Luanda  - Há um tempo atrás escrevi um artigo neste fórum que falavam sobre a deterioração das condições sociais de muitos angolanos (com o título “Os dias melhores que tardam a chegar”). Alguns criticaram‐me por acharem que estava a ser muito pessimista e que as coisas não eram tão más como as colocava. Bem apesar de reconhecer grandes avanços em alguns sectores da nossa vida, existem áreas que parecem não ter dado passos qualitativos. Estamos a viver uma fase nublada de muitas reticências. Então vejamos: 

Fonte: Club-k.net

O acordo entre as potências ocidentais e o Irão relativamente ao programa nuclear deste último poderá fazer com que as sanções impostas pelos primeiros sejam levantadas. Com isso as enormes reservas de petróleo Iraniano voltarão a “jorrar com toda a força” e abastecer o mercado internacional (já muito saturado) com ofertas desse produto. Logo, o preço do petróleo que parecia estabilizar‐se nos US$65 por barril corre o risco de baixar. O mais agravante no meio de tudo isso é que o custo de produção do petróleo no oriente médio é muito mais baixo do que em outras zonas do mundo. Logo muitas das grandes empresas poderão querer entrar naquele mercado. Sem a pressão e ameaças das super potências ocidentais, o Irão é um país relativamente estável em termos políticos e a estabilidade é o ambiente propício que as mulitinacionais do sector energético precisam para invest no petróleo e gas. Vislumbra‐se por isso, um grande êxodo destas empresas em países com custos de produção mais elevados, como é o caso de Angola. É o mesmo que dizer que corremos o risco de nos afundarmos com o nosso petróleo, porque muitos poderão não querer mais investir nele. A pesquisa e a produção em águas ultra profundas está a torna‐se impraticável para muitas empresas e perante a actual conjuntura começam a pensar com maximizar os seus investimentos. Como somos um país imediatista e que gosta do show off, a nossa arrogância e banga não nos permitiu prever este quadro sombrio com a humildade que se impunha. Por outro lado, as descobertas do ouro negro em países como o Senegal, Gana, São Tomé e as grandes reservas de gas natural em Moçambique vêm provar a desconfiança de muitos experts que defendiam em tempos idos: Todos os países são potencialmente ricos em recursos energêticos.

Onde pretendo chegar? Tivemos os nossos melhores dias do boom e dos lucros gigantesco da nossa produção de petróleo. Gizamos alguns projectos indispensáveis para o equilibrio social, como são os casos de casas, estradas e outras infrastruturas chave. Porém, e infelizmente, os investimentos nas infrastruturas não foram feitos em simultâneo com outras áreas que nos iriam permitir diversificar a economia. A área mais importante, a agricultura, não recebeu a atenção devida e o país agora está numa grande encruzilhada e com um futuro de grandes desafios. Nos próximos tempos poderemos ver empresas petrolíferas deixarem de investir em Angola e assim muitos angolanos irão ficar no desemprego. Repito muitos angolanos, porque para além dos funcionários que trabalham de forma directa nestas empresas, existem muitos outros que prestam serviços a estes de forma directa e indirecta. Portanto, estamos a falar de um quadro que pode ser aterrorizador. Mesmo a Sonangol e muitas das suas subsidiárias poderão ver‐se obrigadas a reduzir o seu pessoal de forma drástica.

em massa na função pública, porque admissão de novos funcionários na função pública, nos próximos tempos poderemos ver alguns funcionários serem despedi

O novo empréstimo contraido à China poderá não resolver os nossos problemas a médio e a longo prazo. Este ano não houve concurso público para admissão de novos quadros à função pública e nos próximos tempos o estado poderá ver‐se obrigado a despedir funcionários, porque tem que haver contenção de custos naquele nível, porque os dias não se afiguram fáceis.

Como solução, usemos o empréstimo da China para impulsionar a produção nacional, principalmente para aqueles produtos que podem promover a economia de escala. Se assim não for, nem quero imaginar como será a vida entre nós nos próximos tempos. Agora comporto‐ me como um adepto que torce para que as “fintas e dribles” do executivo se traduzam em “golos”, para o bem de todos os angolanos. Enquanto isso, apertemos os cintos, meus senhores.