Luanda - Sexta-feira passada, horas antes do confronto com a Tunísia, para as meias-finais do campeonato africano de basquetebol, o ministro da Juventude e Desportos, Gonçalves Mandumba, o tal que desistiu dos seus neurónios para não sentir nenhum constrangimento no exercício da vergonhosa bajulação a que se entregou caninamente, disse à comunicação social que o Presidente da República falou ao telefone com o Eduardo Mingas, o capitão da nossa seleção, a quem teria dado "sábias directrizes" (palavras dele) sobre como enfrentar os jogos que faltavam rumo à renovação do título.

Fonte: Club-k.net

(Abramos aqui um parêntesis para esclarecer que em se tratando de Mandumba é prudente ter sempre um pé atrás quando ele se refere ao Presidente da República. É que se dependesse exclusivamente dele, a JES já deveriam ser atribuídas, há muito, as patentes de todas as boas realizações feitas neste País. Se algum empresário inova isso se deve,obviamente, às clarividentes orientações do "Camarada Presidente". Se chove generosamente numa dada região deixando os camponeses e agricultores felizes claro que tal fenómeno natural seria impensável sem a clarividência do Chefe. Na cabeça do homem que congelou os seus neurónios, os rios que atravessam Angola são uma bondade do "Chefe".

 

Mas numa coisa Muandumba foge com o rabo da seringa: nunca associou o Camarada Presidente ao descalabro económico e financeiro em que o País se encontra mergulhado).

 

Mas avancemos: de acordo com GM, o "Chefe", que o Ministro da Juventude e Desportos toma como um "barra" em tudo, teria transmitido a Eduardo Mingas orientações precisas sobre como a selecção poderia superar os dois adversários que tinha pela frente de modo a que trouxesse novamente o caneco à casa - onde, tudo o indica, o próprio PR o esperava como mais uma prenda do seu aniversário.

 

Sucede que segunda-feira, um dia depois da "sova" que apanhamos dos nigerianos, o capitão da nossa selecção revelou as verdadeiras causas do desastre. Segundo ele, a esclarecedora derrota diante da Nigéria se deveu ao individualismo do grupo.

 

Ora, não sendo crível que o capitão do cinco nacional ousasse ignorar as sábias orientações recebidas de Luanda, então só há uma conclusão a tirar: o individualismo a que Eduardo Mingas se refere só pode ter sido consequência das tais sábias directrizes emanadas a partir da Cidade Alta.

Portanto, está identificado o autor moral do desastre.
É nisso que dá a mania de pretender ser o centro de tudo e de todos.