Lisboa - Um grupo de jovens concentrou-se em frente ao Consulado angolano em Lisboa para exigir a libertação imediata de ativistas presos neste país africano. E já se preparam mais protestos deste género em Portugal e em Angola.

Fonte: DW

O protesto simbólico que teve lugar na tarde desta sexta-feira (17.07), na capital portuguesa, procurou ser o precursor de mais ações por parte da sociedade civil portuguesa no sentido de se acabar com a repressão existente em Angola.

 

O protesto foi convocado por um grupo de cidadãos que estão preocupados com as constantes violações de direitos humanos registadas em Angola. "É uma chamada de atenção", explica a portuguesa Margarida Lima, uma das impulsionadoras desta vigília simbólica que quis "trazer este problema que está a acontecer em Luanda para as ruas, para a frente dos representantes do Governo angolano em Lisboa".

 

Segundo Margarida Lima, "é uma mensagem de solidariedade, de muito respeito e de muita admiração por estas pessoas que estão presas em Luanda". A maioria dos portugueses, "até mesmo ativistas", acrescenta, "não tem bem a noção do nível de repressão vivido em Angola".

 

A portuguesa, que faz parte de um jornal independente, diz que este protesto não foi convocado por nenhuma associação, mas por um grupo de jovens – alguns dos quais ligados a espaços culturais alternativos – que se auto-organizaram tal como os jovens ativistas detidos em Luanda.

Fotografados por funcionários consulares

Pouco depois de ter começado o protesto, Margarida Lima descreveu via telefone à DW África como estava a decorrer a vigília em frente ao Consulado de Angola em Lisboa. "Muita polícia, muitos agentes do consulado a fotografarem-nos, mas estamos tranquilos. Temos faixas e estamos a distribuir folhetos com informação".


Segundo a jovem manifestante, a própria polícia avisou-os que os funcionários do Consulado não tinham autorização para lhes tirar fotografias. "E pediram-lhes para que parassem de nos fotografar."

 

João Paulo Batalha, o diretor executivo da organização não-governamental Transparência e Integridade – Associação Cívica (TIAC), considera importante que "a sociedade civil em países como em Portugal se mobilize em defesa dos presos políticos angolanos".

Para o representante da TIAC, é "inqualificável do ponto de vista dos direitos humanos" que os jovens ativistas estejam presos pelo crime de se reunirem e por terem opiniões críticas sobre o regime.

Silêncio "complacente" de Portugal

"Angola está rapidamente a deixar de ser um país democrático e está a transformar-se aceleradamente numa ditadura, em que o poder político é cada vez mais forte com os cidadãos", sublinha ainda João Paulo Batalha.

O diretor executivo da TIAC critica o silêncio do Governo português por não tomar posições acerca destes actos de repressão registados em Angola.

"Os sucessivos governos em Portugal têm uma atitude de absoluta subserviência com o poder angolano e de complacência com a corrupção", acusa.

Têm de ser os cidadãos em Portugal e em Angola a protestar e a denunciarem estes "negócios políticos", diz João Paulo Batalha, porque "há falta de vontade dos responsáveis políticos".

A DW África apurou que já estão a ser preparados mais protestos desta natureza tanto em Portugal como em Angola. Para 29 de julho está agendada para a capital angolana, Luanda, uma manifestação para denunciar "detenções arbitrárias" e "perseguições políticas". E também para exigir a libertação dos ativistas detidos recentemente.