Luanda - Caros amigos e amigas Facebookanos. Advirto de antemão: “Este texto de reflexão é longo. Não queria publicá-lo assim, mas ao procurar omiti-lo, julguei seria eu próprio omisso no meu juízo e não suficientemente claro e objectivo ao expor as minhas ideias. Por isso, recobro a vossa paciência, para bem nos informarmos e relançarmos o debate de uma questão que nos está como a espinha encravada na garganta”.

Fonte: Club-k.net

A CHINA COMPROU ANGOLA

Digam se eu minto e em que aspectos?

Quando somos catedráticos ou doutores é preciso ter cara de pau para aceitar defender o indefensável e assumir a responsabilidade de inverdades, sobretudo quando sabemos que os alunos lá na FAU ou a Plebe nos cadeirões e poltronas das nossas casas, mesmo sendo cubatas de adobes ou blocos, estão a rir-se do espalhafato que fazemos.

Os doutores que são chamados a comentar nos plateaux das televisões ou estúdios das rádios, temas ligados a todos nós, deveriam logo em seguida olharem-se num espelho _ até porque se reconhece grande bagagem académica e intelectual em todos eles, só pecam porque são forçados a trocar o saber que armazenaram ao queimarem as pistanas e ganharem calos nas carteiras, pela ideologia do Partido que os pagam; subentendido, forçados a venderem a imagem ou de aldrabões, ou de certa ignorância concebida.

Não me vou aqui cingir em números e equações aritméticas para abordar este casamento adúltero entre Angola e a China. Vou procurar partilhar aquilo que desde então temos vindo a esclarecer sobre o assunto em termos de perspectivas e que hoje nos encontramos no seu prenúncio.

As relações China / Angola nos moldes em que se apresentam, são um autêntico acordo de submissão dos angolanos, se vermos a maneira como os porta-vozes do Executivo esfregam as mãos e os jornalistas abrem os olhos para relatar os acontecimentos, usando verborreias. Quem fala a verdade, não faz longos discursos e não busca interjeições para clarificar o FACTO CONTUNDENTE. Quero dizer: os senhores que se oferecem a comentar sobre isso, mentem o Povo.

Porquê?- Não há concorrência. A China entrou com tudo e nenhum outro país no quadro da mesma cooperação internacional se apresenta para contrapor as exigências da China e oferecer aos angolanos a possibilidade de escolha.


Ora, nas regras de qualquer Mercado, mesmo de traficantes, oxalá não seja este o caso, aprende-se que: “Quando há concorrência, o produto comerciável, é sempre sobrevalorizado. Quer dizer fica mais caro”. Neste caso o produto que Angola tem a vender, mesmo que sejam as terras, se fosse posto em leilão com a participação de outros compradores, teria outro preço. Não é o caso. A China está sozinha na corrida e dita todas as regras do negócio a um quitandeiro que se apresenta esfarrapado, aflito, mendigo. O Angolano só tem que curvar a cabeça. Nos últimos tempos e a tentar frear esta loucura dos dirigentes angolanos é que vão surgindo os ocidentais, aproveitando vagas que a Cidade Alta deixa para não azedar relações com o mundo dos fortes.

OUTRO PECADO QUE SE COMETE

Não podemos continuar infinitamente a adorar os chineses pelo facto de nos terem ajudado em 2002.

Os dados aqui estão mal colocados e o debate falseado, logo a equação dará sempre errada. A problemática China/ Angola é levada mais para o lado da propaganda partidária, com fins de escamotear o fundo da verdade, desviar a atenção dos cidadãos, dar razão aos quitandeiros e defendermos a legitimidade de terem desviado aqueles biliões de dólares dos acordos rubricados para o dito Plano de Reconstrução Nacional, logo após guerra, e a cargo pessoal do General Kopelipa e da Casa Militar da Presidência, e agora estes cerca de 25 biliões que logo à partida já não fazem parte dos cofres do Estado Angolano, porque já foram retalhados em cada dito empresário selectivamente escolhido e que integrou a Caravana, a começar pela filha do Presidente da República, Isabel dos Santos que e não é muito comum de sua parte, durante a visita do Presidente não popupou lisonjeio em falar à imprensa vezes sem conta sobre a importância destes acordos, ou ainda o pedaço restante atribuído às empresas mesmo as fantasmas (quer dizer aquelas que só existem no papel, que só têm um empregado, o próprio dono).
O Clube dos empresários angolanos por via do seu Secretário queixou-se de praticamente estar excluído de tudo isso, de não ter beneficiado quase nada já no primeiro pacote, e não ter linhas para coser neste. O que tudo indica, mais uma vez esta negociata com a China só veio para tornar mais robusta a Família Real e a clique nepotista e oligárquica que a circunda.

