Lisboa - O Serviço de Inteligência e Segurança de Estado (SINSE) deu recentemente a conhecer a Casa de Segurança do Presidente da República que estaria em curso, preparativos para um suposto "golpe de Estado", em Luanda, visando destituir o Presidente José Eduardo dos Santos das suas funções a frente do Estado angolano.

 Fonte: Club-k.net

Regime tenciona realizar mais detenções nos próximos dias 

Para o efeito, o SINSE solicitou “autorização superior” para que numa operação partilhada com o  Serviço de Investigação Criminal (SIC), antiga DNIC, realizassem,  este fim de semana, operações conjuntas que resultaram na detenção de cerca de 16 cidadãos que estariam comprometidos com o suposto “golpe de Estado”.

Os detidos seriam jovens activistas notabilizados por realizarem protestos contra abusos de direitos humanos, em Luanda.

Luaty Beirao, músico e activista seria detido por volta das  17 horas em sua casa, em Luanda e levado por três agentes do SINSE e 8 agentes da Policia de Investigação Nacional que se fizeram transportar numa carrinha land-cruizer sem matricula. Os agentes confiscaram também o seu computador e telefone.

O procedimento foi extensivo para outros jovens como Nito Alves, Nelson Dibango, Mbanza Hanza, Nicolas de Carvalho, Albano Bingo e etc, que foram  também detidos em suas residências e viram os seus computadores a serem  confiscados, como aconteceu com Nelson Dibango, detido em casa do seu pai.

O SINSE apresentou como prova dos preparativos do suposto “golpe de Estado”, material de uma palestra que os jovens iriam realizar neste sábado (20) no bairro Nelito Soares, ao município do Rangel subordinada ao tema “filosofia ideológica da revolução pacifica vs como derrubar um ditador”. A palestra,  que fora antecedida por outras,  tem  como orador o académico e jornalista Domingos da Cruz, que foi igualmente preso neste domingo (21) no interior do país.

Sedrick de Carvalho, um jornalista  que fazia cobertura da palestra acabou também sendo detido pela policia de investigação. Ao total, foram presos dois grupos: Um que se preparavam para assistir a palestra e outro integrado por Luaty Beirão, Manuel Nito Alvés e Nelso dos Santos que foram detidos em suas residências sem que estivessem envolvidos com a realização da palestra, que na versão do aparelho de Segurança,  transmitida a Presidência da República se tratou de preparativos para “Golpe de Estado.”

Logo a seguir as detenções, o director-general do Serviço de Investigação Criminal (SIC), Eugénio Pedro Alexandre foi instruído a emitir um comunicado de imprensa justificando que os referidos cidadãos foram presos porque “se preparavam para realizar actos tendentes a alterar a ordem e a segurança pública do país”. No comunicado daquele responsável do órgão que sucedeu a DNIC alega que “durante a operação foram aprendidas uma série de provas”.

Segundo informações, as autoridades policiais irão apresentar nos próximos dias os fascículos e livros (sobre derrube de ditadores) que serviriam de  material de apoio da palestra como prova dos preparativos do suposto “golpe de Estado”. Ao mesmo tempo ocorrerão mais detenções de activistas  em Luanda. 

As detenções ocorridas em Luanda e a tese do suposto “golpe de Estado” estão a ser acompanhadas  por antipatias por parte de uma corrente interna do SINSE que suspeita que alguns dos seus superiores estejam usar tais pretextos para obtenção de dividendos económicos pessoais, uma vez que tem noção  que o Presidente José Eduardo dos Santos é bastante sensível ao tema de “golpe de Estado”

As suspeitas que recaem sobre os responsáveis do SINSE de que estariam a  tirar dividendos económicos com estas operações de abortagem de suposto “golpe de Estado” é baseada no antecente de há cerca de quatro anos, em que os chefes da segurança de Estado  teriam “ficado” com 3 milhões de dólares -  solicitados ao Presidente da República -  para abortagem de uma suposta incursão da UNITA.

O SINSE teria informado ao Presidente da República, que o líder da UNITA, Isaías Samakuva iria sair com uma caravana de militantes a partir do  Município do Cacuaco rumo ao interior a fim de criar acções de instabilidade no país. Para o efeito, o SINSE solicitou ao PR, a disponibilidade de verbas (cerca 3 milhões de dólares) para travar Isaías Samakuva e os seus militantes.

Para convencer o Presidente, o SINSE, teria de enviar a presidência relatórios dos chefes de secções municipais da segurança reconfirmando os supostos planos do grupo de Isaías Samakuva.

Na altura, gerou controversa interna no aparelho de segurança uma vez que o responsável do SINSE no município do Cacuaco recusou a assinar o relatório alegando que a sua área de acção estava controlada e que não havia movimentações de homens da UNITA, rumo para o interior.

Mesmo sem o parecer do responsável do SINSE no Cacuaco, a Presidência da República liberou as verbas que acabaram por ser repartidas pelos directores da segurança de Estado que haviam enganado o Presidente com a falsa informação a cerca dos planos de Samakuva.

Segundo dados históricos, o que esta acontecer com o SINSE, em Angola consumou-se também na Rússia ao tempo da queda da policia secreta  KGB. Na altura os directores destes serviços secretos passavam também falsas informações ao Presidente russo sobre supostos planos de derrube por parte dos seus opositores. Este por sua vez também disponibilizava verbas para abortagem de tais planos de golpes que ficavam com os responsáveis dos serviços secretos que não lhes apresentavam as contas.

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