Lisboa – No seguimento de um acalorado debate movido por acusações e desconfianças de que alguns dos elementos do auto denominado Movimento Revolucionário estariam a ter aproximações ao regime do MPLA, alguns destes jovens vulgo “revus”, fizeram revelações dando conta de contatos com o Gabinete do Presidente da República, na pessoa  do seu diretor, Manuel  Paulo da Cunha  “Nito”.

Fonte: Club-k.net 

A revelação foi feita pelo activista Fabio Mbaxi que reagia as acusações do seu colega António Kissanga “Beimani”, segundo as quais no passado membros ligados ao Movimento Revolucionário, como Fábio Mbaxi e Mário Domingos, entre outros, receberam casas em Viana, zona do Zango e dinheiro do regime.

 

Ao redimir-se, Fabio Mbaxi que falava num fórum restrito com os seus colegas, esclareceu que “nunca recebi casa e dinheiro do Regime” tendo porem assumido que “tive alguns encontros no passado com o Diretor do Gabinete de JES, por intermédio de alguém, isto foi em 2012”

 

Segundo revelou “cheguei de pedir 20 mil Kwanza para compra de um gerador, o diretor do Gabinete não tinha dinheiro em mão e   prometeu em resolver. Volvido dois meses ele mandou me um gerador, e fui bolseiro da Presidência durante um ano”

 

“Afastei me disso no mesmo ano em que estava a estudar, isto é em 2013, apos este período, nunca mais mantive contato com ele” confessou Fabio Mbaxi acrescentando que “o que o Beimani disse não condiz com a verdade, ele é uma pessoa que eu conheci na casa de Rosa Mendes, não sei o que se passa com ele, nos últimos dias ele tem ligado para mim pedindo ajuda para os manos detidos, nunca trabalhei no Sistema do Estado, nunca fui Sinfo”

 

Sabe-se também que alguns membros deste grupo já tiveram igualmente encontros, no hotel continental, em Luanda, com o tenente-general Filomeno Peres Afonso “Filó” e um brigadeiro Fula Neto (na foto ao lado) que se faziam passar por quadros do Ministério da Juventude e Desportos, interessados em ajuda-los.   Apos a revelação do nome do general, no período do julgamento das execuções de Alves Kamulingue e Isaias Cassule, os jovens ficaram a saber que “Filó”, e Fula Neto não eram do Ministério que diziam ser, mais sim autos responsáveis dos Serviços de Inteligência Militar.

 

Um outro elemento deste movimento, Mario Domingos teve igualmente contatos privilegiados com quadros da Casa Militar. Em 2012, num certo dia do  mês de Agosto, na véspera   do aniversario do PR, o então administrador do Sambizanga, José Ferreira Tavares levou o activista Mario Domingos a cumprimentar o Chefe de Estado, a margem de uma atividade naquele município.

 

Diz-se que Zé Tavares teria recebido verbas para trabalhar os jovens, mas terá dado destino incerto aos valores. Ofereceu uma carrinha a Mario Domingos que depois foi lhe retirada apos tomarem nota que o jovem os traiu apoiando uma manifestação anti-regime no município do Cazenga.

 

De realçar que jovens activistas do autodenominado Movimento Revolucionário de Angola, veem desde 2011 promovendo manifestações públicas contra a governação do Presidente José Eduardo dos Santos, com destaque para as politicas de repressão policial. Nos últimos tempos, os mesmos queixam-se que a sua organização está a ser infiltrada por elementos ligados aos serviços secretos para desestabilizar as suas acções.

 

Em Junho passado 15 elementos deste grupo foram detidos e acusados de tentativa de golpes de Estado por realizarem palestras em torno de um livro intitulado “da ditadura a democracia”. A fuga de informação terá partido de um agente do regime que ao participar na palestra, filmou o acadêmico Domingos da Cruz e Luaty Beirão a discutirem pontos de vista sobre o mesmo livro.