Luanda - Um herói não é um simples humano a sua sorte, um herói é antes pelo contrário um humano dotado de horizontes visionários com os quais se define e se orienta à luz de estratégias que viabilizam o alcance de proezas impossíveis, proezas essas que são incapazes de ser concretizadas sob uso de esforço provindo da maioria, mesmo a um limiar exaustante. É do sacrifício desafiador das impossibilidades que nascem os heróis, é neste curso fenomenal que o tempo deu à Angola um heroico cidadão cujo nome nos apraz em recordar dispondo a sua honra com uma pausa único e especial pelo dia nacional do trabalhador em Angola. Alberto de Barros e Assis Boavida era o nome dado pelos seus progenitores, descendente de Joaquim Fernandes Alves Boavida e Acília Van-Dúnem de Assis.

  Fonte: Club-k.net

Há no heroísmo de Dr. Américo Boa Vida, segundo a natureza do seu percurso e a capacidade das suas conquistas, todas as gradações de sofrimento, desde o simples sacrifício humanitário à entrega mais profunda as causas da maioria que acabava com o sacrifício de sua própria vida em frente de combate.

 

Tal como Hipócrates em seus escritos se referia, Vita brevis, ars longa. (traduzido do latim ao português: A vida é curta, a arte é longa.), todavia, a vida de um herói é fascinante mais apesar de todos os contornos impressionantes que ganham ênfase, os heróis têm os seus dias contados à ponteiro de relojo e a terra se apressa em recebe – los de volta, uma vez que o sacrifício que corre através da sua atitude, dos seus actos, muitas das vezes põe em causa a própria vida em troca dos interesses dos oprimidos e sofredores.

 

A história de Angola não pode – se envergonhar de exprimir o efeito da medicina na sua liberdade patriótica, pelo facto do derramamento de sangue heroico de médicos singulares, médicos estes que só foram capazes de se tornar em verdadeiros revolucionário após beberem da sabedoria de Hipócrates, porque a ciência ilustra e forja no homem a verdadeira liberdade, foi do sacrifício de heróis médicos como Dr. António Agostinho Neto e Dr. Américo Boa Vida que Angola se via liberta das catástrofe emanadas pelo colonialismo. Esses filhos dessa nação caminharam em terrenos escabrosos cujas vidas deram em troca da liberdade da terra que hoje nós vivemos e viverão também os nossos filhos amanhã, sacrificaram as suas mocidades em prol da maioria.

 

Em 1923, aos 20 de Novembro, o país via nascer uma figura histórica na luta contra a opressão colonial, nascido nos escombros desta terra, levando uma vida humilde, observava o mártir que seu povo passava às mãos da escravidão imparável, nisto despertou o seu desejo de sacrifício e de luta em prol da liberdade nacional.

 

A história de Dr. Américo Boa vida, não pode ser escrita à tinta de um lápis, nem com letras de pouco porte, antes pelo contrário, merecem o realce e o vislumbre de uma fascinante história, escrita com marcas inapagáveis nos catálogos que vestem o nacionalismo angolano em todas suas páginas.

 

A maioria apenas sabe precisar o Hospital Américo Boa Vida, situado em Luanda no Rangel, porém, o sentido histórico deste nome encontra – se longe do alcance público, por este motivo passaremos a narrativa desta figura histórica que marcou o nacionalismo angolano. Não se pode observar Dr. Américo Boa Vida como um simples nacionalista, mas antes pelo contrário como uma figura emblemática que sacrificou a sua vida, o seu tempo e a sua mocidade em prol de Angola e dos angolanos.

 

A magnitude deste médico não se pode medir nem a metro, nem a balança, um percurso histórico incontornável nos anéis da história angolana, uma vida escabrosa encontra espaço neste âmago, uma trajectória difícil expressa a desenvoltura histórica desse cidadão angolano.

 

Se tornara numa notável figura política, cujo passado diz ter uma infância no bairro da Ingombota, tendo frequentado para seu aprimoramento pessoal o Liceu Salvador Correia. Com o objectivo de ascender as suas faculdades mentais e cognitivas em 1947 caiu à sua sorte a primazia de ir ao encontro do saber em Portugal e edificar o seu potencial cognitivo, em Portugal, quis a sua vontade que se formasse em medicina, numa das Universidades com mérito Europeu, a Universidade do Porto.

 

Em 1953, em Lisboa, especializou-se em Medicina Tropical, no Instituto de Medicina Tropical de Lisboa, e em Saúde Pública, no Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge. Em 1954 fez o seu estágio em Ginecologia na Faculdade de Medicina da Universidade de Barcelona, em Espanha.

Regressado a Angola em 1955, começou a exercer trabalhos medicina por conta própria, tornando-se conhecido por receber no seu consultório pacientes de condição social desfavorecida. Em Luanda conheceu Maria da Conceição Deolinda Dias Jerónimo com quem casou em Lisboa em 1958. Após uma nova passagem por Barcelona, em 1960, partiu para um estágio de três meses na Clínica Ginecológica do reputado Hospital Broca, ligado à Universidade de Paris.

Persuadido por ideias nacionalistas, partiu para a capital da República da Guiné, Conacri, para participar no primeiro Comité Director do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), junto com Viriato da Cruz, Mário Pinto de Andrade e Lúcio Lara, sendo escolhido para dirigir o Corpo Voluntário Angolano de Assistência aos Refugiados (CVAAR) que, em 1961, foi criado em Léopoldville, actual Kinshasa, capital da República Democrática do Congo. Em 1963, abalado por uma grave crise no seio da direcção do MPLA — abandonou Léopoldville tendo-se fixado em Rabat, capital de Marrocos, onde residiu durante quase três anos. Américo Boavida manteve uma intensa actividade profissional e de reflexão, escrevendo o livro “Angola, cinco séculos de exploração portuguesa”.

 

Em 1965, cumpriu um estágio no Instituto Checoslovaco de Aperfeiçoamento de Médicos, em Praga, e, no ano seguinte, fez um curso de pós-graduação em Planeamento Familiar em Estocolmo, onde participou como delegado ao 5.º Congresso Mundial sobre Fertilidade e Esterilidade.

 

A 13 de Outubro de 1966, nasceu o seu único filho Mudumane Diógenes Van-Dunem Boavida.

 

De regresso à África, em 1967, fixou-se em Brazzaville, capital da República do Congo. Respondendo a um apelo lançado pela direcção do MPLA para a abertura da Frente Leste na Guerra de Independência de Angola, Américo Boavida, acompanhado pelo comandante José Mendes de Carvalho, mais conhecido como Hoji-ya-Henda, deslocou- se à nova frente de combate, onde desenvolveu uma extenuante acção médico-sanitária em vastas regiões do Moxico e do Kuando- Kubango, organizando os Serviços de Assistência Médica do MPLA. Na manhã do dia 25 de Setembro de 1968, Américo Boavida foi vitimado por um bombardeamento aéreo do exército português à “Base Hanói II” do MPLA, onde se encontrava, perto do rio Luati e da floresta de Cambule, no Moxico. Assistiram a sessão, estudantes, representantes do corpo diplomático acreditado no país, médicos, jornalistas, entre outras individualidades.

 

SEU PERCURSO HISTÓRICO TEM MISSÃO OBRIGATÓRIA DE PALMILHAR OS CATÁLOGOS DA HISTÓRIA NACIONAL, SIMBOLO DE FÉ E OPTIMISMO, FONTE DE ENTUSIASMO E DE FORÇA VIRIL.