GRAÇAS À CHINA ESTAMOS VIVOS

Isto é outro falso argumento e arcaico Juizo de valores.

A China não tirou o povo Angolano da agonia coisa nenhuma. Uma coisa é certa, já não estavamos em guerra. Por isso, nada nos empurrava para precipitações e se tinhamos acordos belicistas de aquisição de armamento até do desnecessário, poderiamos ter paciência de ponderar em mitigar as urgências do momento e estruturar melhor as nossas propostas para os objectivos preconizados que era fundamentalmente do binómio (Reconstrução/ Desenvolvimento). Quer dizer: Reconstrução e Construção das estruturas e infraestruturas físicas nos múltiplos sectores da economia; em paralelo com o Desenvolvimento do Homem Angolano nas suas mais intrínsecas dimensões físico-anímicas, este como a pedra angular de todo o processo de transformação desde os impactos negativos da catástrofe da guerra para o progresso concentâneo-conjuntural do presente ajustável, para um futuro muito mais seguro e promissor no contexto de outros povos estáveis, digo bem do mundo, porque em África não há exemplo que se lhe siga.
Na verdade, não foi esta intenção. O que os dirigentes buscaram foi endinheirar algumas pessoas a coberto de falsos alibis.

ENRIQUECIMENTO ILICITO E DESUMANO

Como se viu, no mesmo período, alguns poucos generais e pseudo-ministros, de camponeses miseráveis ou pobres coitados das aldeias e mussekes, num ápice ou numa velocidade meteórica, se catapultaram para a ribalta de ricalhaços e milionários, a disputarem com mega-bilionários não já da Europa, mas dos EUA e no Sprint de figurarem nos GUENESSES dos fortes e poderosos do mundo. É o que farta vez o Bi-Semanário Folha 8 denunciou e como Director Adjunto de William Tonet, que lhe valeu quase uma centena de processos em Tribunal, valeu-me à mim, a abertura de Processo que venho respondendo na ex-DNIC, supostamente por difamação aos mais velhos que estão imaculados e são inocentes desta realidade aqui pintada a Preto e Branco.

GOLPE DE MESTRE

É falta de vergonha na cara negar que no mesmo periodo destes emprestimos da China, no mesmo período em que se propala aos quatro ventos a conquista da Paz e a Estabilidade em nome das quais exigem que nos transformemos em cães obedientes, como dizia, na mesma Angola em que eles habitam: “Uns poucos se tornaram bilionários e milhões continuam a lutar em permanente sufoco entre a miséria e a pobreza; entre a sobrevivência e a subsistência”. Pois, senão, não se justificaria os programas de luta contra a miséria ou pobreza ainda denunciados esta terça-feira 21 de Julho 2015 (13 anos depois) pela General na Reforma a antiga combatente das FAPLA, de seu nome Rodé Teresa Máquina Gil – RODÉ GIL, em entrevista ao brilhante José Rodrigues da LAC, no seu Programa Café da Manhã, passa a publicidade. Ponto de vista este também em reprimenda reiterado pelo ex-deputado, jornalista e Membro do Comité Central, Adelino Marques de Almeida no mesmo programa na semana anterior.

E se houvesse o bom-senso e a inteligência prospectiva, suficientes (quer dizer lançar os dados de análise e previsão para lá da linha do horizonte de tempo e espaço e não velar apenas para objectivos somente ao alcance da ponta do nariz), certamente hoje teriamos ganhos muito mais significativos numa abordagem na perspectiva de preço qualidade e de abrangência verdadeiramente nacional e para longos e felizes anos. Ora, esta ajuda da China, saiu-nos muito mais caro e vamos pagar um pesado tributo até a terceira geração futura. Da China, em troca importamos mediocridade, improvisos, obras do TUDO A TOA e todas elas, quase sem excepção, vão ter de ser refeitas, com a agravante de não termos formado académica e profissionalmente os Angolanos para assumirem com as próprias mãos os destinos do país, tudo porque pretendemos tirar mais lucros individuais com a política de importação, com as obras de esferovite, com a sobrefacturação, para discriminar e desprezar os outros, exportando os capitais para investir noutros países ao invês de aplicar aqui, criar empregos e consequentemente promover o bem-estar e o equilibrio social, para uma estabilidade não coersiva, sim natural e de livre arbítrio.

MENTIRA! O OCIDENTE NÃO ABANDONOU ANGOLA

Oiço aqui e acolá, mais velhos de barba rija e branca, PHD’s ou Catedráticos, Comentaristas ‘exímios’, nas televisões, rádios e jornais a denegrirem suas conquistas académicas e intelectuais, a ferirem a susceptibilidade de seus alunos e estudantes, nas escolas, FAUS ou Academias, com análises muito supérfluas, mas nada profíquas ou pouco abonatórias, sobre o porquê que o Presidente José Eduardo dos Santos entregou Angola de Mão Beijada, aos Chineses. Eles sabem que mentem.

