Pretoria - Na teoria política, o conceito de Golpe de Estado surge apenas com a modernidade, apôs a quebra de paradigmas causadas pela Revolução Francesa e pela doutrina iluminista. Antes, as rupturas bruscas da ordem institucional eram chamadas genericamente de revolução, como as tomadas de poder em 1648 e 1688 na Inglaterra. Apôs a tomada da Bastilha, no entanto, o termo “revolução” passou a ser reservado para as mudanças profundas provocadas por intensa participação popular, da sociedade ou das massas.

Fonte: Club-k.net

 

Assim, a expressão “Golpe de Estado” foi criada para designar a tomada do poder por vias excepcionais, à força, geralmente com apoio militar ou de forças de segurança.Os historiadores das Ideias Políticas consideram que o primeiro Golpe de Estado no modelo moderno foi o Golpe de 18 Brumário dado por Napoleão Bonaparte para se consolidar sozinho no Governo da França.No ano de 1968, a Harvard University Press publicou pela primeira vez Coup d’ Etat: A Practical Handbook, um interessante trabalho de Ciência Política e de grande referência da mecânica dos golpes de Estado. Edward Luttwak, o seu autor, um reputado historiador e economista, especialista em assuntos internacionais, foi um académico conservador com uma longa carreira no sistema de segurança nacional Americano.Em seu estudo, Luttwak acredita que embora um golpe possa ter características muito violentas de tomada extralegal do poder, o golpe não é necessariamente assistido quer pela intervenção das massas, quer, a um nível significativo, pela força militar. Mas se um golpe não depende tão somente do esforço militar ou de uma sublevação das massas para obter o controlo, onde é que vai então buscar o poder para o fazer?Segundo Luttwak, o poder virá do próprio Estado.

 

Um golpe consiste na infiltração de um segmento pequeno mas crítico do aparelho governamental, que é depois usado para afastar o governo do controlo do resto.Normalmente, um golpe não procura destruir a estrutura básica da forma existente de governo.

 

 

Pelo contrário, aqueles que levam a cabo um golpe de Estado, querem tomar o poder no sistema existente na altura, e só se manterão no poder se incorporarem algum status quo novo apoiado por essas mesmas forças que uma revolução pode procurar abolir ou destruir. Por outras palavras, o golpe aproveita a própria estrutura governamental, bem como a natureza burocrática dos governos modernos. Existe uma hierarquia estabelecida, uma cadeia de comando aceite e um padrão, procedimentos legalmente mandatados que são seguidos quando as instruções descem por esta cadeia. Desde que as instruções venham da fonte ou do nível de autoridade apropriados, serão quase sempre seguidas, mesmo que sejam provenientes de um detentor novo e ilegítimo dessa autoridade.

 

Luttwak explica que um golpe “funciona tirando partido deste comportamento maquinal:durante o golpe, porque usa partes do aparelho do Estado para atingir as alavancas de comando; depois, porque o valor das “alavancas” depende do facto de que o Estado é uma máquina”. Para consolidar ,o controlo, a nova elite de poder usa essas mesmas alavancas.Assim, ao assumirem o controlo de alguns pontos fulcrais cuidadosamente seleccionados na burocracia governamental, os conspiradores executores do golpe (que não precisam necessariamente de ser os mesmos) podem assumir efectivamente o controlo de toda a máquina do Estado.

*Aristides Cabeche (Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.)

Consultor Político e expert em Relações Internacionais