Luanda - Cada dia que passa surpreende‐me a forma menos inteligente, como é gerido o País, deixando mesmo a impressão de que ou José Eduardo dos Santos tem maus conselheiros ou então trata‐ se de uma desorganização organizada (passe o pleonasmo); Porque no meu ponto de vista o Governo Angolano perdeu a essência de Governação, estando agora a procurar aquilo como se diz na gíria, tapar buracos, cuja moral do termo é, mais tarde ou mais cedo abrir‐se‐ão novamente.

Fonte: Club-k.net

O que o País precisa é de um Governo sério e responsável que olhe para todos os Angolanos de modo igual. Um Governo que nos bons e maus momentos esteja sempre ao lado do povo, com ele partilhar alegrias e tristezas. O país precisa de um governo do povo e para o povo. Contrariamente, o Governo do MPLA, não está em altura de corresponder à estas espectativas. Assistimos um descompasso entre aquilo que são os problemas reais dos Angolanos e as tímidas respostas que se colocam a disposição. Como se não bastasse, aliás sempre foi característica da incompetência, recorre‐se a uma auto defesa desnecessária e desmedida obrigando a todos a aceitarem o estado da situação. Prova disso, são os constantes atropelos aos direitos e liberdades fundamentais consagrados universalmente e na Constituição da República de Angola. Tais são os casos recentes da repressão de Manifestações pacíficas; as detenções de activistas cívicos e de jovens revolucionários; em Cabinda assim como em Luanda só para citar alguns, acompanhado de humilhações e torturas psicológicas, como se não bastasse os discursos daquele a quem os cidadãos deveriam desconfiar não estar por detrás, face a responsabilidade que pesa sobre si, o Presidente da República, antes pelo contrário vêm confirmar a sua conivência sobre tais actos que muitas das vezes se prescrevem criminosos. Perante esta situação pergunto‐me: para onde a estes passos caminha Angola?

José Eduardo dos Santos posicionou‐se num paralelismo ou mesmo, acima das Instituições quer seja do Estado quer seja do seu próprio Partido. Para quem, os intelectuais, os religiosos etc. curvam‐se ingenuamente de forma desacautelada, a troco de migalhas. Faz parcerias com outros Estados sem consultar ninguém. Como é o caso mais recente da China e outros onde não me parece parceria; pois no verdadeiro sentido da palavra, a parceria implica recíprocas vantagens e não tem sido este o caso do nosso país. Já vimos muitas ditas parcerias porém, o povo continua mergulhado cada vez mais na miséria. Perante estas situações como não reclamar!

Pergunto‐me mais uma vez para onde caminha Angola? Um país onde já se declara golpe de estado com uma caneta e caderno na mão; um país onde não se pode reclamar nada e quem tentar as portas da prisão esperam por ele?

Apesar de ser Angolano e com muito orgulho, para o bom Nome da ONU, hoje já é questionável sobre os critérios que estiveram na base da selecção de Angola como membro não permanente do Conselho de Paz e Segurança, por existir um paradoxo, pelo menos com este Governo, quando nem mesmo nestas vestes respeita a dignidade humana.

Como não reclamar quando não há transparência na gestão da coisa pública; Quando os ex‐ militares aqueles que deram tudo de si, passados 13 anos de paz esperam impacientemente pelas suas pensões de reforma; como não reclamar quando as mulheres acabam por dar a luz nas portas das maternidades devido a inexistência de condições básicas exigidas, quando o

índice de mortalidade infantil tende a subir por falta de medicamentos nos hospitais; Como não reclamar quando o nível de desemprego atinge proporções alarmantes e o Plano Nacional de Desenvolvimento da Juventude não passa do papel; como, como não reclamar se há mais cadeias que centros de formação profissional e a mão‐de‐obra que deveria neste momento desenvolver o país, a juventude, constitui 95% do universo da população prisional?

Angola precisa de se libertar do Neocolonialismo e abraçar a verdadeira democracia. Aposto que não haverá mais 27 de Maio em Angola como nos querem fazer crer. Estamos no Século 21. Aos Governantes; acordem esta é nova era; um 27 de Maio hoje vai ditar automaticamente o fim catastrófico da ditadura, porque se deixar escravizar também é uma opção.

Agostinho Kamuango