Luanda -No Burkina Faso, o general Gilbert Diendéré, antigo chefe de Estado maior general do ex-presidente Blaise Compaoré assumiu a chefia do Conselho Nacional de Democracia. Este o novo poder instituído pelos militares golpistas retém desde ontem refens o presidente Michel Kafando e o priemiro-ministro, Isaac Zida.

Fonte: RFI

Nas primeiras declarações à Revista Jeune Afrique, o general Gilbert Diendéré, antigo chefe de Estado maior general do ex-presidente Blaise Compaoré, disse que o presidente e o primeiro-ministro de transição serão postos em liberdade nas próximas horas.

O general Gilbert Diendéré assumiu a chefia do Conselho Nacional de Democracia, depois desta manha manhã um militar fardado com o uniforme da guarda do antigo chefe de Estado, Blaise Compaoré, ter anunciado na televisão publica a demissão do presidente de transição Michel Kafando. O homem apresentou-se em nome do Conselho Nacional para Democracia que decidiu " por termo ao regime de transição que se afastou progressivamente dos objectivos para implementação de uma democracia consensual". O comité militar quer " avançar com um processo coerente, justo e equilibrado e que conduza à aplicação de um sistema institucional robusto".

O Conselho Nacional de Democracia anunciou que uma "larga concertação está empenhada em formar um governo que se vai dedicar à restituição da ordem política no país e à restauração da coesão nacional para realização de eleições inclusivas e apaziguadas".

Em declarações à RFI, Chérif Sy, o presidente de transição da Assembleia, lançou um apelo às forças armadas para terminarem com este golpe de Estado: " Numa altura em que o presidente, primeiro-ministro e governo estão sequestrados, sou eu que assumo os poderes. SEndo assim peço ao chefe de Estado Maior General das Forças Armadas e das várias regiões militares a tomarem as disposições para acabarem com este acto que é contrário à vontade do povo, e é por isso que faço este apelo às forças republicanas e militares".

Chérif Sy fez ainda alusão às negociações que decorreram durante a noite de e ontem, afirmando que não se trata de discutir: " Já ficou claro que a intenção deste grupo armado não é discutir, mas sim de tomar o poder, uma manobra dos partidos políticos do antigo regime".

O movimento da sociedade civil Balai citoyen lançou um apelo de resistência em todos os bairros da capital. Segundo vários testemunhos nas redes sociais, os tiros continuam a ouvir-se no cento de Ouagadougou. Também se ouvem sirenes de ambulância e ao hospital da capital terão chegado vários feridos.

Várias são as reacções a este golpe de Estado no Burkina Faso. O Presidente François Hollande disse que " não pode haver legalidade com os golpistas". A CEDEAO, a União Africana e as Nações Unidas vieram exigir a libertação dos reféns, tendo sublinhado igualmente, que os golpistas serão responsabilizados pelos seus actos.

O Burkina Faso devia ir a eleições já no próximo dia 11 de Outubro, um escrutínio que deveria colocar um ponto final na crise política que se vive no país desde o afastamento de Blaise Compaoré que queria candidatar-se a um terceiro mandato.

O Conselho Nacional de Transição tinha decidido que os partidos com ligações ao ex- chefe de Estado Blaise Compaoré não se poderiam apresentar netas eleições gerais.