Luanda - Os familiares dos 15 jovens ativistas angolanos detidos desde junho, por alegadamente estarem a preparar um golpe de Estado em Angola, pretendem sair sábado à rua, em Luanda, em protesto, exigindo a sua libertação.

Fonte: Lusa

De acordo com familiares contactados pela Lusa, a realização da manifestação, a coincidir com os 50 dias de prisão dos jovens, está dependente da autorização do Governo Provincial de Luanda e deverá envolver, conforme comunicação já apresentada naquele órgão, uma marcha.

Depois de uma manifestação que na passada quarta-feira terminou com uma carga policial e de um concerto com cerca de 200 pessoas no domingo, – a concretizar-se – esta será a terceira iniciativa do género a pedir a libertação dos jovens, em dez dias, em Luanda.

“Os nossos filhos estão a sofrer em celas solitárias, não saem, estão doentes. Nós não queremos mais nada, confusões ou assim, só a libertação deles”, disse à Lusa Isabel Correia, mãe de Osvaldo Caholo, tenente das Forças Armadas Angolanas, um dos jovens detidos.

Segundo informação anterior enviada à Lusa pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola, os jovens detidos desde 20 de junho – estudantes e licenciados – estariam a preparar um atentado contra o Presidente José Eduardo dos Santos e outros membros dos órgãos de soberania, num alegado golpe de Estado, mas ainda não têm qualquer acusação formada.

“Olha, eu não sei, mas parece que em Angola se faz sem arma. Nos outros países é armado, chegam tropas para fazer o golpe de Estado. Aqui faz-se com livro e com uma lapiseira. E a pensar também”, ironizou Isabel Correia.

Associados ao designado Movimento Revolucionário, os jovens detidos alegam que se encontravam regularmente para discutir intervenção política e cívica, inclusive com ações de formação, como a que decorria na altura de detenção e que envolveria também a leitura e análise de um livro sobre estas matérias.

O Governo angolano, acompanhado pela PGR, nega que estes elementos sejam presos políticos, como tem sido denunciado por organizações internacionais.

A mulher da Domingos José da Cruz, outro dos detidos, demonstrou à Lusa que quer “exigir a libertação” destes jovens com esta manifestação.

“Pretendemos demonstrar o nosso descontentamento em relação à detenção injusta dos nossos manos e do meu esposo. Do ponto de vista psicológico ele está bem e fisicamente também parece que sim. Se não fosse assim não conseguia ler um livro de mil e tal páginas numa semana, como ele fez”, atirou Esperança.

Os ativistas foram distribuídos por estabelecimentos prisionais em Viana (quatro), Calomboloca (sete) e Caquila (quatro), na região de Luanda, enquanto decorre o processo de investigação.

Este caso tem sido alvo de interesse nacional e internacional, com vários pedidos públicos de organizações, artistas, escritores e ativistas para a sua libertação.

De acordo com a PGR, os detidos em prisão preventiva são Henrique Luaty Beirão, Manuel “Nito Alves”, Afonso Matias “Mbanza-Hamza”, José Gomes Hata, Hitler Jessy Chivonde, Inocêncio António de Brito, Sedrick Domingos de Carvalho, Albano Evaristo Bingocabingo, Fernando António Tomás “Nicola”, Nélson Dibango Mendes dos Santos, Arante Kivuvu Lopes, Nuno Álvaro Dala, Benedito Jeremias, Domingos José da Cruz e Osvaldo Caholo (tenente das Forças Armadas Angolanas)