Luanda - O Governo de Angola, liderado por José Eduardo dos Santos, tem estado a enfrentar, nos últimos meses, enormes dificuldades no que ao pagamento de salários aos trabalhadores e funcionários públicos diz respeito.

Fonte: Rádio Despertar

Isto pode ser constatado na actual modalidade de pagamentos de salários que adoptou nos últimos meses. Segundo fontes governamentais, próximas à Rádio Despertar, só nos últimos três meses, os salários da função pública foram pagos com atraso de mais de dez dias, um pouco por todo o País. Ministérios há que, adianta a fonte, estão a pagar por zonas, tendo em atenção a exiguidade de verbas que recebem para o efeito.

Os sectores de defesa segurança e ordem interna, educação, transportes, do território e os governos provinciais são citados a título exemplificativo.

Consta igualmente que a Defesa e segurança, por exemplo, estão a pagar por regiões militares, Comandos Provinciais e Unidades, pois, prossegue, o Governo angolano deixou de ter liquidez suficiente para o pagamento unitário como é normal em épocas de “abundância”.
A nossa fonte acrescenta que governos provinciais da Lunda Norte, Bengo, Uíge e outros não pagaram salários, na sua totalidade, dos dois últimos meses porque, prossegue a fonte, o Governo central não disponibiliza a referida verba.

Até ao momento da conclusão desta edição, consta que professores de alguns municípios de Luanda não receberam os seus ordenados referentes ao mês de Julho.

Outro elemento indicativo da falta de liquidez do governo angolano para as despesas com o pessoal tem a ver com o facto deste ter deixado de pagar no período que vai de vinte e dois à vinte e oito dias de cada mês, passando para a primeira quinzena do mês seguinte.

A aparente falta de liquidez sobe de tom depois de as autoridades governativas de Angola terem feito reajustes nos preços dos combustíveis, na ordem de cem porcento com argumentos e promessas de que o aumento à pique dos preços tinha como justificativa angariar fundos que suportariam os salários destinados ao pessoal da função pública.

Refira-se que a situação tem estado a provocar transtornos aos visados, pois, maior parte destes contraiu empréstimos aos bancos e sofrem descontos exorbitantes com os juros demora, chegando nalgumas vezes, a ficar sem dinheiro por causa de descontos duplos num único mês, numa altura em que a procura das divisas é crescente e o poder de compra insignificante diante de preços de produtos básicos altíssimos.