Luanda - Ontem, sábado a tarde, 20 de Junho, a DNIC e a Polícia Nacional, prenderam treze activistas de direitos humanos, numa residência, quando discutiam questões sobre a Democracia. Cada um deles foi posteriormente levado â sua residência, já algemado, onde foram efectuadas buscas e levado material electronico, computadores, material fotográfico, agendas, revistas, documentos, cartões de crédito, etc. Não só dos respectivos presos mas igualmente de familiares, incluindo material profissional. A operação ocorreu sem nenhum mandado de captura e houve casas em que Policias armados até aos dentes irromperam de forma violenta para o interior das mesmas. Em comunicado público passado ontem na TPA e RNA, os Serviços de Investigação Criminal do Ministério do Interior, assinada pelo seu Director, Eugénio Alexandre, assumiram a natureza do acto ilegal e anti democratico afirmando que foram detidos “em flagrante delito” quando “se preparavam para realizar actos tendentes a alterar a ordem e a segurança pública do país”.

Fonte: GAPPA

No entanto, na manhã de hoje, agentes da DNIC com mandado de captura estiveram na casa do académico e activista, Domingos da Cruz, mas há informações segundo as quais foi interdito de sair do país, na fronteira com a Namíbia e terá chegado de avião à Luanda às 16h, eventualmente sob detenção, pois a família não tem notícia sobre o seu paradeiro até a presente hora.

O Grupo de Apoio aos Presos Políticos apurou o nome de 12 activistas da lista dos treze, que apresentou em várias esquadras para saber onde se encontram os detidos, a saber:

Luaty Beirão

Nuno Álvares Dala

Manuel Nito Alves

Nelson Dibango

Afonso Matias (Mbanza Hanza)

Sedrick de Carvalho

Nicolas o Radical

Hitler Samussuko

Arantes Kivuvu

Valdemiro

Albano Bingo

Sheik Hata

Inocêncio Drux

 

Algumas fontes admitem que mais alguns cidadãos terão sido presos ainda hoje, perfazendo um total de 20.

De vários contactos efectuados durante todo o dia de hoje, por vários grupos de activistas, nas diversas esquadras de Luanda, apenas foi possível aferir que os três primeiros, Luaty Beirão, Nito Alves e Nuno Dala, estão localizados como presos na 29a esquadra, adjunta à DNIC. A DNIC não quiz informar onde se encontram os restantes detidos.

O Grupo de Apoio aos Presos Políticos Angolanos denúncia este acto e informa:

  1. As detenções dos activistas, efectuada durante o fim‐de‐semana, apresentam uma moldura inspirada pelos métodos da PIDE‐DGS do regime colonial português;
  2. Denuncia a violação da privacidade dos detidos, dos seus familiares e de alguns dos seus clientes e empregadores;
  3. Denuncia a tentativa de utilização dos endereços de emails dos detidos;
  4. Apresenta a comunidade angolana e internacional a ingente preocupação do desaparecimento de 10 detidos ou a sua prisão em local não identificado, deixando as famílias muito preocupadas, os detidos sem comer e beber porque temem ser envenados, negando‐se assim o apoio alimentar a que têm direito. Lembrar que, de acordo com os autos de Kassule e Kamulinde ambos desaparecidos por detenção das autoridades angolanas, foram assassinados no período de 24h.
  1. O GAPPA apela, assim, as autoridades:
  2. Que informem a comunidade nacional a identidade dos detidos;
  3. Que informem as famílias e a sociedade o local onde se encontram todos os detidos e que apresentem, nas primeiras horas da manhã o sítio em que se encontram;
  1. Permitam o acesso dos advogados e a defesa dos mesmos;
  2. Que entreguem imediatamente os bens e documentos retirados das casas dos presos, evitando prejuizos à vida profissional dos familiares;
  1. O GAPPA convida os angolanos a mostrarem o seu repúdio a estas acções de caracter anticonstitucional e arbitrárias contra a liberdade de reunião e a apoiarem sem reservas a necessidade de um estado de liberdade e democracia em Angola.

Luanda, 21 de Junho de 2015