Luanda - A UNITA considerou de “falsas, enganadoras e irresponsáveis”, as declarações proferidas pelo presidente da AJAPRAZ, Bento Raimundo, quando, no último fim-de-semana, a partir da vila da Nhareia, na província do Bié, acusou “o Galo Negro” e o seu líder, Isaías Samakuva, de estarem, supostamente, a diligenciar o regresso à guerra no país.

Fonte: Club-k.net
De acordo com um comunicado distribuído em Luanda, a UNITA considera que “as acusações proferidas fazem parte da estratégia do regime do MPLA que visa desviar as atenções da opinião pública nacional e internacional dos problemas que o país e as populações vivem fruto da crise”.

“As populações querem o cumprimento das promessas feitas pelo MPLA na campanha eleitoral passada; as populações querem água potável nas suas casas, para inverter o quadro actual de carretar o precioso líquido nos rios e cacimbas, correndo riscos de saúde” lê-se no documento a título de exemplo.

Na óptica da direcção do principal partido da Oposição, “é a esses problemas concretos que qualquer governante que se preze deve dar resposta concreta e não enganar as populações com propaganda barata e falaciosa”.

O “Galo Negro entende que neste contexto que o país vive, responsáveis de associações filantrópicas, como é o caso da AJAPRAZ de Bento Raimundo, deveriam optar por uma postura mais responsável, ao contrário do desespero. Segundo disse a fonte, a crise em que está mergulhado o regime, devido às suas más políticas e incapacidade de atender às falsas expectativas geradas pelas suas promessas eleitorais.

O vice-presidente do grupo parlamentar da UNITA Adalberto da Costa, considerou que o partido a que faz parte não tem “intenções de retorno à guerra, tal como pretendeu Bento Raimundo”. Ele disse ser mais uma “nojenta e grosseira mentira” em que apenas acreditam os seus mentores.

O facto de as declarações de Bento Raimundo coincidirem com as do primeiro secretário de Luanda do MPLA é tido pela UNITA como uma “tentativa de intimidar as populações que nas eleições de 2012 votaram maioritariamente na UNITA e continuam a nutrir forte simpatia pelo Galo Negro com vista ao pleito de 2017”.

Isaías Samakuva “está comprometido com a paz e com o aprofundamento da democracia no país e, alerta para a necessária vigilância perante as manobras dilatórias do Partido no poder para justificar a sua incompetência” lê-se na participação deste partido.

Entretanto, o Galo Negro aproveitou, naquilo que chamou de “sentido de oportunidade” para trazer novamente à terreiro o caso da compra de aviões de luxo e de equipamentos de guerra, os meandros dos acordos que o Governo celebrou com a República Popular da China, a liberdade e pluralismo nos órgãos de Comunicação social do Estado, designadamente na TPA, Jornal de Angola, RNA e Angop. O documento exige , de igual modo, que os 15 jovens ( revús) devem ser postos em liberdade.

O cerne da polémica

As acusações contra a UNITA vieram desta vez do líder de uma associação de filantropia, a AJAPRAZ, ao contrário do que tem sido hábito na política domestica, com direito a largos espaços na comunicação social pública .

“O que nós estamos acompanhar na UNITA é a ingratidão. Não vamos permitir que voltemos mais à guerra como Samakuva pretende”, acusou Bento Raimundo, o presidente da agremiação quando se dirigia na Nharea a uma centena de populares.

O líder associativo sustentou que “quando a UNITA não tinha mais força, em 1992, recebemos os homens sem reservas e acabamos com a guerra. Por isso nós não podemos mais aceitar que isso volte acontecer”.

Ele apelou aos bienos que o mais importante seria trabalhar a terra e produzir para melhorar as condições de vida de todos nós.

Analista deplora acusações

No entender de um comentarista, as declarações de Raimundo foram desnecessárias” tendo sido considerado como “infelizes”, numa altura que o país tem como cavalo de batalha, a preservação da paz e, sobretudo, a unidade nacional e que é imperioso ter audácia para fazer leitura do atual contexto que se vive.

A fonte diz não entender por que razão a AJAPRAZ escolheu a província do Bié, precisamente na semana em que o “Galo Negro” vai celebrar o 81 aniversário do líder fundador do partido, Jonas Malheiro Savimbi, assinalado aos 3 do corrente mês, exactamente na cidade do Kuito, este sábado

A fonte disse mesmo não ter sido “mera coincidência”, as acusações proferidas por Raimundo embora o objetivo da sua visita era doação de bens de primeira necessidade e imputs agrícolas às populações.

“Não faz sentido as Associações de caracter filantrópico intrometerem-se, até a esse ponto na política”, defendeu.