda-feira, para o reforça dos laços de amizade e de cooperação entre os dois países.

Referiu que Angola pretende continuar a realizar acções conjuntas com a China nos domínios das infra-estruturas básicas e económicas, bem como da Educação, Ciência, Energia e Águas, Agricultura, Indústria transformadora, Geologia e Minas, formação de técnicos e especialistas.

No seu discurso, José Eduardo dos Santos informou que Angola enfrenta um problema sério resultante da economia essencialmente dependente da exportação de um único produto, que é o petróleo bruto, que representa cerca de 90 por cento do total das exportações angolanas.

“A condição indispensável para continuar a ter bons resultados na economia e na cooperação bilateral é conduzir a aplicação de uma política macroeconómica que garanta a estabilidade e o crescimento económico sustentável”, apontou o presidente José Eduardo dos Santos.

O mais alto mandatário da Nação angolana indicou que a acção coordenada das políticas fiscais, monetária e cambial permite ter sob controlo a inflação que hoje é de cerca de oito por cento, precisando que foram já adoptadas políticas públicas para alcançar a diversificação da economia nos próximos anos.

“A queda significativa do preço do petróleo bruto e a consequente redução acentuada das receitas do Estado obrigou-nos a rever em baixa o nosso Orçamento Geral do Estado e a fazer contenção de despesas, diminuindo a nossa capacidade de reabilitar infra-estruturas económicas e sociais e de promover investimentos públicos e privados”, disse.

“No quadro da nossa parceria estratégica queremos estudar com a República Popular da China, como estabelecer acordos bilaterais para acelerar a aplicação do nosso Programa de Diversificação da Economia, tendo em conta a nossa capacidade tecnológica e os meios necessários que o país detém”, precisou o estadista.

Neste contexto, frisou que o Estado angolano pretende renegociar os actuais termos da dívida, solicitando uma moratória de pelo menos dois anos no pagamento, negociar nos acordos de financiamento, uma vez que os recursos da linha de crédito da China têm sido uma das principais fontes de financiamento das acções executadas e a executar no sector público e privado.

O Chefe de Estado angolano assegurou que o seu país vai continuar empenhado em criar as condições para um ambiente mais favorável a essa cooperação, no que diz respeito à promoção e protecção recíproca de investimentos, à rejeição da dupla tributação e à facilidade na concessão de vistos.

“É bom frisar, por outro lado, que a República Popular da China pode também ser um parceiro estratégico de Angola no domínio da Ciência, da Tecnologia e da Inovação, designadamente no desenvolvimento de projectos de investigação, no apoio a centros de pesquisa e na criação de infra-estruturas de investigação de ponta”, adicionou o presidente.

Deste modo, disse ser possível promover a inserção e participação da comunidade científica angolana nas redes internacionais de investigação e desenvolvimento, permitindo a transferência de conhecimento para o aumento da competitividade das “nossas” empresas e a disponibilização de serviços e produtos para a melhoria da qualidade de vido do “nosso” povo.

José Eduardo dos Santos observou que o nível de entendimento político entre Angola e a China tem permitido a adopção de posições coincidentes em relação aos grandes temas da actualidade internacional e regional, designadamente sobre a crise económico-financeira, os conflitos existentes, o ambiente, o terrorismo transnacional, a imigração ilegal e as grandes endemias.

“Espero que essa concertação se mantenha e reforce entre nós, porque é urgente que todos nos esforcemos por criar um mundo de paz em que todos os países se sintam seguros e livres de adoptarem as opções políticas, económicas e culturais do interesse dos seus povos, contribuindo de forma harmoniosa para o progresso e bem-estar da Humanidade”, expressou.

Noutra vertente da sua intervenção, o Presidente da República agradeceu o apoio que a China tem dado a Angola na Comissão para os Direitos Humanos das Nações Unidas, e exprimiu o desejo de continuar a concertar as acções no quadro do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Saudou o papel positivo que a China desempenha em África ao participar nas forças das Nações Unidas para a manutenção da paz, ao apoiar os processos de paz e ao promover uma cooperação económica sem condicionalismos políticos unilaterais.

JES sublinha reciprocidade de vantagens nas relações com China

O Chefe de Estado angolano declarou ainda que o nível diferente de desenvolvimento e a complementaridade das economias de Angola e da China facilita o entendimento sobre a forma de cada um dos países beneficiar do que o outro tem para oferecer. Disse que Angola dispõe de um potencial económico que interessa a China explorar e necessita do apoio deste país em tecnologia, equipamento, gestão e formação de recursos humanos.

Informou que depois da conquista da paz em 2002 e falhada uma prometida conferência de doadores a favor da reconstrução de Angola, a parceria com a China permitiu proceder a recuperação de infra-estruturas básicas como estradas e pontes, reabrindo as vias para a circulação de pessoas e bens e para a reactivação das trocas comerciais.

O estadista angolano precisou que nesta fase não foi possível superar a dependência do petróleo, que serviu de moeda de troca para o financiamento da reconstrução e para se irem criando as condições para a diversificação da economia, que só agora começo a ser materializada.

“Para se conseguir um desenvolvimento sustentando, importa continuar a fazer a reabilitação, modernização e desenvolvimento de todas as infra-estruturas económicas e sociais, promover e realizar investimentos públicos e privados e qualificar os recursos humanos nacionais”, expressou.

“É com grande esperança que realizo esta visita de Estado, pois acredito que ela vai servir para elevar a nossa cooperação a patamares mais altos, permitindo-nos cumprir as metas previstas no nosso Plano Nacional de Desenvolvimento 2013/2017”, sublinhou.

O mais alto mandatário da Nação angolana disse estar certo de que a República Popular da China também irá colher os benefícios que o desenvolvimento do país e almejado pelo povo chinês exige.

Acompanham o Chefe de Estado nesta sua quarta visita oficial de à China, para além da primeira-dama, Ana Paula dos Santos, o ministro de Estado e Chefe da Casa Civil do Presidente da República, Edeltrudes Costa, e os titulares das pastas das Relações Exteriores, Georges Chikoti.

Integram ainda a caravana presidencial, os ministros das Finanças, Armando Manuel, do Comércio, Rosa Pacavira, da Agricultura, Afonso Canga, dos Transportes, António Tomás, das Energia e Águas, João Baptista Borges, do Ensino Superior, Adão do Nascimento, e da Educação, Mpinda Simão.