Luanda - O clima e a tensão vividos pelo país nas últimas décadas levam-nos à várias reflexões. Às vezes por pouco ou por nada, não conseguimos perceber afinal, as estratégias políticas, a lascívia e a avareza desmedidas predominantes na pessoa de quem nos governa, não entendemos se o sangue, o suor e as lágrimas derramados pelos melhores filhos do solo pátrio terá nos trazido uma angola livre, justa, democrática e de direito ou uma república convertida em dinastia e absoluta monarquia que nos faz acreditar que o sangue dos angolanos não serviu se não, de corante parabordados de púrpura da vestimenta real...

Fonte: Club-k.net

Sentimos com peso enorme a responsabilidade de trazer à memória esta matéria, justamente para o desenvolvimento da nossa capacidade de raciocínio intelectual e o amadurecimento da nossa maturidade política, cívico-patriótica, de crítica, de censura e de decisão com o único propósito de nos ajudar a DESPERTAR a nossa consciência, e finalmente percebermos assim, a tipologia do estado e governo a que somos sujeitos.

Para tal, propomos hoje como tema em análise, a ditadura, conforme conceituada por Aristóteles, Platão e Maquiavel.

Segundo Aristóteles e Platão, a marca da tirania é a ilegalidade, ou seja a “violação das leis e regras pré-estipuladas pela quebra da legitimidade do poder, uma vez no comando, o tirano revoga a legislação em vigor, sobrepondo-a com regras estabelecidas de acordo com as convivências para perpetuação deste poder”.

Ambos concordam ainda que, “os tiranos são ditadores que ganham o controle social e político despótico pelo uso da força e da fraude. A intimidação, o terror e o desrespeito às liberdades civis estão entre os métodos usados para conquistar e manter o poder. A sucessão nesse estado deilegalidade é sempre difícil”.

Aristóteles atribuiu a vida relativamente curta das tiranias “a fraqueza inerente dos sistemas que usam a força sem o apoio do direito”.
Maquiavel, também chegou à mesma conclusão sobre as tiranias e seu colapso, quando das sucessões dos tiranos, pois, “a tirania é o regime que tem menor duração, e de todos, é o que tem o pior final”, e, segundo as palavras deste, a queda das tiranias se deve às desventuras imprevisíveis da sorte.
Examinemos à baixo, os três pilares concebidos de betão armado que são as marcas que sustentam e pintam o templo da tirania.

1. O caudilhismo
Sempre para achar legitimidade, as ditaduras se apoiam em teorias caudilhistas, que afirmam muitas vezes do destino divino do líder, que é encarado como um salvador, cuja missão é libertar seu povo, ou ser considerado o pai dos pobres e oprimidos, etc.

2. A institucionalização do poder
Outras ditaduras se apoiam em teorias mais elaboradas, utilizando da legislação imposta, muitas vezes admitindo uma democracia com partidos políticos, inclusive com eleições e algumas vezes até permitindo uma certa oposição, desde que controlada. Os dispositivos legais passam a ser institucionalizados e o são de tal forma funcionais, que sempre ganhará o partido daqueles que os convocam.

3. Totalitarismo

A tirania é um sistema anti-democrático e concentra poderes totais nas mãos do líder do governo. Este líder pode tomar qualquer tipo de decisão ou decretar leis sem consultar políticos ou representantes da sociedade.

4. Métodos de manutenção do poder

As ditaduras sempre se utilizam de força bruta para manterem-se no poder, sendo esta aplicada de forma sistemática e constante. Outro expediente é a propaganda institucional, propaganda política constante e de saturação, de forma a cultuar a personalidade do líder, ou líderes, ou mesmo o país, para manter o apoio da opinião pública.

Uma das formas mais eficientes de se impor à população um determinado sistema é a propaganda sublimar, onde as defesas mentais não estão em guarda contra a informação que está a se introduzir no inconsciente colectivo. Esta se faz por saturação em todos os meios de comunicação, usando a rádio, a tv, o cinema, as revista e jornais para divulgarem suas ideologias.

A censura também tem um papel muito importante, pois, este método serve para coibir qualquer tipo de crítica aos seus governos não deixando chegar as informações relevantes à opinião pública que está a ser manipulada, isto é, nenhuma notícia ou ideia, contrária ao sistema, pode ser veiculada em jornais, revistas, rádio, tv ou cinema. Aqueles que arriscam criticar o governo são presos e até condenados. Desta forma ficam atados os dois extremos: primeiro, satura-se o ambiente com propaganda a favor do regime, depois são censuradas todas as notícias ruins que possam vir a alterar o estado mental favorável ao sistema imposto.

Após uma análise minuciosa e reflexão destes aspectos, a questão que se levanta é: “será angola, uma marca da tirania?” Receio que o meu país venha a ser conotado como tal.

De acordo com Maquiavel, de todos os regimes de governação, a tirania, é o que tem sempre o pior final, veremos na segunda parte deste artigo o quanto uma hipótese válida os resultados da pesquisa e que a prática é o critério de verdade.