Luanda - MPLA afirma que o general Silva Mateus já não é militante do partido, devido aos seus posicionamentos nos últimos anos. Silva Mateus anunciou ao SOL a vontade de se candidatar a presidente do MPLA.

Fonte: Sol
Na edição passada, o general na reserva Silva Mateus, que se diz militante do MPLA desde 1968, revelou ao SOL estar a preparar a formalização da sua candidatura a presidente do MPLA. A matéria – sem a reacção da estrutura central do maioritário, por indisponibilidade deste – tem agora o contraditório através de uma fonte do Comité Central do MPLA: «O senhor Silva Mateus não se pode candidatar a presidente do partido porque já não é militante do MPLA».

A mesma fonte do Comité Central – órgão deliberativo do partido que tem também a competência de convocar e preparar os congressos, garantir o cumprimento da linha e estratégia geral do partido e, sob proposta do presidente do partido, eleger o vice-presidente, o secretário-geral e os membros do bureau político – avança que várias posições tomadas por Silva Mateus em diversos momentos da vida nacional foram consideradas como «violação flagrante dos estatutos».

«Um verdadeiro militante não incentiva ao voto contra o seu partido durante as campanhas eleitorais», declara a fonte, que não quis ser identificada. «O Silva Mateus, por exemplo, sempre que há problemas em Angola, é o primeiro a ir contra o partido», recorda ainda.

No entanto, o general garantiu ter «todas as provas da sua militância no partido». Ligado à União de Tendências do MPLA e à Associação 27 de Maio – as quais lidera –, Silva Mateus assegurou na edição da semana passada que tinha as quotas pagas e que, por via da recolha de duas mil assinaturas, «o que será fácil», iria formalizar a sua candidatura para o próximo congresso.

O general esclareceu ainda que a ligação à União de Tendências e à Associação 27 de Maio «não vai criar dissabores à candidatura. Pelo contrário, o 27 de Maio deu-se no seio do MPLA. Aparecer um candidato no seio do MPLA que é igualmente presidente da fundação poderá galvanizar todos os sobreviventes».

Já sobre a União de Tendências, segundo o mesmo, trata-se de «uma ala, não de outro partido, mas apenas uma confluência de ideias que reclama democracia no seio do partido».

Problemas do país são prioritários

Sem gravar a conversa, a fonte ligada ao Comité Central do MPLA adiantou que brevemente o partido irá informar a sociedade em relação ao referido congresso – a realizar-se de 17 a 20 de Agosto de 2016. Esta comunicação terá em linha de conta a sugestão do presidente do partido, José Eduardo dos Santos, segundo o qual «é conveniente escolher o candidato a Presidente da República, que é uma competência do Comité Central nos termos dos Estatutos, antes da eleição do presidente do partido no VII congresso».

A fonte justifica a opção: «Neste momento não queremos desviar as atenções para as candidaturas. Estamos, sim, preocupados com a vida do país, e não queremos dar protagonismo a determinados pronunciamentos desnecessariamente». E remata que «os verdadeiros militantes não criam clivagens no partido».