Luanda - As autoridades do Ministério das Finanças vão começar na segunda-feira as reuniões nos Estados Unidos e na Europa para o lançamento da primeira emissão de 'eurobonds', até 1,5 mil milhões de dólares.

Fonte: Lusa

De acordo com a agência Bloomberg, as reuniões começam na segunda-feira, num 'road-show' que está a ser preparado pelo Deutsche Bank, Goldman Sachs e pelo Bank of China, com o objetivo de angariar até 1,5 mil milhões de dólares nos mercados internacionais.


Na quinta-feira, a Lusa já tinha noticiado que Angola tinha avançado na bolsa de Londres com uma operação inédita de emissão de títulos de dívida soberana no mercado financeiro internacional, em moeda estrangeira, para captar até 1,3 mil milhões de euros.

De acordo com informação divulgada pelo Ministério das Finanças, esta operação, na forma de 'eurobonds' - uma emissão de títulos de dívida pública em moeda diferente daquela usada no país do emissor -, surge ao abrigo da política de gestão de finanças públicas do executivo angolano, no âmbito do "programa de desenvolvimento económico e financeiro de longo prazo".

A mesma informação, a que a Lusa teve acesso, justifica que esta operação "coroa os esforços iniciados em 2011", quando o recurso às fontes de financiamento tradicionais, como bilateral, comercial e linhas de crédito, "mostrava já alguma concentração", algo que "não é recomendável" do ponto de vista da gestão dos riscos e dos custos associados.

A situação, por "aumentar a exposição do país a um determinado financiador", levou o Governo a procurar "fontes de financiamento alternativas".

Este processo - o lançamento chegou a ser anunciado para setembro, mas ficou suspenso devido às condições de mercado - foi conduzido, através de uma carta-mandato emitida pelo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, conforme a Lusa noticiou anteriormente, pelos bancos Goldman Sachs International, Deutsche Bank e Industrial and Commercial Bank of China (ICBC), que atuaram como "agentes em representação da República de Angola nas emissões soberanas que o país hoje realiza".

Angola vive uma crise financeira, económica e cambial, decorrente da quebra das receitas com a exportação de petróleo, com o Governo a estimar para este ano necessidades de financiamento superior a 20 mil milhões de dólares (18 mil milhões de euros).

Esta operação de emissão de títulos de dívida soberana tem a particularidade de ser feita em moeda estrangeira, com o próprio ministério liderado por Armando Manuel a admitir que permitirá, além da "diversificação das fontes de financiamento externo" da dívida nacional, contribuir para o "possível crescimento" das reservas internacionais do país.

"Uma emissão de títulos internacional pode ajudar a aumentar a entrada de capital estrangeiro e logo o incremento de reservas internacionais", afirma.

Enfatizando o sucesso em levar a operação até ao lançamento, o Governo angolano recorda que o país "tem a oportunidade de lançar as bases para o estabelecimento de relações de longo prazo com os investidores internacionais em todos os principais centros financeiros do mundo", o que poderá ter um "impacto positivo" na avaliação das agências de 'rating' sobre a dívida soberana angolana, que está sob pressão devido à crise no preço das matérias-primas.

O Ministério das Finanças conclui afirmando que "ficou patente que Angola poderia beneficiar enormemente da emissão soberana nos mercados internacionais", por diversificar fontes de financiamento externo, "mas também porque constatou-se que devido aos sensíveis progressos sociais, políticos e económicos que o país obteve desde o fim do conflito armado, seria grande a apetência dos investidores europeus e americanos por investir em ativos que o Estado angolano viesse a emitir".