Para além dos motivos atrás evocados, o Ocidente, sem descorar os excessos das suas exigências, foi simplesmente posto de parte na corrida. Não foi muito por JES e o MPLA terem optado pelo ditado: “Quando se está no buraco, não olha para a mão que de lá te vai tirar”!

E só houve a rejeição por parte dos nossos governantes, das condições impostas pelo BM – Banco Mundial ou pelo FMI, Clube de Paris e outros, na altura das negociações para a concepção dos créditos, simplesmente por sermos africanos e os nossos dirigentes só pensarem no enriquecimento pessoal e nos resultados imediatos.

Repito. Os chineses ou com os dinheiros dos chineses, construiram o passado e não colocaram os arcabouços ou alicerces para o futuro. Tenho dito: procuraram avançar, mas com as caras viradas para trás. E o MPLA continua um enigma, uma autêntica ficção.

65% de todo o tipo de obras que os chineses fizeram em Angola vai ter de ser refeito do fundo ao cimo. Não têm qualidade absolutamente nenhuma, nem projecção arquitectónica e urbanística para as exigências do futuro. Como já disse, tudo foi feito para remediar, tapar furos, porque a quantidade dos dinheiros que deviam ser investidos para comprar material exigido e adequado para a solidez e perfeição das obras, foi roubado. No lugar de material convencionalmente apropriado, comprou-se e aplicou-se o contrafacturado, a imitação e o inapropriado; as quantidades foram literalmente reduzidas, com a agravante de ter sido aplicado por pseudo técnicos e especialistas, de facto não especializados, ou seja: aventureiros.

Em termos humanos, quase nada foi investido para se responder aos pressupostos do Plano do Milénio da ONU na construção do Homem Novo. Os angolanos foram excluídos, até dos trabalhos mais reles. As teorias avançadas no quão colorido PND – Plano Nacional de Desenvolvimento, os papagros e diabo oito, os fundos soberanos e toda panóplia de saque, foram acima de tudo caricaturais, serviram para ludibriar de boas-intenções, mas no fundo, para os seus mentores amealharem dinheiros que nunca foram justificados, nunca foram cobrados, porque gatuno não pode acusar gatuno ou ladrão não tem propriedade moral para mandar prender outro ladrão.

Portanto, é nisso mesmo onde reside o segredo da verdade. Os chineses não exigiram nada porque não precisaram exigir. Os chineses não impuseram condições porque primeiro tinham dinheiro para jogar no mar, segundo eles inteligentes que são, muito mais do que, sabiam que os ganhos naquele presente e futuros imediatos eram abismais. Precisavam das terras e já tinham catalogado com a performance dos satélites, aquelas mais produtivas e rentáveis e onde poderiam evacuar grande parte dos mais de 1.6 biliões de almas chinesas que se amontoam na terra da Grande Muralha.

Na verdade, os dirigentes angolanos não se interessaram pelas obras e sua qualidade, nem na necessidade de partilhar o ganho com o resto do povo. Os dirigentes assustaram-se quando os chineses colocaram os biliões de dólares na mesa. Cada um olhou para a sua algibeira e todos eles quitandeiros hipotecários, olharam para os angolanos, mandaram lixar e compreenderam que como miseráveis no pós-guerra, se fossem promovidos a pobres, com algumas migalhas estes angolanos se contentariam e bateriam palmas o resto da vida inteira, dando graças, mais uma vez, ao Camarada Presidente, o único, e por vias disso adoptariam a China que os salvou, como “O Sagrado da Eterna Aliança – a Arca de Noé”. Foi o que aconteceu.

E com todo o respeito, mas o Presidente da República, chegado a Angola, mandou passear os deputados que gritavam para que ele fosse explicar na Assmbleia ou na casa da Soberania Nacional o que foi fazer na China, e o que se passou lá, já que quando partiu, nada disse.


O PR ignorou os deputados dignos representantes do Povo, ou melhor desprezou os deputados da oposição, e falou no seu Comité Central o que bem lhe apeteceu sem debate contraditório, sem perguntas e respostas.

O OCIDENTE NÃO TRAIU

O Ocidente não é arruaceiro. Ao contrário da China, o Ocidente exigiu respeito aos princípios dos Direitos do Homem e dos cidadãos. Nesses países as leis funcionam na cultura da legalidade republicana e o Presidente do país, como diz Abel Chivukuvuku: É na realidade prática e rigorosa, simples gestor temporário da coisa pública “RESPUBLICA”, o que é de todos nós. Uma vez fora do poder ou se algo sair ‘fora’ dos eixos terá de responder na justiça com o risco de ir para cadeia ou indemnizar.

