Luanda – Mesmo depois do Presidente da República ter afirmado a necessidade da normalização da política cambial, eis que até ao momento os importadores deixaram de importar bens de primeira necessidade (Cesta Básica), medicamentos, matéria prima para as indústrias emergentes e ainda assim escassas, os investidores deixaram de repatriar os seus dividendos, os bancos comerciais estão sem capacidade de honrar os seus compromissos com os clientes nas operações cambiais licenciadas e aprovadas pelo BNA, no que toca a mercadorias e invisíveis correntes.

Fonte: Club-k.net
Será possível que não se note ainda que Angola até ao momento dando os primeiros e seguros passos para a diversificação da economia, produção industrial local ainda tenha que se ater a estes problemas? Quem tem interesse em que se mantenha ainda este cenário que a cada dia que passa tem muito prejudicado o simples cidadão? Onde vão parar as divisas frequentemente propaladas pelo BNA disponibilizadas nos leilões semanais a banca comercial? E quem é o culpado real de que os cidadãos não consigam comprar divisas para viajarem, enviar para as famílias ou da necessidade de tratamento no exterior?

Façamos um exercício simples :

- A maior parte dos angolanos gasta em média mais de 60% dos seus rendimentos nas cantinas dos “Mamadus”;

- Os “Mamadus” chegam a Angola depois das mais variadas peripécias maioritariamente (mais de 95%) com uma mão na frente e outra atrás;

- Chegados a Angola duas semanas depois já têm cantina e produtos para vender, proporcionados pelos libaneses que os contratam como empregados;

- Todas as cantinas nunca possuem multicaixas ou sequer contas bancárias, recebem apenas cash e este onde vai parar? Com certeza nos contentores usados como caixa forte pelo libaneses, eles também não possuem contas bancárias com muitos movimentos, mantendo-as apenas para aqueles casos em que impreterivelmente não podem receber pagamentos em cash.

- Este dinheiro como é movimentado? Por incrível que pareça estes valores são movimentados das cantinas para as caixas fortes (contentores) através de ambulâncias, isto mesmo, não as do serviço nacional de saúde mas por aquelas compradas e equipadas parecendo o ser, isto assim acontece porque nem sequer um polícia pode em qualquer parte do Mundo interpelar alguma em caso de demonstrada emergência médica;

- O que fazem os libaneses com estes Kwanzas todos? Quando se estima que mais de um terço da massa monetária (notas de Kwanzas) de Angola está nas mãos dos mesmos e em contentores.

Por incrível que pareça eles compram os dólares directamente no BNA.

Depois do descalabro do Ex- Governador Massano, eis que chega agora a vez de José Pedro de Morais facturar, instituiu agora dois leilões semanais de divisas, um dirigido aos bancos comerciais que recebem apenas geralmente abaixo de um quarto (1/4), isto é, se forem 400 Milhões de Dólares a leiloar, os 24 bancos comerciais recebem 100 Milhões ou abaixo deste valor, ficando o segundo leilão com os mais 300 milhões de dólares para as empresas, o próprio Governador do BNA, José Pedro de Morais no seu Gabinete os atribui cerca de mais de 70% para os tais grupos empresarias dos libaneses (Afribelg, Arosfram, Olimpic Group, Golfrate, Atlas Group, etc), esta situação está até em contravenção com a Lei das Instituições Financeiras, porque só os bancos comerciais e reconhecidas instituições financeiras como as casas de câmbios e somente eles devem de ter acesso a compra de divisas no BNA.

Outrossim quando não acontece desta forma então são atribuídos valores directamente sem leilão, como aconteceu com o Banco BIC que numa sentada levou logo 400 milhões de dólares ou o caso do Banco Keve, no qual o Governador do BNA é acionista e tem um filho como Administrador, um banco sem expressão no mercado mas que recebe sempre a maior fatia na venda de divisas alocadas a banca comercial, por causa deste conflito de interesses e em face da Lei de Probidade Pública deveria o Governador do BNA José Pedro de Morais demitir-se do cargo.

Ainda assim os bancos como o BIC, BFA e o BPC, reclamam respectivamente que necessitam de USD 990 milhões, 857 milhões e 1 bilião, para a cobertura de necessidades sobre o estrangeiro e pagamento de operações de importação que quase mais de seis meses encontram-se paradas. Consta também desta situação tal como os bancos supracitados, o Banco Millenium Angola que necessita de USD 710 milhões de operações licenciadas e aprovadas pelo BNA, com prioridade para importação de medicamentos, matérias primas e equipamentos para a Sonangol.

O BNA tem dentre as suas atribuições principais apenas de órgão supervisor do mercado financeiro, gestão da liquidez, controlo da inflação e da política cambial, mas o que se vê agora é que o mesmo no mandato do Governador José Pedro de Morais passou de Supervisor do Sistema Financeiro à banco comercial e a concorrer diretamente com os 24 bancos existentes no mercado Angolano, chegando mesmo no Centro de Convenções de Belas perante aos militantes e empresários do MPLA a afirmar que as culpas da escassez de divisas são da única responsabilidade dos bancos comerciais.

Como consequência destas acções criou-se um ciclo, o libanés compra barato os dólares no Zé Pedro de Morais, vende no Mártires mais caro, tira os lucros e vai de novo comprar no Zé Pedro de Morais, retendo sempre o monopólio sobre as notas de Kwanzas em sua posse e obrigando o Zé Pedro a pagar para imprimir mais moedas, porque as notas uma boa parte já estão com os libaneses, o que sobra das divisas os libaneses exportam através das fronteiras terrestres.
Agora meus caros cidadãos cheguem as vossas conclusões de quem realmente é o culpado pelo agravar da escassez de divisas no mercado, fora o facto da baixa do preço do petróleo?