Luanda - O país chora, o país sangra, o país está a rebentar pelas costuras, logo, clama por uma posição clara, patriótica, pragmática e nacionalista dos principais actores políticos angolanos. Não importa a barricada ideológica, quando o destino comum apela a uma nova visão.

Fonte: Folha8

Os rumores sobre uma eventual venda, ainda que a título precário, de terras, em contrapartida a um novo financiamento chinês, não pode acomodar todos os militantes do MPLA, pelo contrário, deve apelar ao seu nacionalismo, para não vazar a sensação de comodismo, nas grandes questões do país.

A oposição, por sua vez, deve questionar, de forma contundente, pese as elucubrações constitucionais, os própositos de um novo empréstimo milionário da China, contraído pelo actual regime de Eduardo dos Santos, que gere Angola, com base no absolutismo, tal qual fazia a monarquia de Luís XIV, na França.

É importante saber qual as contrapartidas dadas em nome de Angola e dos angolanos, sob pena de tudo, na rota da esperança e tolerância claudicar, fazendo resvalar a precária estabilidade social.

Numa altura em que se comemorou os 800 anos da Magna Carta assinada em 15 de Junho de 1215, entre o monarca inglês João Sem Terra e os súbditos, em Londres, no século XIII, deveríamos fazer uma análise da vitalidade desse texto constitucional, que continua solene e perene a vigorar, nos marcos dos princípios acordados.

Esta postura de fidelidade, mostra a maturidade de um povo, logo dos seus políticos, porquanto, quando um outro monarca, 413 anos depois; Rei Carlos I, pretendeu alterar alguns dos 60 artigos das regras constitucionais, inseridas na Magna Carta, em sede parlamentar, numa clara demonstração, de que todos actores, incluindo o monarca, deve respeito a separação de poderes, foi-lhe exibida a “Petition of Rights” (em 1628), para lhe recordar os direitos imemoriais do povo inglês.

Em Angola, não havendo consagração de uma monarquia constitucional, na prática, o sistema republicano é fiel aos pressupostos monárquicos, por ser de fachada a sua aposição na actual constituição.

O regime, as instituições e as leis, são a imagem e vontade de um homem, cuja política umbilical, apenas satisfaz, uma minoria que se aboletou dos recursos da maioria dos angolanos.

Foi instituída a corrupção, com estatuto de imunidade e impunidade, a discriminação como lema e a injustiça e fraude, como símbolos maiores de um regime que se quer eternizar no poder, como se Angola fosse uma quinta familiar, propriedade exclusiva do clã Dos Santos e uma minoria do MPLA/corrupto.

Assim sendo, por maioria de razão, os políticos da oposição e os intelectuais patriotas, deveriam abandonar a já degastada ladainha verbal de condenação, das práticas dantescas do regime, em meros comunicados, esperando das poltronas gabinetais, o emergir de algum sentimento democrático de quem advoga a consolidação de um colonialismo político, capaz de escravizar e subjugar a maioria dos povos de Angola.

Os exemplos estão a mão de semear, o que mudaram os comunicados feitos pela oposição, a propósito da fraude eleitoral, da composição partidocrata da CNE, da alteração da lei do registo eleitoral oficioso, da falência do BESA, do Genocídio do Monte Sumi, do descalabro do Fundo Soberano, etc, etc, etc. Nada, nada!

Se no presente, uns mais que outros, se calarem, com medo de perder as mordomias legislativas e os tachos directivos, amanhã se, por algum acaso, o poder resvalar para a rua, com a força vibrante de uma população faminta e farta de tanta corrupção, assassinatos, discriminação, injustiça, fraude e colonialismo governativo, que não venha depois a oposição ou parte dela, reivindicar um lugar na nova aurora.

Hoje a fome campeia, a saúde falta, o desemprego cresce, a educação é ruim e os bancos estão sem dinheiro, por roubo sistemático de uns poucos, dos milhões do erário público.

Agir agora é um imperativo de patriotismo.

Faça a sua parte, hoje, pois o futuro não espera pelos mandriões, mas pelos audazes.