Luanda - Activistas angolanos pretendem alertar esta quarta-feira, com uma "manifestação pacífica" em Luanda, para a "violação dos direitos humanos" e "prisões arbitrárias" em Angola, mas receiam que a intervenção policial trave o protesto.

Fonte: Lusa

Pedro Pedrowski "Teca", um dos organizadores do protesto de Luanda, oficialmente convocado por um grupo auto-intitulado de "activistas cívicos de vários extractos sociais" e que integram movimentos de contestação ao regime angolano, explicou que o objectivo é contestar as "perseguições políticas" em Angola.

"Estamos a contar com muita gente, desta vez a solidariedade é maior. Falando apenas com petições e apelos nacionais e internacionais as nossas autoridades já não dão ouvidos, não se comovem. Infelizmente, estamos a ser forçados a tomar esta acção mais radical, mas constitucional, para reivindicarmos os nossos direitos, de forma pacífica e ordeira", disse à Lusa.

A manifestação, explicou, realizar-se-á sob o lema "Chega de prisões arbitrárias e perseguições políticas em Angola" e prevê a concentração pelas 15:00 de quarta-feira, no Largo da Independência, no centro da capital.

"Haverá tanto policiamento, de serviços de inteligência e da Polícia Nacional, que mais uma vez vão tentar impedir a realização desta manifestação, mas nós estaremos lá para o exercício da cidadania consagrado na nossa Constituição e porque não estamos a cometer nenhum crime", apontou, aludindo à intervenção policial que impediu a realização de várias outras manifestações, em moldes semelhantes, nos últimos anos, inclusive com detenções.

A realização do protesto, conforme decorre da Lei, foi participada por escrito ao Governo Provincial de Luanda, o qual, segundo os organizadores, solicitou informação de identificação sobre os promotores.

"Na última informação que recebemos [do governo provincial] referia ‘informar os requentes para que cumpram com a lei'. Então, nós vamos cumprir com a lei e vamos realizar uma manifestação pacífica", assumiu Pedro Pedrowski "Teca".

O protesto foi motivado pelas detenções de activistas em Março, caso de Marcos Mavungo, em Cabinda, e em Maio, de Mário Faustino, em Luanda - este último libertado já em Julho -, na sequência de manifestações contra a alegada violação dos direitos humanos e contra o Governo.

A situação, dizem os organizadores, agravou-se a partir de 20 de Junho, com a prisão preventiva de 15 jovens activistas, suspeitos de estarem a preparar em Luanda um atentado contra o Presidente e outros membros dos órgãos de soberania, num alegado golpe de Estado, conforme informou à Lusa, na ocasião, a Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola.

Na carta informando da convocação deste protesto, os promotores denunciam a "injustiça e arbitrariedade cometidas pelo Governo angolano" e que pretendem exigir "a libertação incondicional dos mesmos presos políticos".

Garantem que há informações apontando para a realização, no mesmo dia, de outras manifestações do género em Angola, nomeadamente na província do Uíge, bem como em países europeus, incluindo em Portugal.

"Nós exigimos a liberdade dos nossos companheiros de luta e de todos os presos políticos em Angola. Queremos dizer basta a estas violações", rematou Pedro "Teca".