Luanda - Não presumo dar lições ou influenciar ninguém. Tenho o maior respeito por quem dirige e detém empresas. Até porque empresário é o sujeito que transforma as suas ideias em realidade, assume riscos ao longo da caminhada. Ao lançarem e expandirem os seus negócios, criam postos de trabalho e convertem-se em motores da economia.

Fonte: Opais

É verdade que a classe política tem o dever e a obrigação de discutir a governação, o Estado e a nação. Mas, culpá-la como a única responsável por solucionar os problemas do país constitui uma visão tosca e egoísta, porque a sociedade é composta por varias classes e actores, cujas ações e atitudes podem mudar os destinos da própria sociedade e da própria nação. Empresários, lideres sindicais, jornalistas, intelectuais, operários e a própria classe estudantil também tem a responsabilidade de debater os problemas da sociedade e cuidar do destino do país. Diante dos problemas e desafios presentes na nossa sociedade, a classe empresarial constitui-se como o mais importante agente de transformação do país.

Hoje, os empresários, constituem um grupo social e profissional com enorme peso na sociedade e na economia, atendendo, quer à importância qualitativa e quantitativa das suas empresas na economia, quer ao seu papel determinante na gestão destas. O desempenho dos empresários, particularmente os das micro e pequenas empresas, assume claramente um carácter estratégico no desempenho da economia, quer pelos seus pontos fortes, quer pelos seus pontos fracos.Enquanto pontos fortes, julgo ser de destacar o próprio carácter empreendedor e dinamizador que em princípio os caracteriza. Características estas que decorrem de traços de carácter e personalidade próprios e singulars.

Apesar dos esforço do executive em estimular este segment da sociedade, com programas como “Balcão único do empreendedor (BUE)”, “Meu negocio minha vida”, etc., que promovem a criação de empresas. Apesar deste esforço do executivo, estes programas pecam por serem de uma forma forçada e voluntarista, de muitas pessoas que não tenhem características para tal, aumentando assim fortemente a natalidade, mas sobretudo a mortalidade premature de empresas. Por outro lado, abrir uma empresa e mantê-la em funcionamento, é um desafio gigantesco para os empresarios Angolanos, tendo em conta as diversas dificuldades que eles enfrentam.
Entre as diversas dificuldades estão os impostos, burocracia, escassez de água e de energia em determinados pontos das principais cidades do País.

Apesar destas dificuldades, temos um grande desafio pela frente. Ajudar o executivo a reduzir o peso do Estado na economia, para isso, precisamos de empresas, empresarios e grupos ecónomicos nacionais fortes e eficientes em todos os dominios. Mas, se realmente queremos ter empresas fortes e empresarios fortes, temos que corrigir muitas coisas que vai mal.

O Estado não deve substituir o papel do empresario enquanto decisor do risco, mas pode criar uma estrategia suportada por instrumentos que facilitem e apoiem os empresarios, como bonificação de taxas de juros, etc. Apesar de que, temos um problema de cultura de gestão empresarial nas nossas empresas: muitos empresários-gestores ou não têm conhecimento de instrumentos de gestão, como planeamento estratégico, orçamentos e controle de gestão, e também de uma gestão moderna de recursos humanos (de recrutamento, de incentivos, de motivação etc.) ou conhecendo-os consideram que não são necessários ou não têm aplicação nas suas empresas. Esta é uma questão fundamental que é necessário superar através da formação e da difusão das melhores práticas de gestão.

Por ultimo, importa realçar que, os problemas que existem na sociedade – e que são muitos – não devem apenas ser resolvidos pelo estado. Os empresários são chamados a debatê-los e discuti-los com o objetivo de auxiliar o estado na busca de soluções.