Luanda - Nos últimos tempos, dois factos tem dominado profundamente a cena política e económica angolana: no cenário económico, vive‐se uma profunda crise económica e financeira, cujas causas já são sobejamente conhecidas. Na vertente política, a intolerância política atingiu o seu clímax com a prisão arbitraria dos agora famosos 15 ativistas políticos do auto intitulado movimento revolucionário.

Fonte: Club-k.net

Mas é exactamente deste último caso que pretendo tecer algumas considerações.

Neste clima de intolerância política serei julgado pelos inimigos de opiniões contrarias como sendo anti MPLA, anti Governo e a quem poderá mesmo me acusar de ser militante da UNITA, como agora tornou‐se na moda.

Para aqueles que assim pensam, me antecipo a apresentar‐lhes algumas facetas da minha vida:

Dos 7 aos 12 anos aproximadamente, fui pioneiro da OPA; dos 20 aos 24 anos militante da JPMLA‐ Juventude do Partido e coordenador do seu núcleo no ensino de base do II nível. Terminei o ensino secundário e me graduei como técnico médio na República de Cuba. Portanto, o meu modesto currículo em termos de ligação histórica com o actual partido no poder é mais que evidente e mais sólido do que de muitos actuais "camaradas", que militam no M mais por razões meramente económicas e de cargos do que por convicções e princípios ideológicos.

E pela primeira vez, estou a ponderar seriamente votar para a oposição em 2017, caso o MPLA continue a impor um regime de terror no país.

Voltando a questão dos 15 ativistas políticos, como cidadão deste país, amigo e simpatizante do MPLA, não podia deixar de estar consternado e preocupado com o rumo ditatorial que o MPLA têm vindo a seguir nos últimos tempos.

A absurda acusação contra os corajosos e heroicos jovens angolanos de que pretendiam realizar um golpe de estado contra o governo do MPLA liderado pelo presidente José Eduardo dos Santos constituí um conto de fadas e desprovida de qualquer sustentabilidade legal ou material.

Constituí igualmente um insulto a todos angolanos de Cabinda ao Cunene, na medida em que os seus autores julgam que os angolanos são incapazes de distinguir um filme de ficção científica dos eventos reais e palpáveis.

A literatura sobre os golpes militares, nos ensina que estes são sempre desencadeados e levados a cabo por elementos castrenses, uma facção dentro das próprias forças armadas decide derrubar pela via militar o poder político e executivo do qual contestam.

regra geral, envolve altas figuras militares do exército, força aérea e do Estado Maior General das forças armadas do Pais.

No caso actual de Angola, as alegações do regime, segundo as quais 15 jovens armados até os dentes apenas com um livro, celulares, pen drivers e computadores estavam prestes a desencadear um golpe de estado, derrubando no processo um dos regimes mais militarizados do continente africano, seria de facto não somente um facto extraordinário, de proporções bíblicas, como a luta de David e Goliath, mas como sem precedente na história da humanidade.

Camaradas sensatos do MPLA, os factos são factos e contra factos não há argumentos: Estes jovens angolanos estão presos apenas para intimidar e silenciar ainda mais as poucas vozes que ousam criticar e desafiar o regime do presidente angolano José Eduardo dos Santos.

Todos aqueles que de facto amam esta nossa rica e linda Angola, de Cabinda ao Cunene devem juntar‐se aos esforços destes 15 jovens angolanos para que em conjunto transformemos este país num estado de direito e democrático; um país onde cada angolano, independentemente da cor, raça, classe social e filiação partidária sinta‐se verdadeiramente livre e orgulhoso.

O descontentamento é hoje generalizado no país; e os que reclamam são os próprios angolanos cuja condição económica e social está acima da maioria dos seus compatriotas.

Nos musseques de Luanda, nos principais centros urbanos do país, nos táxis, vulgo candongueiros as conversas do dia são sempre dominadas pela falta de luz, água, medicamentos nos hospitais, corrupção generalizada, o enriquecimento ilícito da classe política do país e a longa permanência do cidadão José Eduardo dos Santos no poder.

Só não vê, quem quer tapar o sol com peneira e não reconhece a justeza das reclamações aqueles que vivem noutras galaxias deste nosso universo Angola ( Cidade alta, Talatona, e condomínios onde e o preço mínimo de uma residência custa meio milhão de dólares).

No concepto de democracia do MPLA e do seu presidente José Eduardo dos Santos, a democracia em Angola é sinonimo de:

Marchas e comícios de apoio ao nosso querido líder clarividente, omnipresente e glorioso José Eduardo dos Santos ( Vulgo Kim Il Sung de Angola).

Não meus camaradas! A democracia, não é apenas a realização de eleições. É entre outras coisas a alternância ao poder, o respeito pelas minorias e liberdade de expressão.

Na ausência destes pressupostos, mesmo que haja paz, não se pode dizer que há democracia.

O nosso Kim Il Sung de Angola, segundo a narração do MPLA faz as escolas e hospitais germinar como cogumelos em cada município e comunas desta vasta Angola, faz jorrar água e energia em cada casa de todos angolanos desta vasta Angola com a agua do nosso majestoso kwanza e eletricidade das barragens de Cambambe e Kapanda; Aquele que ergue e edifica marginais modernas e estádios de futebol para o povo se abrigar de frio e da chuva; aquele que distribuí as riquezas e receitas de petróleo e diamantes entre a oligarquia financeira e política no poder, enquanto a maioria dos filhos desta terra se debate com problemas de sobrevivência, fome, malária e miséria, corrupção generalizada e institucionalizada.

Cada angolano que realmente ama este país, deve juntar‐se as iniciativas em prol de libertação imediata dos nossos 15 magníficos. Por isso, as iniciativas dos artistas e personalidades angolanas e estrangeiras em prol da libertação dos detidos devem servir de inspiração profunda para todos angolanos que almejam uma Angola verdadeiramente democrática, próspera e de direito.

Os jovens presos lutam por uma Angola democrática, pacífica, e socialmente mais justa para todos os seus filhos. Esta luta não é contra o MPLA e o seu presidente ou os seus militantes;

É uma luta contra a arrogância do regime, a intolerância política, a falta de liberdade de expressão no país, a falta de uma imprensa verdadeiramente imparcial, equilibrada e independente. É uma luta contra a corrupção e o saque dos recursos públicos de todos nós. É uma luta para o bem estar económico e social de todos os angolanos.

É importante recordar que, Angola e o próprio MPLA sempre estiveram na vanguarda da luta de libertação dos povos da Africa Austral e do continente em geral.

O MPLA e o seu presidente ao proclamar a independência nacional e preservar a integridade territorial e a unidade nacional de cabinda ao Cunene já cumpriu com o seu papel histórico.

Por este facto, todos os angolanos estarão para sempre agradecidos; e o nome do presidente José Eduardo dos Santos será para sempre enaltecido.

Porém, na luta para a instauração de uma sociedade verdadeiramente democrática e justa, Angola tem estado atrasar‐se cada vez mais.

Basta olhar para Moçambique, que teve uma experiência pós independência igual a de Angola:

Este país já vai no quarto presidente da Republica, e Angola continua com o mesmo homem desde 1979.

A transição é urgente, sob pena dos angolanos virem a esquecer e ignorar totalmente os feitos históricos do MPLA e do presidente José Eduardo dos Santos.

"No se matam las ideias".

Libertem já os muchachos e todos os presos políticos.