Luanda - De um tempo a esta parte, fundamentalmente nos últimos meses, tenho observado uma relação amorosa (NAMORO), cada vez mais íntima e crescente entre o LIXO, a CRIMINALIDADE e a POBREZA em Angola, particularmente em Luanda. Sei que em todo lado existe LIXO, CRIMES, POBREZA, etc. Mas o nosso caso é preocupante, pois ESTÃO TODOS NO MESMO SÍTIO e, esses não deviam coabitar.

Fonte: Club-k.net

É frequente o aumento do LIXO: de cada 500 em 500 metros, em média, encontra-se pelas avenidas, ruas e becos de Luanda um amontoado de lixo que, além de perigar a saúde do pacato cidadão, contribuem para a má imagem que temos vindo a passar sobre a real Angola (para quem o vê com olhos de ver), e tem sido um contributo significativo para o congestionamento. Nalgumas zonas, o Lixo assalta as estradas e vence a batalha com os becos, ficando muitos deles derrotados e na intransitabilidade. “Luanda está a cheirar mal”, é bom que se diga isso, em abono da verdade.

A CRIMINALIDADE é outro parceiro do Lixo (não sabendo-se neste caso quem é o macho, contudo fiquemos pelo Lixo, devido a força do género): os assaltantes sofisticaram as técnicas e apetrecharam os equipamentos para dar sequência, sem grandes transtornos, as suas acções. Nesta manhã, por exemplo e isso já é frequente, unfortunatly, um grupo assaltou uma cantina e para o acto, utilizaram uma “rebarbadora” (um instrumento utilizado pelos serralheiros para o corte de ferros) para destruir os gradeamentos e penetrar no interior da cantina. Outro dia, noutra rua, um grupo assaltou um quintal e faziam-se acompanhar de um TPA (Terminal de Pagamentos Automáticos – vulgo Multibanco) e obrigavam os reféns/assaltados a passarem os seus Cartões e descontar todos os seus já poucos recursos/dinheiros que guardavam nos bancos. No mesmo assalto, uma jovem foi violada por, ser muito “achada”, segundo fontes que estiveram presentes.

Por outro lado, esta a companheira deles, a POBREZA (uma herança deixada pelos nossos avós aos nossos pais e estes, por ser transitável, estão deixando para nós): além de ser já uma crónica, a pobreza continua a ceifar vidas lentamente. É uma realidade que, além de ser indiscutível, é cada vez mais acentuada na medida em que sobem os preços dos bens, diminui a capacidade de compra e, o salário é estático. Mas ainda que não fosse, boa porção da população é desempregada, com realce aos jovens. Uma porrada de idosos/adultos reformados não recebem subsídios (minha mãe foi Antiga Guerrilheira nas Matas de Nambunagongo/1961 em diante, mas nem se quer um centavo recebeu por isso). E os que encaram outros meios de subsistência (vendedores, taxistas, trabalhadores, etc.), são caçados diariamente com diferentes metodologias. Outro dia, vinha eu do Bengo-Caxito e, nas imediações entre a AGOSMIL e a Ponte da Via Expressa Cacuaco-Benfica, ali nos prédios Cor-de-rosa, acompanhei (vi) um agente da PN que desceu de uma patrulha, foi até aquelas senhoras que ali comercializam Quissangua, Pinchos Refrigerantes, etc., correu-as e por não as ter apanhado, partiu os baldes, as cadeiras e panelas com um punhal que o mesmo transportava. Logo pensei: OKO, ESSE AGENTE ESTÁ MESMO A TRABALHAR, AH POIS, SÃO ORDENS SUPERIORES e na vida militar, as ordens são para serem cumpridas. Em suma, os Taxistas agora são-lhes vedados o acesso às principais praças públicas, como no S.Paulo, etc. e tantos outros casos que, “deixa mbora assim”.

Este NAMORO (Lixo-Crime-Pobreza) tem tido maior espaço e destaque do que as próprias políticas públicas, pelo que urge a necessidade de se chamar atenção às entidades deste país, incluindo nós (população - cidadãos) a fazer-se uma reflexão seria sobre o actual quadro deste namorico e, começar-se a preparar num GOLPE MESTRE CONTRA ESSE TRIO. Imagine que, neste namoro nasça a ideia de PEDIDO E QUIÇÁ, CASAMENTO? A situação é constrangedora e estamos a nos tornar num povo SUJO-VIOLENTO-POBRE. Que Deus nos acuda.

Porquanto:

-Lixo (problema): capitalismo exagerado (causa);

-Crime (problema: Pobreza (causa);

-Pobreza (problema): Má gestão do erário público, falta de transparência, patriotismo, individualismo, falta de humanidade (causas).

Ora, a solução para tais problemas não estão nos gabinetes, numa única cabeça, num único grupo: Está nas famílias angolanas tal como as consequências imediatas que afectam as mesmas.

"O que não precisamos"

- Não precisamos relatórios;

-não precisamos de programas que nos mostram o quanto estamos bem; -não precisamos usar cores político-partidárias para solucionar;

- Não precisamos fingir trabalho;

- Não precisamos correr zungueiras e taxistas quando nos dá na telha; Obs. Há tantos "não precisamos" que, ficaria sem tempo e sem espaço.

"Precisamos"

-Amar Angola e os Angolanos;

-Ser mais social do que político;

-Aplicar os princípios e praticar a Democracia;

- Liberar a liberdade de expressão;

-Não acusar de golpista quem nos critica, ingerência;

- Descentralização político e administrativa assim como das instituições da comunicação social;

Obs. Precisamos pensar com a cabeça e não com estômago!

Contudo, escrevi estas linhas enquanto mais um DUTOLOGO (pois os actuais têm um sucesso e ascensão que inveja à todos), sendo certo que não tenho nenhuma formação específica para estudar a LIXOLOGIA, a CRIMINOLOGIA, muito menos a POBREOLOGIA, mas foi com base nas observações, situações e constatações das quais, além de ser um actor, sou vítima, assim como todos o somos. “É O NOSSO FUTURO, DOS NOSSOS FILHOS, NETOS E BISNETOS QUE ESTÁ EM RISCO”. Exijamo-nos Dignidade!

By: Malunda Ntchima, in O NAMORO DO CRIMELIXOBREZA