Luanda - Dez membros do auto-denominado Movimento Revolucionário foram detidos nesta quinta-feira, 17, em Benguela, momentos antes do início de uma manifestação autorizada pelo Governo da província.

*João Marcos
Fonte: VOA

A Polícia soltou cães e cavalos para travar o avanço de cerca de 500 cidadãos, incluindo mototaxistas, que se preparavam para exigir a libertação dos 15 e transparência na governação.


O Executivo de Isaac dos Anjos até chegou a definir um percurso, mas o certo é que os manifestantes foram surpreendidos pelo aparato de segurança montado na escola Comandante Kassanji, de onde deveria ter partido a marcha.

O clima de tensão, vivido poucas horas após um apelo à paz, feito pelo governador Isaac dos Anjos, resume-se, para lá da detenção dos jovens, em confrontos entre agentes da Polícia e manifestantes.

No local de concentração, vários cidadãos ensaiavam palavras de ordem para uma marcha que deveria ter terminado no Largo da Peça, a cinco quilómetros de distância.

Apelos à liberdade de expressão, ao fim da má gestão dos recursos públicos e à libertação dos jovens detidos em Luanda ficaram pelo liceu, uma vez que, surpreendentemente, a manifestação acabaria abortada.

Daí a agitação, com confrontos entre manifestantes e agentes da Polícia.

"Estamos a ser agredidos pelo Polícia, principalmente eu, João Ngumbe. O Comandante Kundy está a cometer actos que não estão na lei, isso não se faz. Mas não vamos parar, estamos a prometer", disse um dos manifestantes.

O jurista Francisco Viena, mediador do diálogo entre o autodenominado Movimento Revolucionário e a Polícia, fala de detenções arbitrárias e promete trabalhar para a libertação dos jovens.

"Estamos num Estado policial, são manifestações arbitrárias. Surpreendentemente, hoje o comandante Mota vem dizer que não se pode realizar a marcha por causa do 17 de Setembro", afirma o advogado, para quem a lei não define datas.

"Mesmo que fosse no dia da Independência, os jovens podiam manifestar-se, isto é exercício de cidadania", disse Viena.

No local, o chefe da Ordem Pública, Carlos Mota, optou por não prestar declarações, limitando-se a referir que se encontrava em defesa dos interesses do Estado