Luanda - José Eduardo dos Santos alegou “indisponibilidade momentânea” para não fazer o discurso de abertura da Assembleia Nacional em Luanda, esta quinta-feira, e foi substituído por Manuel Vicente, que deixou mensagens para o exterior e defendeu que a situação política de Angola “é estável"

Fonte: Expresso

"Há entidades estrangeiras interessadas em instalar o caos e a desordem nalguns países do nosso continente para provocar a queda de partidos políticos ou de dirigentes com os quais não simpatizam. Os angolanos nunca vão ceder perante quem quer que seja, sempre que se tratar da defesa dos interesses essenciais e vitais", afirmou Manuel Vicente, vice-presidente de Angola, na abertura da quarta sessão da terceira legislatura da Assembleia Geral.

Manuel Vicente, ex-presidente da Sonangol, substituiu José Eduardo dos Santos, o presidente de Angola, que seria quem iria discursar, como é habitual. "Indisponibilidade momentânea" foi a razão avançada pela Casa Civil do Presidente da República de Angola para justificar a ausência de José Eduardo dos Santos esta quinta-feira para proferir o discurso sobre o Estado da Nação.

Angola tem eleições dentro de cerca de dois anos e Manuel Vicente fez questão de passar uma mensagem de tranquilidade, numa altura em que em Luanda e Lisboa se fazem manifestações e vigílias de apoio aos 15 ativistas angolanos detidos desde junho, na capital, acusados de quererem derrubar o governo. "Neste momento, convém sublinhar que a situação política do nosso país é estável. Registamos por isso com satisfação que, na generalidade, tem havido o cumprimento dos preceitos constitucionais e da lei", lê-se no discurso. E prossegue: "As entidades competentes estão vigilantes e têm tomado as providências necessárias para se evitarem ou repararem todos os atos que significam abusos de poder, violação dos direitos humanos ou do ordenamento jurídico".

CORTES DE 50% NA DESPESA DO ESTADO

Manuel Vicente admite que em 2015 a estabilidade da economia angolana tem sido perturbada pela incerteza internacional e a descida abrupta do preço de petróleo, que está 55% abaixo do valor registado no início de 2014. Foi isto que, defende, justificou "um corte de 50% na despesa corrente do Estado e de 53% no investimento público".

As projeções do governo angolano para o crescimento do PIB, adiantou o governante, são de 4%, com o sector petrolífero a crescer 7,8%, devido ao aumento da produção, e o sector não petrolífero 2,4%. Avançou também que o sector da energia deverá crescer 12%, o da construção 3,5% e o dos diamantes 3,2%.

Angola, disse ainda Manuel Vicente, está a reduzir a sua dependência face à exportação do petróleo, que baixou de 58% do PIB em 2008 para 35% em 2014.

O vice-presidente de Angola falou no seu discurso dos 195 projetos estruturantes de prioridade nacional, centrados no reforço do sistema de abastecimento de água e saneamento, cobertura elétrica do país, plataformas logísticas e, entre outros, redes de estradas, hospitais e escolas, sublinhando que eles estavam a avançar e a melhorar as condições de vida dos angolanos.