Benguela - O período entre 29 de Março a 24 de Agosto de 1959, foi o culminar de detenções de 50 nacionalistas, cujo crime foi conspiraram contra o colono português. Este movimento de prisões sumárias e arbitrárias denominou-se processo 50. É “pacífico” do ponto de vista histórico afirmar-se que foi o preâmbulo da luta de libertação nacional que começara 4 de Fevereiro de 1961.

Fonte: Club-k.net

O discurso oficial salazarista trata-os como subversores, terroristas... pois, que Angola era o seu el dourado, a imprensa colonial auxiliava a intoxicação e a propagação dos argumentos de razão dos portugueses, a frase regra “ de ultramar, eu não saio”.

Porém, o temor/tremor salazarista resultava que o poder instituído caso fugisse das suas mãos, implicava também a perda do património lapidado da “beldade angolana”, ou seja as riquezas que alimentavam o ego português.

O saldo da luta de libertação nacional é à nossa independência a 11 de Novembro de 1975, que pôs à prova nossa capacidade de auto-governar-se. O colono sem remédio abandonou em desespero o nosso território e as riquezas, e alguns partiram somente com a “roupa do corpo”.

A independência nacional levou-nos ao monopartidarismo e guerra até 2002, com um interregno de paz provisória em 1992. Alcançada a paz em 4 de Abril de 2002, o país passou a ter “vários rumos”. Por um lado, a (re)construção e por outro lado, acumulação primitiva de capitais à moda angolana(os discursos oficiais encorajavam à mordomia e os prazeres da vida).

Assim, começamos a notar com maior visibilidade acumulação do capital financeiro e político, pois, que os tornava insubstituíveis e intocáveis na governação, quer dizer que tendo tudo isso em mão, o mais sensato é (era) mantê-los irrevogavelmente ou seja todos os meios servem, porquanto o objectivo é indiscutível.

A paz pública é verdadeiramente um ganho para o país, é assim que pensa todo angolano de bom senso. Todavia, ela às vezes é defendida apenas no substrato. Reparem que a abertura do PROCESSO 15, preferimos denomina-lo assim por razões óbvias, que é a detenção dos 15 jovens angolanos acusados nos discursos oficiais de “tentativa de golpe de estado ou de subversão ao poder legalmente constituído”. É um verdadeiro precedente histórico na Angola nova, da qual tiraremos algumas ilações.

Os 15 jovens não são “nenhuns santos”, têm tido aparições públicas com argumentos “duros”, algumas vezes ofendem os poderes instituídos ou seja têm a sua forma peculiar de lutar. Aliás, beberam esta forma de luta dos mais velhos, que acusavam Salazar e pares de corruptos, anti-democráticas...

Os 15 irmãos depois de notarem que as tentativas de manifestação pública eram sempre boicotadas com gás lacrimogéneo e armas de fogo, julgaram usar outros meios de luta. Por isso, reuniam periodicamente, atenção! As reuniões clandestinas não são de hoje, aprenderam com a história, a ideia era fugirem de traidores e infiltrados tal como no passado (os mais velhos sabem melhor que nós).
Deixaremos o processo-crime andar, mas o que nos parece que esteja em jogo, não é ameaça à paz e a reconciliação nacional, salvo melhor opinião, estes valores são irreversíveis. É ameaça “acumulação primitiva de capital”, porquanto, a perda do poder político significa necessariamente, perder toda a riqueza “conquistada” salvo se houver, “perdão patrimonial” do qual África não tem boas referências.

Afirmara Maquiavel “a perda do património é mais dolorosa que a do pai” . Por conseguinte, a “prevenção” é sempre o melhor antídoto.


Domingos Chipilica Eduardo