Luanda - O ministro da Administração do Território, Bornito de Sousa, desencorajou nesta sexta-feira, em Luanda, "a utilização gratuita de linguagem injuriosa e ofensiva", por parte de determinadas pessoas no país. Ao discursar no acto de abertura do III Fórum dos Municípios e Cidades de Angola (FMCA2015), considerou "inaceitável o uso de ofensas e linguagem baixa na sociedade".

Fonte: Angop
Disse que tem ficado negativamente surpreendido por ver crescer essa tendência e pelo facto de algumas pessoas a aplaudirem.

Afirmou que a sociedade tem estado a constatar que algumas pessoas que utilizam estas práticas foram bem-educadas e instruídas pelos pais e famílias, daí não os considerar iletradas. "Não podemos aceitar a malcriadice como fenómeno ou comportamento normal em Angola, sobretudo na política e no convívio entre pessoas civilizadas", reprovou o ministro.

Do seu ponto de vista, "não se pode aceitar como normal e democrática, nem introduzir no dicionário nacional linguagem que apela ao derrube do Governo ou de governantes". "Em democracia há mecanismos constitucionais de concurso para o acesso ao exercício do poder político e esses é que devem ser observados", recomendou Bornito de Sousa.

Acrescentou que mesmo a alternância política significa aceitar a mudança dos governantes ou a reeleição dos governantes, dependendo da vontade expressa dos cidadãos eleitores.

Para Bornito de Sousa, isso não parece que seja tabu em Angola, porquanto o próprio Presidente José Eduardo dos Santos, na qualidade de líder do MPLA, levantou recentemente a questão numa reunião do Comité Central do partido.

Lembrou que José Eduardo dos Santos deixou claro "que o exercício de cargos electivos não são vitalícios e que o quadro político e eleitoral nacional será resolvido de acordo com o calendário e as decisões das forças políticas".

O governante admitiu, contudo, que "muito boa gente deve estar a dizer graças a Deus, por lhes ter dado um Presidente com alto sentido de Estado e de humanismo”. Alertou que uma perturbação ainda maior, hoje, apenas pode adiar a manutenção da normalidade constitucional e das eleições, que já se alcançou com a sucessão dos escrutínios de 2008 e 2012.


Considerou, por outro lado, que a situação económica e financeira decorrente do actual desempenho da economia mundial, reflectida no preço do petróleo, vai exigir consensos e diálogo na busca de soluções. Aventou a hipótese de a situação impor perturbação social ou eventuais greves mal ponderadas.

Segundo o dirigente, o momento pode ainda levar à utilização de estudantes e doentes como reféns, por alguns inconformados, só para prejudicar e agravar ainda mais a situação.

O fórum destaca na sua abordagem dois temas com os tópicos: “Angola - 40 anos de desenvolvimento local” e “Turismo como indutor do desenvolvimento económico”. O mesmo decorre em simultâneo com a Bolsa Internacional do Turismo e Hotelaria (Okavango), no âmbito da Feira dos Municípios e Cidades de Angola (FMCA2015), com término previsto para domingo.