Luanda - Abel Chivukuvuku, fustiga a indefinição da data para as eleições presidenciais, deixa no ar a sua eventual candidatura e atribui os 80% do MPLA nas legislativas em parte à ausência «dos grandes actores».

Este membro da Comissão Política Permanente da UNITA, derrotado pelo actual líder dos maninhos nas disputas internas, assinalou ontem a sua fulgurante “rentrée” política em Benguela.

Teceu as citadas considerações, falando aos microfones da rádio Ecclesia, à margem do debate por si animado ontem em Benguela sobre a normalidade constitucional, debate promovido pela popular ONG Omunga.

Como cidadão, nada me impede

Salientou, na entrevista, a sua compreensão em relação aos sectores da sociedade que o consideram amiúde como o melhor adversário ao actual presidente do MPLA e da república.

«É legítimo que os cidadãos tenham este ponto de vista e eu tenho noção e compreensão destas expectativas. Por força dos estatutos do nosso partido, o candidato do partido às eleições presidenciais é o presidente do partido e eu não sou o presidente do partido. Portanto nesta dimensão, é o presidente do partido. Agora como cidadão, sou livre se assim o entender», disse.

Face à insistência do correspondente da Ecclesia, completou:

«Como eu disse, como cidadão, nada me impede, no entanto nada decidi sobre isso. Como dirigente da UNITA, devo respeitar os trâmites do nosso partido e o candidato é o presidente do partido».

Os grandes actores devem estar presentes

Negou ser esta sua posição, um recuo qualquer ou medo de enfrentar a eventual candidato do MPLA, na sequência dos 80 % recolhidos nas eleições legislativas de Setembro passado.

A este respeito, reforçou com as seguintes considerações:

«Eu penso que os grandes actores devem estar presentes no momento da adversidade. Não é quando tudo está bom é que se aparecem.»
 
Portanto, prosseguiu, «é preciso aceitar o desafio. Para aqueles que querem avançar, é preciso a aceitar o desafio e, depois, demonstrarem aquilo que valem.»

«Não é por isso que vão fugir só por causa dos 80 %. Estes 80 %, talvez, foram o reflexo de que os grandes actores não terem estado em jogo», comentou, ainda.

Factor de previsibilidade nos nossos processos políticos

Defendeu a instauração da cultura de previsibilidade nos processos políticos angolanos, condenado a presente indefinição da data das eleições presidenciais.

«Primeiro é preciso considerar que é uma indefinição artificial. Foi criada. Porque já tinha sido definido em 2007 teríamos eleições separadas, legislativas em 2008 e presidenciais em 2009.

Portanto, foi criado por motivos não aceitáveis», opinou.

Em remate, salientou a esperança de «que, rapidamente, possamos introduzir um factor de previsibilidade nos nossos processos políticos e todos os actores saberem quando é que vamos ter eleições – espero este ano – para que possam se comportar e agir em conformidade».

Fonte: Apostolado