Os dirigentes angolanos queriam tudo à lufa/ lufa, para roubarem como roubaram sem que alguém os cobrasse como acontece agora. O Banco Mundial, o FMI e outros credores impuseram rigor e fiscalização, exigiram como contra-partida do empréstimo, que se aplicasse a moral no tratamento com os cidadãos, exigiram a distribuição justa, transparência na gestão dos dinheiros, mas também obras de qualidade; não estas estradas esburacadas em todos os eixos que ligam Luanda com o resto do país, que são autênticos corredores da morte; hospitais a raxar, prédos inclinados, centralidades sem nexo nem condições de habitabilidade para a desenvoltura de um ser humano do século XXI e seguintes. Nenhuma, repito, nenhuma obra, salvo a que servem seus interesses, nenhuma via de circulação está em condições; as pontes muito estreitas e improvisadas. Falo com propriedade e conhecimento de causa, porque através do Programa 15/ 15 do Presidente Abel Chivukuvuku, tenho tido o privilégio de palmilhar Angola por estrada de Lés-a-Lés.

A INVASÃO FATAL

Tenho repetido nos meus textos e várias vezes sublinhei no FOLHA 8: Por isso não me canso de alertar: « Um povo invadindo progressivamente uma nação com seus produtos, chega à dominá-la também completamente como se a tivesse conquistado pelas armas. A dependência económica cria logo a dependência política».

Por outras palavras, “A invasão económica e agora em meios humanos da China, é muito mais perigosa do que uma hipotética invasão militar. Se se tratasse de uma invasão militar, a China seria forçada por todos os meios a retirar-se do país. Pelos moldes actuais, os angolanos só têm que se assujeitar, salvo se beneficiem de um milagre de Deus ou se decidam a reagir diferentemente. Do contrário é esta a tipificação do neo-colonialismo. Quando evocamos a pobreza, o subdesenvolvimento, os conflitos sociais, a insegurança interna, nada mais é senão as más políticas de governação. Para além do presente, nos esquecemos sempre das consequências futuras, muito mais graves, com implicações seríssimas para a única arma que restaria aos pobres autóctones: o nacionalismo e patriotismo na Nossa Própria Terra que vai se escapando debaixo dos nossos pés. Nós queremos ser donos do nosso próprio destino.

NÃO SOMOS XENÓFOBOS OU CHAMEM APÁTRIDAS

Temos o direito de gritar pelos nossos direitos e estar atentos aos abutres que nos querem esfacelar. A Legião chinesa está mesmo a invadir Angola por vias secretas, ao abrigo da escuridão, por isso ninguém pode precisar quantos tecnicos verdadeiros, quantos chineses contratados ou cangaceiros estão em Angola e escondidos nesses povoamentos ocultados no interior do mato ao longo das vias por onde temos passado. A embaixada de Angola, ou os consulados reportaram a tempos que estavam cansados de passar vistos aos chineses para Angola que se estendiam a centenas de milhares por dia ou mês. Que nos desmintam isso por favor. Estes terão consequências negativas sim senhor.

O PLANO MARSHALL NA EUROPA APÓS II GUERRA MUNDIAL

INTRUJÕES

Ou são intrujões acima do BOCAGE, ou nos sentimos mesmo negros retintos até a medula que temos de evocar Guerra ou periodo de transição para a estabilidade até ao fim das nossas vidas.

O Plano Marshall na Europa vingou em menos de 5, 10 anos (para alguns países). A Europa com essa Guerra, ficou em pedaços, em escombros e seu tecido humano completamente dilacerado, mas não precisou de uma eternidade para se recompor e não me venham cá dizer que eles tinham tudo o que nós não temos.
O que os brancos ocidentais tiveram à mais do que nós, foi juízo, humanismo e espírito vincado de solidariedade na administração da ajuda que receberam nesse período periclitante da sua história. Não foi como os angolanos que maldosamente se preocuparam mais a roubar, e agora com a força das armas e do xicote, querem impôr o silêncio aos povos roubados.

O Plano Marshall, consagrado ao General Americano George Catlett Marshall (Prémio Nobel da Paz 1953) que na qualidade de Secretário de Estado do Presidente Americano de então, Harry Trumam, em 1948 teve a excelente iniciativa de propor o Plano de Salvação denominado PLANO MARSHALL, cujo pacote americano da ajuda foi administrado não por personalidade, mas por uma instituição criada para o efeito na altura: “ A Organização Europeia de Cooperação Económica”. A Europa, em cinco anos, sim de austeridade, graças a essa gestão milindrosa, aos projectos qualificados milimetricamente, se ergueu e jamais parou de crescer. Hoje cada cidadão reivindica um lugar na Lua.

TENHO DITO
Félix MIRANDA