Luanda - Quando li a denúncia de um cidadão sobre os esquemas praticados por alguns funcionários da SONIP/IMOGESTIN SA, em nenhum momento passou ­me pela cabeça, que estaria hoje em situação similar! Sou Ngongo Mbaxe Paulino Mateus, Solteiro de 30 anos de idade, professor de profissão, colocado no Município do Ambriz, Província do Bengo.

Fonte: Club-k.net

Consegui com meios próprios e sem prejudicar ninguém, um apartamento na Centralidade do Sequele, vulgo Centralidade de Cacuaco. Em Abril do ano passado, criei as condições básicas colocando um gradeamento, lâmpadas e colmatei algumas deficiências que o apartamento apresentava. Importa realçar que todos os trabalhos foram feitos pelos chineses e que eles não faziam nada sem a apresentação do contrato.

Sempre frequentei o meu apartamento com parentes, amigos e nos finais de semana passava lá as noites, pois, nos dias normais de expediente estou no Ambriz a trabalhar.

De Abril do Ano passado a Junho deste ano, tudo parecia um mar de rosas, pois não é todos os dias que um pobre professor, filho de camponeses humildes consegue uma casa numa das centralidades do país. Quando menos esperava, vou até o meu apartamento encontro o gradeamento trocado e as fechaduras também!... por algum momento, pensei que me enganei, mas não, estava no edifício certo e no apartamento certo. A vizinha ao lado, informa­me que o apartamento estava ocupado por um Jovem identificado por Michel já há duas semanas!... Exclamei! Como assim?! Fui logo à esquadra policial da centralidade, apresentei uma queixa e a polícia pediu­me para voltar no dia seguinte.

Esperei pelo outro suposto dono e no referido dia não compareceu. No dia seguinte, desloquei­me muito cedo ao apartamento e encontrei o Jovem. Apresetei­me e expliquei as razões da minha estada lá, tendo­lhe solicitado que apresentasse a documentação uma vez que ele alegava também ser o dono do apartamento. Respondeu­me que o contrato não estava com ele e que

tinha que aguardar a pessoa que estava com a documentação!... durante o momento de espera, voltei a esquadra e os agentes da (des)ordem, orientaram­me a apresentar a queixa à Administração da Centralidade. Sem demora lá cheguei e apresentei a minha preocupação. Fui atendido pela fiscalização que notificou o indíviduo para o dia seguinte. No dia seguinte, levei a documentação toda (Contrato, Comprovativo de Pagamento, Comprovativo de actualização da base de dados, porta­chaves com a etiqueta onde constam as referências do Apartamento e a guia de pagamento da SONIP). A outra parte levou apenas um contrato sem data e cópia do BI passado em nome de AGOSTINHO MIGUEL LIMA (ele mesmo!), o ex­Administrador Municipal de Cacuaco e que exerce actualmente as funções de Director Nacional das Eleições no Ministério da Administração do Território, pois o ocupante ilegal do meu apartamento é seu filho, que juntamente com o seu sobrinho são parte integrante do esquema de burla montado na centralidade do Sequele!...

Não tendo apresentado a documentção completa, a fiscalização pediu a comparência do senhor Lima, pois, o pseudo contrato está em seu nome! O mesmo compareceu sem a documentação e assumiu que tirou do apartamento as minhas coisas bem como arrombou o gradeamento! Disse ainda que não foi ele quem pagou o apartamento, mas um sobrinho seu... Segundo ele, isso não era problema nosso, era problema da SONIP que vendeu o apartamento a duas pessoas.

Depois de ouvidos pela fiscalização, fomos aconselhados a ir à IMOGESTIN SA e confirmar de quem era o nome que se encotrava na base de dados. Concordamos e trocamos os contactos com o Senhor Agostinho Miguel Lima e também do seu advogado de quem se fez acompanhar... Mas como há teatro para tudo, hoje esses senhores que de retórica são muitos bons, não me atendem os telefones!...

Desloquei­me à IMOGESTIN e confirmei o meu nome na base de dados, ou seja o apartamento é meu! Alguém quer se fazer de todo poderoso e protegido para receber a minha casa. Voltei a polícia para tirar o intruso da minha casa, a polícia diz que tenho de abrir um processo crime e esperar que o tribunal decida. Mas Camaradas! É mesmos assim que as coisas funcionam neste País?! A casa é minha e só porque o filho do chefe ocupou tenho de ir a tribunal? Para quê? Até já imagino a sentença!...

 

Senhor Lima, eu tenho uma família que também merece dignidade. A pátria é tão minha quanto do filho do Ministro, do filho do Director Nacional ou até mesmo do filho do Presidente da República. A nação não se faz com prepotentes e invasores.

Pelo que apurei, somos, só na centralidade do Sequele, mais de 62 famílias nestas condições.

Senhor Agostinho Miguel Lima, eu também sou filho de Angola.

Quero a minha casa.