Lisboa - Estão a ser dados como correctos, antigos rumores segundo as quais a censura que a Rádio Eclésia passou a fazer desde a véspera das eleições de 2012, acentuou-se na sequencia de um acordo firmado entre o seu diretor Padre Quintino Kandandji e o regime angolano, nos termos do qual a emissora Católica passou  a beneficiar de um financiamento do suposto "saco azul".

Fonte: Club-k.net

Em troca de mudança da linha editorial 

A evidencia do assunto, está plasmada numa comunicação interna, datada de 29 de Setembro, que o Club-K teve acesso, na qual o Director-Geral, Padre Quintino Kandanji assume o apoio  financeiro que tem recebido do regime e por outro lado revela que o assunto é do conhecimento dos Bispos da CEAST- Conferencia Episcopal de Angola e São Tomé.

 

“A Rádio beneficia desde 2012, integrada numa articulação estratégica de assistência subsidiaria, uma ajuda orçamental para o seu desempenho. O facto é do conhecimento dos bispos que acompanham o desenvolvimento da nossa instituição neste capitulo”, le-se na comunicação do padre.

 

Neste período em que o país enfrenta uma crise financeira, o regime  falhou  no compromisso de financiamento a emissora católica pondo os seus funcionários num quadro de atraso de salário. “Neste ano de 2015, este subsidio não nos foi entregue. A pratica da transferência costuma ser no primeiro semestre do ano, pelo que com as nossas poupanças temos conseguido fazer face a todos os encargos de pagamentos que os trabalhadores enviam”, escreveu.

 

De acordo com o padre, “A não transparência desde subsidio obrigou-nos ao esgotamento das nossas poupanças e esta a provocar alguns embaraços administrativos”.

 

Contudo, o padre-Director  mostra-se confiante que os seus amigos do regime, não o deixarão cair e que ainda este ano irão cumprir com as suas obrigações de financiarem a emissora por ele dirigida. “O órgão do Estado que tutela esta relação para este subsidio é idôneo e garante que vai cumprir esta obrigação para o presente ano de 2015”

 

A Rádio Eclésia foi durante muito anos uma emissora ao serviço da Igreja Católica e que se estendia ao cidadão desfavorecido. Com a nomeação do Padre Quintino Kandanji a rádio alterou a sua linha editorial e ao mesmo tempo circularam rumores de que o sacerdote  estaria a se aproximar ao regime tendo com interlocutor principal, Aldemiro Vaz da Conceição, da Presidência da República.

 

As desconfianças de eventuais alianças entre o diretor da radio eclésia  e o regime começaram a ser sentidas quando o Padre Kandanji começou a censurar noticias que davam conta de agentes da polícia nacional  que reprimiam  jovens por se manifestarem contra o longo consulado do Presidente José Eduardo dos Santos. Ao mesmo tempo, alterou-se a linha editorial e as noticias sobre a oposição deixaram de ser passadas como também deixaram de convidar nos seus debates algumas vozes criticas como o general Abílio Kamalata Numa, da UNITA, e Doutor Nelson Pestana “Bonavena” do Bloco Democrático, por terem criticado o Presidente JES.

 

As referidas desconfianças sobre o novo diretor da Eclésia agravaram-se ainda mais quando o mesmo pois termo aos programas de educação cívica e cidadania promovidos pela sociedade civil (AJPD, NCC, Mãos Livres) e que eram financiados pela Fundação “Open Society”. Na altura, o Padre comunicou a “Open Society” sobre o fim dos programas e ao mesmo tempo, não só prometeu como devolveu os fundos que esta fundação baseada em Luanda, teria pago para os programas das ONG nacionais atrás citadas.

 

Por altura das eleições de 2012, a Radio Eclésia teria mudado totalmente de linha editorial. Uma corrente de Bispos geralmente conotada ao regime deixou de exigir a extensão do sinal em todo território nacional, e por outro lado, houve  informações que o seu diretor Padre Kandanji estaria a gerir pessoalmente um fundo dado pelo regime através de uma conta no Banco Internacional de Credito (BIC).

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